Sem olavistas e monarquistas, novo governo prepara reforma no Itamaraty

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva inicia uma verdadeira faxina no Itamaraty e a escolha de pessoas de confiança e diplomatas experientes para liderar uma transformação profunda na política externa do país.
A promessa do chanceler Mauro Vieira é de que não haverá caça às bruxas. Mas a decisão é de colocar, nos cargos mais estratégicos da diplomacia, embaixadores afinados com a postura do novo governo, inclusive ex-ministros do governo de Dilma Rousseff.
Saem de cena olavistas e monarquistas que, durante a gestão de Ernesto Araújo, tinham ganhado espaço e até influência na agenda do Itamaraty. Já foram ainda exonerados embaixadores que foram abraçados pelo bolsonarismo, como no caso de Washington e Nova York.
Esforços ainda foram solicitados para que haja uma maior participação de embaixadoras em postos de grande peso político.
Enquanto as decisões finais sobre os nomes não são tomadas, circula já pelos corredores da chancelaria uma lista extra oficial dos potenciais escolhidos para assumir funções de chefia no Itamaraty e em postos pelo mundo.
Com 40% dos cargos em mãos de mulheres, a lista ainda não definitiva revela uma possível nova composição do Itamaraty:
Secretaria de América Latina e Caribe: Gisela Padovan
Secretaria de Europa e América do Norte: Maria Luisa Escorel
Secretaria de África e de Oriente Médio: Carlos Duarte
Secretaria de Ásia e Pacífico: Eduardo Saboia
Secretaria de Assuntos Econômicos e Financeiros: Mauricio Lyrio
Secretaria de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura: Rodrigo Azeredo
Secretaria de Comunidades Brasileiras e Assuntos Consulares e Jurídicos: Leonardo Gorgulho
Secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente: André Corrêa do Lago
Secretaria de Gestão Administrativa: Fátima Ishitani
Secretaria de Assuntos multilaterais políticos: Glivânia Oliveira
No que se refere às principais embaixadas e missões, algumas delas já começam a ser preenchidas. Nesta semana, o Itamaraty anunciou a designação do embaixador Sergio Danese para liderar a representação do Brasil na ONU, em Nova York.
Faltando poucas semanas para terminar o governo Bolsonaro, o Itamaraty tentou emplacar a escolha de aliados para algumas das embaixadas no exterior. Mas o processo foi suspenso por Mauro Vieira, que deixou claro que queria escolher seus próprios nomes.
Numa lista preliminar, o Itamaraty estaria considerando indicar uma mulher para a embaixada do Brasil nos EUA, assim como uma mudança em Israel, Paris e Londres. Haia, onde Bolsonaro é denunciado no Tribunal Penal Internacional, também contaria com um embaixador escolhido pela nova gestão:
Washington - Maria Luiza Viotti
Londres - Antonio Patriota
Paris - Ricardo Neiva Tavares
Tel Aviv - Fred Meyer
Panamá - Adriano Pucci
Haia - Fernando Simas
Doha - Fernando Pimentel
Camberra - Ronaldo Costa
Vaticano - Everton Vargas
Rabat - Irene Vida Gala
Carlos França, o último chanceler de Bolsonaro, deve assumir a embaixada do Brasil em Ottawa. Já Ernesto Araújo, duramente criticado pelos colegas, pediu um afastamento e hoje mora nos EUA, onde sua mulher trabalha como diplomata brasileira.
O Ministério da Saúde declarou Emergência em Saúde Pública de
Importância Nacional para combate à desassistência sanitária dos povos
que vivem no território indígena Yanomami, em Roraims. A portaria foi
publicada na noite desta sexta-feira (20) em edição extra do Diário
Oficial da União.
A pasta também instalou o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE – Yanomami), que estará sob responsabilidade da Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), e anunciou o envio imediato de cestas básicas, insumos e medicamentos.
Entre outros, o comitê será o responsável por coordenar as medidas a serem empregadas durante o estado de emergência, incluindo a mobilização de recursos para o restabelecimento dos serviços de saúde e a articulação com os gestores estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde.
Desde a última segunda-feira (16), equipes do Ministério da Saúde se encontram no território indígena Yanomami. A região tem mais de 30,4 mil habitantes. “O grupo se deparou com crianças e idosos em estado grave de saúde, com desnutrição grave, além de muitos casos de malária, infecção respiratória aguda (IRA) e outros agravos”, informou a pasta.
As equipes devem apresentar um levantamento completo sobre a crítica situação de saúde dos indígenas. A terra indígena Yanomami é a maior do país, em extensão territorial, e sofre com a invasão de garimpeiros. O povo da região vive uma crise sanitária que já resultou na morte de 570 crianças por desnutrição e causas evitáveis, nos últimos anos.
Levantamento feito pelo Ministério da Saúde registrou três óbitos de crianças indígenas nas comunidades Keta, Kuniama e Lajahu entre 24 e 27 de dezembro de 2022. No ano de 2022, foram registrados 11.530 casos confirmados de malária na terra Yanomami.
Neste sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros de Estado visitam Roraima, para ver de perto a situação dos indígenas. Também na noite de ontem (20), Lula institui o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das Populações em Território Yanomami. O objetivo do grupo é discutir as medidas a serem adotadas e auxiliar na articulação interpoderes e interfederativa.
(*)com informação da Agência Brasil