Retrospectiva: os principais fatos da política cearense em 2025
Situado entre dois anos eleitorais, 2025 foi marcado por movimentações que redesenharam o cenário político no Ceará. O novo pleito de 2026 vai definir as próximas gestões dos governos federal e estadual, além dos representantes do Ceará em Assembleia Legislativa, Câmara Federal e Senado.
Até o seu final, o presente ano segue com fatos políticos que resultam de articulações que miram as eleições seguintes. Dos embates entre governo e oposição, dos movimentos das lideranças e partidos políticos, confira a seguir uma lista feita pelo O Estado com alguns dos principais fatos da política cearense em 2025 e que deverão ter desdobramentos em 2026.
Governo Elmano amplia base
Em 2025 o governador Elmano de Freitas (PT) conseguiu ampliar a sua base política, com mais partidos garantindo apoiar sua reeleição.
Um caso de destaque é o PDT. Em junho, a legenda, liderada no estado pelo deputado federal André Figueiredo, anunciou a adesão à base de Elmano, retomando a aliança com o PT depois do rompimento em 2022. A aliança foi consagrada no início de novembro, em convenção estadual do PDT, que contou com a participação dos presidentes nacional, Carlos Lupi, e estadual, André Figueiredo, do partido, além do governador e do prefeito Evandro Leitão (PT).
Apesar disso, os quatro deputados estaduais do PDT permanecem na oposição. Eles devem deixar a sigla na janela partidária de 2026.
Outro partido na mira do PT do Ceará é o União Brasil, atualmente comandado no estado pelo ex-deputado Capitão Wagner. O próprio governador admite conversas para atrair o partido para a sua base e, consequentemente, a União Progressista (UPB), a maior federação partidária do país, formada por União e PP. Aliados de Elmano atuam para levar União e UPB para a base do governo. Nesse sentido, a presidência da federação é estratégica e deve ser anunciada no início de 2026.
Com Cid, PSB reforça protagonismo
Com a liderança do senador Cid Gomes, o PSB do Ceará ampliou ainda mais o protagonismo neste ano. Se o partido terminou 2024 vitorioso, com a eleição de 65 prefeitos, em 2025 essa força foi ampliada. Em fevereiro, doze deputados estaduais se filiaram à sigla socialista, incluindo o presidente da Assembleia Legislativa, Romeu Aldigueri.
Em outubro, outro reforço: a filiação do ex-prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves, e mais sete prefeitos de cidades cearenses. Com isso, o PSB atingiu a marca de 73 prefeituras, quase 40% do total.
Com Cid na liderança, a próxima meta é clara: expandir essa força aos Legislativos, atingindo as maiores bancadas na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados em 2026, além de eleger um nome para o Senado.
Aliado importante do governador Elmano, o PSB tem a vaga praticamente dada como certa, mas o nome ainda é um impasse. Apesar da indicação do deputado federal Júnior Mano (PSB) por Cid, aliados defendem que o atual senador seja candidato à reeleição.
Oposição ensaia aliança, que recua
Em uma iniciativa de deputados estaduais, a oposição do Ceará ensaiou uma aliança de olho nas eleições de 2026. A articulação envolveu parlamentares do PDT, União Brasil, PL, além de PSDB e Avante. O grupo começou a se reunir semanalmente na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) com a pretensão de discutir os problemas do estado reunindo especialistas e políticos.
Esse movimento ocorreu depois da aproximação entre os líderes desse grupo desde 2024, sendo eles, Capitão Wagner (União); o ex-prefeito Roberto Cláudio, agora filiado ao União Brasil, e o deputado federal André Fernandes (PL).
Em maio, o convidado do encontro foi Ciro Gomes. O momento marcou o começo de uma campanha para o ex-governador disputar de novo o Governo do Ceará.
Apesar da unidade do grupo, o movimento foi abalado em novembro quando Michelle Bolsonaro (PL) criticou publicamente a aliança da direita do Ceará (ou parte dela) com Ciro e cobrou apoio ao senador Eduardo Girão (Novo) na disputa pelo Governo do Estado.
O movimento da ex-primeira-dama fez o PL se afastar desse grupo. Mesmo assim, apoiadores de Ciro seguem defendendo que ele é o nome mais forte na oposição e que poderá ser candidato mesmo sem apoio do PL.
Ciro e RC mudam de partidos
Após muita movimentação de bastidor e especulação, o ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes confirmou a saída do PDT e voltou ao PSDB, em uma articulação que passou pelo ex-senador Tasso Jereissati (PSDB). O movimento ocorreu após aproximação entre PDT e PT no Ceará.
Ciro voltou ao ninho tucano com a promessa de ajudar a reerguer o PSDB, assumindo a presidência estadual da agremiação partidária. Porém, a missão mais esperada por seus aliados é outra: liderar a oposição do Ceará e ser candidato a governador no ano que vem.
O ato de filiação, em outubro, animou a oposição de todo o estado, que compareceu em peso ao evento. No entanto, apesar de dar sinais públicos de uma candidatura, Ciro ainda não confirmou se vai mesmo disputar de novo o Palácio da Abolição.
Quem também mudou de partido e é cotado para a disputa pelo Governo do Estado é Roberto Cláudio, agora no União Brasil. RC já recebeu declarações de apoio de Ciro para disputar o Palácio da Abolição, mesmo com o favoritismo do tucano. O ex-prefeito também é cotado para disputar uma vaga no Senado ou na Câmara Federal.
Segurança pública tensiona governo
A segurança pública continua sendo o maior desafio para o governador Elmano de Freitas. Mesmo com o anúncio de novas medidas para o combate às facções, o avanço dessas organizações criminosas ainda assusta a população e gera duras críticas da oposição.
Em um único mês, em setembro, o Ceará vivenciou dois episódios que chocaram o país. Primeiro, as queimas de fogos ordenadas por líderes de facções na Região Metropolitana de Fortaleza. Depois, um ataque a tiros em uma escola de Sobral que matou dois jovens e deixou três feridos, cuja motivação foi o conflito entre facções.
Outras questões também têm gerado tensão política, como mudanças em hospitais estaduais. O caso mais recente envolve o Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC). Após o incêndio, o equipamento segue sem previsão de regularização das atividades. A oposição acusa o governo de querer fechar a unidade, o que é negado pela gestão.
Polêmicas no meio ambiente também tem marcado o governo Elmano, mas com críticas por parte da esquerda. Questões como o Data Center do TikTok em Caucaia e a obra no terreno do Aeroporto de Fortaleza são alguns exemplos.



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