Em pronunciamento de dez minutos em cadeia nacional de rádio e
televisão nesta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff afirmou que irá
convidar governadores e prefeitos de todo país para "somar esforços" e
discutir um pacto para a melhoria dos serviços públicos nas áreas de
saúde, educação e transporte. "Vou convidar os governadores e os
prefeitos das principais cidades do país para grande pacto em torno da
melhoria dos serviços públicos."
O pacto, segundo a presidente, terá três focos: um Plano Nacional de
Mobilidade Urbana para privilegiar o transporte coletivo; a destinação
de 100% dos royalties do petróleo para a educação e trazer "de imediato
milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do SUS
(Sistema Único de Saúde)".
O pronunciamento de hoje da presidente acontece após uma série de
reuniões com ministros no Palácio do Planalto nesta sexta. A fala foi
gravada durante a tarde e teve duração de 10 minutos.
No início do pronunciamento, a presidente comentou a onda de protestos
que levou, só ontem, mais de 1 milhão de pessoas às ruas do país. "Se
aproveitarmos bem o impulso desta nova energia política, poderemos
fazer, melhor e mais rápido, muita coisa que o Brasil ainda não
conseguiu realizar por causa de limitações políticas e econômicas."
Dilma criticou, no entanto,
a violência de "minorias autoritárias" em alguns dos protestos. "O
governo e a sociedade não podem aceitar que uma minoria violenta e
autoritária destrua o patrimônio público e privado, ataque templos,
incendeie carros, apedreje ônibus e tente levar o caos aos nossos
principais centros urbanos."
Ela pediu que os manifestantes façam seus protestos de maneira
"pacífica e ordeira". "Os manifestantes têm o direito e a liberdade de
questionar e criticar tudo. (...) Mas precisam fazer isso de forma
pacífica e ordeira."
"O governo e a sociedade não podem aceitar que uma minoria violenta e
autoritária destrua o patrimônio público e privado, ataque templos,
incendeie carros, apedreje ônibus e tente levar o caos aos nossos
principais centros urbanos", completou.
"Não podemos conviver com essa violência que envergonha o Brasil. Asseguro a vocês: vamos manter a ordem."
Copa do Mundo
A presidente também usou parte do pronunciamento para falar sobre a
Copa do Mundo de 2014, um dos focos de protesto dos manifestantes.
"Em relação à Copa, quero esclarecer que o dinheiro do governo federal,
gasto com arenas, é fruto de financiamento que será devidamente pago
pelas empresas e governos que estão explorando estes estádios."
"Jamais permitiria que esses recursos saíssem do orçamento público
federal, prejudicando setores prioritários como a saúde e a educação."
Ela pediu que
os brasileiros sejam hospitaleiros com os visitantes que devem vir ao país para o evento. "Precisamos
dar aos nossos povos irmãos a mesma acolhida generosa que recebemos
deles. Respeito, carinho e alegria. É assim que devemos tratar os nossos
hóspedes."
Nota e discurso
Em discurso, Dilma elogia manifestantes
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Em discurso em cerimônia no Planalto na terça (18), a presidente
disse que o Brasil "acordou mais forte" depois dos protestos
Além do pronunciamento de hoje, a presidente havia se manifestado em público outras duas vezes sobre os protestos.
A primeira foi em
nota oficial na segunda-feira (17), em que disse apoiar as manifestações, desde que pacíficas.
Em seguida,
na última terça (18), Dilma disse, em discurso lido em cerimônia no Palácio do Planalto,
que o Brasil "acordou mais forte" depois dos protestos. elogiou os
manifestantes, a polícia, por não ter cometido excessos, e fez um
autoelogio ao seu governo, que, segundo a presidente, "está ouvindo
essas vozes por mudanças".
No pronunciamento de hoje, Dilma repetiu trechos do discurso, como a
parte em que falou que a sua geração batalhou muito pelo direito de se
manifestar.
Dilma também voltou a dizer que seu governo está ouvindo a população.
"Eu quero repetir que o meu governo está ouvindo as vozes democráticas
que pedem mudança. Eu quero dizer a vocês que foram, pacificamente, às
ruas: Eu estou ouvindo vocês! E não vou transigir com a violência e a
arruaça. Será sempre em paz, com liberdade e democracia que vamos
continuar construindo juntos este nosso grande país."