Contato

Aniversariantes


Domingo, 28 de julho
Segunda, 29 de julho
Quarta, 31 de julho

Opinião

Somos chamados a crer

Mauro Santayana
O que o papa vem dizendo em público — e ele falou de forma descontraída com os jornalistas, enquanto voava rumo ao Rio — é simples. O hedonismo, o amor ao dinheiro e ao lucro, o desperdício, estão sepultando a História. Ao perder seu passado, o homem perde o seu futuro. Há, em nosso tempo, e com a dissolução da família, o desprezo pelos jovens e pelos velhos.
Os robôs, como se sabe,  substituem os moços, nos processos industriais que produzem para o descarte e o desperdício. Os velhos são vistos como trastes imprestáveis, que necessitam de cuidados caros. Mas, conforme o papa, de sua experiência e saber depende a sobrevivência de todos.
A situação é ainda mais grave do que em 1962, quando se reuniu o Concílio do Vaticano II, convocado pelo cardeal Roncalli. O novo pontífice substituía Pio XII, acusado de haver sido protetor de Hitler em seu tempo de arcebispo de Munique — ao contrário de seu antecessor, Pio XI, que mandou apagar as luzes do Vaticano na noite em que o ditador alemão pernoitou em Roma.
Roncalli era um homem de fé e simples em sua vida pessoal — um traço em comum com o argentino Bergoglio — disposto a restaurar alguns princípios cristãos, abandonados pela Igreja ao longo dos séculos. Infelizmente, a sua influência, ainda que poderosa, sobre o Concílio, durou pouco. Tendo aberto o encontro em 11 de outubro, morreu menos de um ano depois, em 3 de junho do ano seguinte.
É interessante cotejar a pregação do pontífice com as declarações do presidente do Banco Mundial, o sul-coreano Jim Jong Kim, que defende, com veemência, a globalização neoliberal e os cortes nos orçamentos sociais dos Estados. Isso, ao mesmo tempo em que a Security and Exchange Comission norte-americana autoriza os bancos a comprarem, estocarem e venderem mercadorias como o alumínio, o cobre, o ouro e outros metais. Os bancos passam, assim, a exercer o monopólio mundial dos metais, ditando os preços ao seu arbítrio.
Já podemos prever o destino do mundo, se não ouvirmos a mensagem cristã, que Francisco reafirma nesta sua viagem ao Brasil, depois de haver visitado o porto de Lampedusa, porta de entrada, na Europa, dos flagelados pela miséria na África, que  chegam em botes frágeis. O papa deixou claro, ali,  que não há fronteiras diante do direito à vida.
Reagir, enquanto é tempo, e em todos os lugares do mundo, é a única forma de salvar a espécie.

Mauro Santayana é jornalista e meu amigo. 

Cuba: a caminho do cansaço


Entrega serena do poder 


O ditador interino de Cuba Raúl Castro afirmou que a passagem do poder na pobre ilha comunista para novas gerações já começou “com tranquilidade e serena confiança”. Ele falou em Santiago de Cuba, cidade na qua em 26 de julho de 1953 ele e um bando liderado pelo seu irmão Fidel Castro atacaram o Quartel de Moncada, um fiasco, mas tido como marco da “revolução” que seis anos depois, em 1959 derrubou a outra ditadura, de Fulgêncio Batista.



Raúl Castro deu uma “direção” para o que entende ser “entrega serena” do poder na pobre ilha comunista, citando o atual vice-presidente Miguel Diaz-Canel, de 53 anos, à frente do"processo de transferência paulatina e ordenada às novas gerações" da "direção na nação". Desde fevereiro o gajo é o primeiro na linha de sucessão da ditadura. Da cerimônia participaram os presidentes Nicolás Maduro (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e José Mujica (Uruguai), a nata do rebostalho comunista sulamericano. O ditador licenciado Fidel Castro, que completa 87 em agosto e está em franca decomposição, não foi ao evento.

Frases marcantes de Francisco na passagem pelo Brasil

"Deus é brasileiro e vocês queriam um papa? "
ainda no voo para o Brasil, brincando com jornalistas
"Queria bater em cada porta, dizer 'bom dia', pedir um copo de água, beber um cafezinho, e não um copo de cachaça"
arrancando risadas da público em Manguinhos
"Estou fazendo como você falou: não estou respeitando as regras e fazendo a maior bagunça"
em conversa bem-humorada com o "professor" Paes, prefeito do Rio
"Não é deixando livre o uso das drogas que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química"
condenando propostas de legalização das drogas
"Saiam às ruas como fez Jesus"
pedido feito pelo papa aos jovens em seu discurso na praia de Copacabana no sábado
"Jesus nos oferece algo muito superior que a Copa do Mundo!"
fala de Francisco ao convocar os fiéis a se transformarem em "atletas de Cristo"
"O futuro exige hoje reabilitar a política, uma das formas mais altas de caridade."
disse, de improviso, durante discurso feito à sociedade civil no Theatro Municipal do Rio
"A igreja sabe ainda ser lenta no tempo para ouvir, na paciência para costurar novamente e reconstruir? Ou a própria igreja já se deixa arrastar pelo frenesi da eficiência?"
questionou Francisco durante discurso feito a bispos brasileiros
"Não há lugar para o idoso, nem para o filho indesejado; não há tempo para se deter com o pobre caído à margem da estrada. Às vezes parece que, para alguns, as relações humanas sejam regidas por dois dogmas modernos: eficiência e pragmatismo."
disse Francisco em missa para o clérigo na Catedral Metropolitana do Rio
"Candelária, nunca mais. Violência, nunca mais, só amor"
disse o pontífice em encontro com oito menores infratores no Palácio São Joaquim
"Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química."
afirmou o papa, em discurso no hospital São Francisco de Assis
"Eu quero agito nas dioceses, que vocês saiam às ruas. Eu quero que a Igreja vá para as ruas, eu quero que nós nos defendamos de toda acomodação, imobilidade, clericalismo. Se a Igreja não sai às ruas, se converte em uma ONG. A igreja não pode ser uma ONG"
disse papa, em espanhol, em discurso a argentinos na Catedral Metropolitana do Rio

Deu na Folha

'Lula não vai voltar porque ele não saiu', afirma Dilma

 
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O encontro da presidente Dilma Rousseff com a Folha, na sexta, no Palácio do Planalto, começou tenso. "Minha querida, você tem que desligar o ar-condicionado", dizia ela a uma assessora.
Com febre e faringite, medicada com antibiótico, corticóide e Tylenol, e com "o estômago lascado", ela estava também rouca. Em pouco tempo, relaxou. E passou quase três horas falando sobre manifestações, inflação, PIB e a possibilidade de Lula ser candidato a presidente. Leia abaixo os principais trechos:

Marlene Bergamo/Folhapress
Anterior Próxima
A presidente Dilma Rousseff concede entrevista à Folha em seu gabinete no Palácio do Planalto
*
Folha - As manifestações deixaram jornalistas, sociólogos e governantes perplexos. E a senhora, ficou espantada?
Dilma Rousseff - No discurso que fiz na comemoração dos dez anos do PT, em SP [em maio], eu já dizia que ninguém, ninguém, quando conquista direitos, quer voltar para trás. Democracia gera desejo de mais democracia. Inclusão social exige mais inclusão. Quando a gente, nesses dez anos [de governo do PT], cria condições para milhões de brasileiros ascenderem, eles vão exigir mais. Tivemos uma inclusão quantitativa. Esta aceleração não se deu na qualidade dos serviços públicos. Agora temos de responder também aceleradamente a essas questões.
Mas a senhora não ficou assustada com os protestos?
Não. Como as coisas aconteceram de forma muito rápida, eu acho que todo mundo teve inicialmente uma reação emocional muito forte com a violência [policial], principalmente com a imagem daquela jornalista da Folha [Giuliana Vallone] com o olho furado [por uma bala de borracha]. Foi chocante. Eu tenho neurose com olho. Já aguentei várias coisas na vida. Não sei se aguentaria a cegueira.
Se não fosse presidente, teria ido numa passeata?
Com 65 anos, eu não iria [risos]. Fui a muita passeata, até os 30, 40 anos. Depois disso, você olha o mundo de outro jeito. Sabe que manifestações são muito importantes, mas cada um dá a sua contribuição onde é mais capaz.
O prefeito Fernando Haddad diz que, conhecendo o perfil conservador do Brasil, muitos se preocupam com o rumo que tudo pode tomar.
Eu não acho que o Brasil tem perfil conservador. O povo é lúcido e faz as mudanças de forma constante e cautelosa. Tem um lado de avanço e um lado de conservação. Já me deram o seguinte exemplo: é como um elefante, que vai levantando uma perna de cada vez [risos]. Mas é uma pernona que vai e "poing", coloca lá na frente. Aí levanta a outra. Não galopa como um cavalo. Aí uma pessoa disse: "É, mas tem hora em que ele vira um urso bailarino". Você pode achar que contém a mudança em limites conservadores. Não é verdade. Tem hora em que o povo brasileiro aposta. E aposta pesado.
A senhora teve uma queda grande nas pesquisas.
Não comento pesquisa. Nem quando sobe nem quando desce [puxa a pálpebra inferior com o dedo]. Eu presto atenção. E sei perfeitamente que tudo o que sobe desce, e tudo o que desce sobe.
Mas isso fez ressurgir o movimento "Volta, Lula" em 2014.
Querida, olha, vou te falar uma coisa: eu e o Lula somos indissociáveis. Então esse tipo de coisa, entre nós, não gruda, não cola. Agora, falar volta Lula e tal... Eu acho que o Lula não vai voltar porque ele não foi. Ele não saiu. Ele disse outro dia: "Vou morrer fazendo política. Podem fazer o que quiser. Vou estar velhinho e fazendo política".
Para a Presidência ele não volta nunca mais?
Isso eu não sei, querida. Isso eu não sei.
Ao menos não em 2014.
Esses problemas de sucessão, eu não discuto. Quem não é presidente é que tem que ficar discutindo isso. Agora, eu sou presidente, vou discutir? Eu, não.
Mas o Lula lançou a senhora.
Ele pode lançar, uai.
O fato de usarem o Lula para criticá-la não a incomoda?
Querida, não me incomoda nem um pouquinho. Eu tenho uma relação com o Lula que tá por cima de todas essas pessoas. Não passa por elas, entendeu? Eu tô misturada com o governo dele total. Nós ficamos juntos todos os santos dias, do dia 21 de junho de 2005 [quando ela assumiu a Casa Civil] até ele sair do governo. Temos uma relação de compreensão imediata sobre uma porção de coisas.
Mas ele teria criticado suas reações às manifestações.
Minha querida, ele vivia me criticando. Isso não é novo [risos]. E eu criticava ele. Quer dizer, ele era presidente. Eu não criticava. Eu me queixava, lamentava [risos].
Como a senhora vê um empresário como Emílio Odebrecht falar que quer que o Lula volte com Eduardo Campos de vice?
Uai, ótimo para ele. Vivemos numa democracia. Se ele disse isso, é porque ele quer isso.

Mega sena deu pra gaucho

Uma aposta de Sapucaia do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre (RS), levou sozinha o prêmio de 15.200.594,63 do concurso 1.515 da Mega-Sena, sorteado na noite deste sábado em Caicó (RN). O próximo sorteio, a ser realizado na quarta-feira,  tem valor estimado de 2,5 milhões. Confira as dezenas sorteadas hoje:
 04 - 13 - 14 - 18 - 49 - 59
A quina teve 11 acertadores, que vão ganhar R$ 17.732,26 cada um. Outros 8.567 apostadores fizeram a quadra, e levarão R$ 328,21 cada.

Guerra é guerra

Itamaraty rebate Barbosa e cita programa de bolsas que beneficia afrodescendentes

  • ‘Folha de S.Paulo’ e‘O Estado de S.Paulo’ também responderam a ministro


“Recorda-se, por oportuno, que o Itamaraty mantém programa de ação afirmativa — a Bolsa Prêmio Vocação Para a Diplomacia —, instituída com a finalidade de proporcionar maior igualdade de oportunidades de acesso à carreira de diplomata e de acentuar a diversidade nos quadros da diplomacia brasileira. Lançado em 2002, o programa já concedeu 526 bolsas para 319 bolsistas afrodescendentes. Dezenove ex-bolsistas foram aprovados no Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata e integrados ao Serviço Exterior Brasileiro. As bolsas concedidas têm atualmente o valor anual de R$ 25.000,00 e devem ser utilizadas na compra de materiais de estudo e no pagamento de cursos preparatórios. Esse programa tem melhorado, de forma concreta e decisiva, as possibilidades de ingresso na carreira diplomática por candidatos afrodescendentes”, diz a nota do ministério.
“Ademais, desde 2011, o Ministério das Relações Exteriores adotou reserva de 10% das vagas na primeira fase do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata, com vistas a promover o acesso de candidatos afrodescendentes ao Serviço Exterior Brasileiro”, acrescenta o órgão.
Já a direção do jornal “Folha de S.Paulo”, que para Barbosa atua de maneira intolerante, afirma em nota que “o presidente do STF não desmente nem corrige nenhuma das informações publicadas pela ‘Folha de S.Paulo’, que as reafirma. O ministro Joaquim Barbosa ainda não está acostumado ao cargo, que o expõe ao escrutínio público e reduz sua privacidade.”
Sobre o episódio em que Barbosa sugere a um jornalista de “O Estado de S.Paulo” que chafurdasse no lixo, o jornal, em nota, informou que “a manifestação atual do presidente do STF parece mostrar que seu pedido de desculpas, à época do episódio, foi no mínimo insincero.”
Ainda de acordo com o jornal paulista, “segundo nota oficial emitida pelo Supremo, o ministro Joaquim Barbosa reafirmava “sua crença no importante papel desempenhado pela imprensa em uma democracia” e “seu apego à liberdade de opinião”.

Está no O GLOBO de hoje

Joaquim Barbosa: Brasil não está preparado para um presidente negro

  • Presidente do STF falou com exclusividade à colunista Míriam Leitão


Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal
Foto: Camilla Maia / O Globo
Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal Camilla Maia / O Globo
RIO - Para o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ainda há bolsões de intolerância racial não declarados no Brasil. Ele afirma não ser candidato e diz que seu nome tem aparecido com relevância em pesquisas eleitorais por causa de manifestações espontâneas da população. Segundo ele, que se define politicamente como alguém de inclinação social democrata à europeia, o Brasil precisa gastar melhor seus recursos públicos, com inúmeros setores que podem ser racionalizados ou diminuídos.
O senhor é candidato à presidente da República?
Não. Sou muito realista. Nunca pensei em me envolver em política. Não tenho laços com qualquer partido político. São manifestações espontâneas da população onde quer que eu vá. Pessoas que pedem para que eu me candidate e isso tem se traduzido em percentual de alguma relevância em pesquisas.


As pessoas ficaram com a impressão de que o senhor não cumprimentou a presidente.
Eu não só cumprimentei como conversei longamente com a presidente. Eu estava o tempo todo com ela.
O Brasil está preparado para um presidente da República negro?
Não. Porque acho que ainda há bolsões de intolerância muito fortes e não declarados no Brasil. No momento em que um candidato negro se apresente, esses bolsões se insurgirão de maneira violenta contra esse candidato. Já há sinais disso na mídia. As investidas da “Folha de S.Paulo” contra mim já são um sinal. A “Folha de S.Paulo” expôs meu filho, numa entrevista de emprego. No domingo passado, houve uma violação brutal da minha privacidade. O jornal se achou no direito de expor a compra de um imóvel modesto nos Estados Unidos. Tirei dinheiro da minha conta bancária, enviei o dinheiro por meios legais, previstos na legislação, declarei a compra no Imposto de Renda. Não vejo a mesma exposição da vida privada de pessoas altamente suspeitas da prática de crime.
Como pessoa pública, o senhor não está exposto a todo tipo de pergunta e dúvida dos jornalistas?
Há milhares de pessoas públicas no Brasil. No entanto os jornais não saem por aí expondo a vida privada dessas pessoas públicas. Pegue os últimos dez presidentes do Supremo Tribunal Federal e compare. É um erro achar que um jornal pode tudo. Os jornais e jornalistas têm limites. São esses limites que vêm sendo ultrapassados por força desse temor de que eu eventualmente me torne candidato.
Que partido representa mais o seu pensamento?
Eu sou um homem seguramente de inclinação social democrata à europeia.
Como ampliar o Estado para garantir direitos de quem esteve marginalizado, mas, ao mesmo tempo, controlar o controle do gasto público para manter a inflação baixa?
O primeiro passo é gastar bem. Saber gastar bem. O Brasil gasta muito mal. Quem conhece a máquina pública brasileira, sabe que há inúmeros setores que podem ser racionalizados, podem ser diminuídos.
O senhor disse que o Brasil está numa crise de representação política. O que quis dizer com isso?
Ela se traduz nessa insatisfação generalizada que nós assistimos nesses dois meses. Falta honestidade em pessoas com responsabilidade de vir a público e dizer que as coisas não estão funcionando.
Quando serão analisados os recursos dos réus do mensalão?
Dia primeiro de agosto eu vou anunciar a data precisa.
Eles serão presos?
Estou impedido de falar. Nos últimos meses, venho sendo objeto de ataques também por parte de uma mídia subterrânea, inclusive blogs anônimos. Só faço um alerta: a Constituição brasileira proíbe o anonimato, eu teria meios de, no momento devido, através do Judiciário, identificar quem são essas pessoas e quem as financia. Eu me permito o direito de aguardar o momento oportuno para desmascarar esses bandidos.
Por que o senhor tem uma relação tensa com a imprensa? O senhor chegou a falar para um jornalista que ele estava chafurdando no lixo.
É um personagem menor, não vale a pena, mas quando disse isso eu tinha em mente várias coisas que acho inaceitáveis. Por que eu vou levar a sério o trabalho de um jornalista que se encontra num conflito de interesses lá no Tribunal. Todos nós somos titulares de direitos, nenhum é de direitos absolutos, inclusive os jornalistas. Afora isso tenho relações fraternas, inúmeras com jornalistas.
A primeira vez que conversamos foi sobre ações afirmativas. Nem havia ainda as cotas. Hoje, o que se tem é que as cotas foram aprovadas por unanimidade pelo Supremo. O Brasil avançou?
Avançou. Inclusive, entre as inúmeras decisões progressistas que o Supremo tomou essa foi a que mais me surpreendeu. Eu jamais imaginei que tivéssemos uma decisão unânime.
Nos votos, vários ministros reconheceram a existência do racismo.
O que foi dito naquela sessão foi um momento único na história do Brasil. Ali estava o Estado reconhecendo aquilo que muita gente no Brasil ainda se recusa a reconhecer, e a ver o racismo nos diversos aspectos da vida brasileira.
Os negros são uma força emergente. Antes, faziam sucesso só nas artes e no futebol, mas, agora, eles estão se preparando para chegar nos postos de comando e sucesso em todas as áreas. Como a sociedade brasileira vai reagir?
Ainda não vejo essa ascensão dos negros como algo muito significativo. Há muito caminho pela frente. Ainda há setores em que os negros são completamente excluídos.
Como o Brasil supera isso?
Discutindo abertamente o problema. Não vejo nos meios de comunicação brasileiros uma discussão consistente e regular sobre essas questões.
Como superar a desigualdade racial, mantendo o que de melhor temos?
O que de melhor nós temos é a convivência amistosa superficial, mas, no momento em que o negro aspira a uma posição de comando, a intolerância aparece.
Como o senhor sentiu no carnaval tantas pessoas com a máscara do seu rosto?
Foi simpático, mas, nas estruturas sociais brasileiras, isso não traz mudanças. Reforça certos clichês.
Reforça? Por quê
Carnaval, samba, futebol. Os brasileiros se sentem confortáveis em associar os negros a essas atividades, mas há uma parcela, espero que pequena da sociedade, que não se sente confortável com um negro em outras posições.
O senhor foi discriminado no Itamaraty?
Discriminado eu sempre fui em todos os trabalhos, do momento em que comecei a galgar escalões. Nunca dei bola. Aprendi a conviver com isso e superar. O Itamaraty é uma das instituições mais discriminatórias do Brasil.
O senhor não passou no concurso?
Passei nas provas escritas, fui eliminado numa entrevista, algo que existia para eliminar indesejados. Sim, fui discriminado, mas me prestaram um favor. Todos os diplomatas gostariam de estar na posição que eu estou. Todos.

E olhe que Francisco não trouxe ouro nem prata

Jornada injeta R$ 1,8 bilhão no Rio

  • Impacto foi 17 vezes maior que o da Copa das Confederações
  • Segundo estudo da UFF, paulistas dominaram

A peregrina de Fernanda Taveira, de Franca (SP), que entra no perfil da pesquisa da UFF, e o namorado, o ourives Eduardo Abdalla. Foto Adalberto Neto -
Foto: Adalberto Neto / Agência O Globo
A peregrina de Fernanda Taveira, de Franca (SP), que entra no perfil da pesquisa da UFF, e o namorado, o ourives Eduardo Abdalla. Foto Adalberto Neto - Adalberto Neto / Agência O Globo
RIO - A multidão de fiéis que passou pelo Rio de Janeiro durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) parecia, a princípio, heterogênea e indecifrável. Mas só a princípio. O peregrino que esteve na cidade era, em sua maioria, mulher, nascida em São Paulo, com idade entre 21 e 24 anos e aluna do ensino superior. Além disso, nunca havia estado no Rio. Durante o evento, desembolsou uma média diária de R$ 49,70 — e isso, somado aos gastos dos estrangeiros, resultou em um impacto econômico na cidade 17 vezes maior do que a Copa das Confederações, realizada em junho.
Foram estas as conclusões de pesquisa feita por cinco professores e 20 alunos da Faculdade de Turismo da Universidade Federal Fluminense (UFF), em parceria com a Secretaria estadual de Turismo, entre os dias 23 e 25 deste mês, com os peregrinos que circularam por Copacabana e Quinta da Boa Vista. A pesquisa ouviu 1.358 fiéis e conseguiu, além de descobrir o perfil do peregrino, calcular o volume de recursos injetado na cidade.

Vagabundagem de ontem - Bicharada de Copacabana


 Marcha das Vadias reúne dois mil manifestantes no Rio de Janeiro

Ato foi realizado na Praia de Copacabana. Durante a caminhada, grupo passou por fiéis da Jornada Mundial da Juventude e houve troca de hostilidades.

Dois mil manifestante fizeram na Zona Sul do Rio de Janeiro um protesto que se autointitulou de "A marcha das Vadias".
O ato começou às 16h. As pessoas levavam cartazes em defesa do direito das mulheres, a favor da descriminalização do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Gritavam também palavras de ordem contra a Igreja Católica.
No início da passeata, na Praia de Copacabana, dois manifestantes – com os rostos cobertos – chutaram crucifixos que estavam no chão. Eles carregavam duas imagens: de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora das Graças. Minutos depois, com uma delas já destruída, um dos manifestantes pega a outra imagem e a atira contra o chão. Os dois estavam cercados por outras pessoas que participavam da marcha. No momento, não havia peregrinos em volta.
Mas, durante a caminhada pela orla, o grupo passou por fiéis e houve troca de hostilidades.

  Marcha das Vadias reúne dois mil manifestantes no Rio de Janeiro

Ato foi realizado na Praia de Copacabana. Durante a caminhada, grupo passou por fiéis da Jornada Mundial da Juventude e houve troca de hostilidades.

Dois mil manifestante fizeram na Zona Sul do Rio de Janeiro um protesto que se autointitulou de "A marcha das Vadias".
O ato começou às 16h. As pessoas levavam cartazes em defesa do direito das mulheres, a favor da descriminalização do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Gritavam também palavras de ordem contra a Igreja Católica.
No início da passeata, na Praia de Copacabana, dois manifestantes – com os rostos cobertos – chutaram crucifixos que estavam no chão. Eles carregavam duas imagens: de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora das Graças. Minutos depois, com uma delas já destruída, um dos manifestantes pega a outra imagem e a atira contra o chão. Os dois estavam cercados por outras pessoas que participavam da marcha. No momento, não havia peregrinos em volta.
Mas, durante a caminhada pela orla, o grupo passou por fiéis e houve troca de hostilidades.