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Até a Marina reclama dos porras-loucas das vagabundagens das depredações

Marina critica manifestações violentas e destruição de bens

RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
Maior beneficiária do abalo que as manifestações de rua causaram no mundo político, a ex-senadora Marina Silva, 55, diz que os protestos que recorrem à violência "extrapolam" os limites da desobediência civil aceitável.
Tendo saltado de 16% para 26% das intenções de voto, ela diz que foi um "erro em todos os aspectos" a presença de um membro da Rede na depredação do Itamaraty. "No Estado Democrático de Direito existem regras."

Pedro Ladeira/Folhapress
A ex-senadora Marina Silva dá entrevista à Folha no gabinete do senador Pedro Simon (PMDB-RS)
A ex-senadora Marina Silva dá entrevista à Folha no gabinete do senador Pedro Simon (PMDB-RS)
Ela também diz acreditar que o apoio popular ao nome de Joaquim Barbosa à Presidência representa mais um desejo de justiça que uma real aspiração de que o relator do mensalão comande o país: "Desejos por messias não são bons em hipótese alguma".
*
Folha - A sra. dizer que não é candidata não contradiz seu discurso de autenticidade?
Marina Silva - Mas eu não estou dizendo que não sou. Digo que não estou no lugar de candidata, que a candidatura é uma possibilidade.
Caso a Rede não seja criada a tempo, o nome Marina Silva estará na urna em 2014?
Não quero falar por hipótese. Estamos focados na Rede.
Vocês estudam impor limites a doações, têm pouco tempo na TV e palanques fracos nos Estados. Campanha desse jeito não é muito "sonhatismo"?
Não sei o que você chama de "sonhatismo". Gostaria de saber o que seria muito realismo? É aceitar o que está aí como uma fatalidade e que não existe saída?
A sra. vê Joaquim Barbosa como um candidato viável?
O que a sociedade está sinalizando com certeza é que tem um desejo imenso de que a justiça seja feita, que a impunidade deixe de ser uma realidade no nosso país.
Não como candidato salvador da pátria, um messias...
Desejos por messias, eles não são bons em hipótese alguma, não existem salvadores da pátria, existem homens e mulheres que se dispõem a construir a pátria.
A sra. apoia atos que resultam em depredações e confrontos?
Eu tive um momento muito importante na minha vida na década de 80 quando fizemos os movimentos contra os desmatamentos na Amazônia. Havia um grupo que achava que éramos tão indefesos que tínhamos de enfrentar os jagunços na mesma moeda. Na época eu vi serem assassinados [os ambientalistas] Wilson Pinheiro, Chico Mendes e João Eduardo. Minha opção sempre foi de fazer movimentos pacíficos. Atos de desobediência civil podem ser feitos de forma pacífica, sem desrespeitar direitos fundamentais--por exemplo, agressão às pessoas, ao patrimônio.
Como as autoridades devem lidar com essas situações?
No Estado Democrático de Direito existem regras a ser observadas. O Estado está ali para assegurar inclusive os direitos dos manifestantes de se manifestarem, mas também para proteger o patrimônio das pessoas e o patrimônio público.
A sra. acha que aquele integrante da Executiva da Rede errou no ato do Itamaraty?
Ele próprio reconhece que errou. Sei que ele errou em todos os aspectos, até porque no meu entendimento não é com uma atitude violenta que se vai resolver os problemas.
Qual é a impressão que a sra. tem de movimentos como a Mídia Ninja e Fora do Eixo?
Eles estão vivendo agora uma série de críticas. Não tive tempo de aprofundar essas críticas. O que merece reparação deve ser reparado. Se tem que algo a ser investigado, tem de ser investigado.
Petistas dizem que a sra. perderá apoio por causa das suas posições conservadoras.
Se você fizer uma pesquisa da forma como a ministra Dilma e o governador Serra se portaram nas eleições do segundo turno de 2010, acho que dificilmente conseguiríamos algo mais conservador do que aquele tipo de postura. A diferença é que eu procuro dizer exatamente aquilo que penso.
A sra. diz que manteve nos últimos anos uma agenda socioambiental. Acha que até a eleição é possível complementar esse perfil?
Mas quem foi que disse que defender meio ambiente não é tratar de economia, que falar de desenvolvimento sustentável não é falar de infraestrutura, de educação, de ciência, de tecnologia, de agricultura?
A aparência não é essa: o Datafolha mostra que a sra. é vista pela população como uma das menos preparadas para administrar a economia.
A população tem direito de saber mais das pessoas que ela não conhece. Imagino que o sociólogo FHC e o operário Lula também tenham suscitado algumas dúvidas.
Ao se aproximar de André Lara Resende, a sra. não teme ser associada ao governo FHC?
Se Lula fosse se preocupar em ter ouvido uma série de pessoas que já deram contribuição em vários governos, ele não seria hoje o grande admirador do Delfim [Netto] que ele é.
Autonomia do BC para a senhora é "clausula pétrea"?
Autonomia do BC é necessária, fundamental. Eu não acho que devemos é entrar no caminho da institucionalização dessa autonomia.
Mexeria na Previdência?
O Brasil precisa encarar as grandes reformas: política, da Previdência, tributária.
Trabalhista?
É algo a ser pensado.

A vida como ela é. Pelo menos no Icó é assim.

UM CHÃO DE ESPERANÇA?

João Thallys
Moradia popular sempre foi uma reclamação, praticamente unânime, em nossa nação chamada Brasil.

Em Icó (CE), estamos com um déficit bem maior do que a média histórica brasileira, haja vista que estamos sitiados pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Artístico Nacional e DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas.

O IPHAN, por padrões técnicos, não permite que a cidade cresça de forma vertical (pra cima). O DNOCS é dono do Icó em todos os seus quadrantes.

“O DNOCS circulou e dominou o Icó todo. E o IPHAN não permite nem que a gente escolha a pintura de nossa própria residência. Isso é um absurdo”, reclama Geraldo de Breno.

Alguns conjuntos habitacionais foram ainda construídos no governo Aldo Monteiro (in memorian) e, outros, no governo Neto Nunes. E já faz bom tempo!

Recentemente, por iniciativa do parlamentar icoense, Neto Nunes (PMDB), foi liberado pelo governo federal em parceria com o Banco do Brasil e Município de Icó, quase 700 (setecentas) casas populares nas proximidades da Rodovia Estadual 282, que liga o nosso rincão à Iguatu, as margens do perímetro irrigado.

A obra encontra-se em andamento e bem próxima de sua conclusão.

Pois bem, a foto que fala por si, são de pessoas humildes usando uma passarela para dormir; foi clicada no Terminal Rodoviário Governador Virgílio Távora, em Icó (CE), e bem define a situação em discussão.

Um ótimo tema, que em conjunto e união de todos, poderia ser buscado por nossas lideranças, ao invés da peleja diária e sem conteúdo algum.  
*Fabrício Moreira da Costa é advogado.

Chove chuva

Chove forte em Fortaleza. Faz pelo menos uma hora que a cidade é lavada desde o céu.

Faz 16 anos que ouvi isso em Londres

Princesa Diana teria sido assassinada por soldado britânico, diz jornal

  • Jacqueline Arzt/AP
    3.jun.1997 - Princesa Diana chega ao Royal Albert Hall para apresentação do "Lago dos Cisnes", em Londres, três meses antes de sua morte 3.jun.1997 - Princesa Diana chega ao Royal Albert Hall para apresentação do "Lago dos Cisnes", em Londres, três meses antes de sua morte
Quase 16 anos após sua morte, surgem novas evidências de que a princesa Diana teria sido assassinada por um soldado britânico. As informações são do jornal "The Mirror".
De acordo com a publicação, a polícia metropolitana de Londres afirmou ter recebido novas informações a respeito do caso e disse que está analisando sua relevância e credibilidade.
A informação teria sido rastreada quando o sargento Danny Nightingale, um atirador do Serviço Aéreo Especial britânico, foi pela segunda vez à corte marcial por portar ilegalmente um pistola com 338 balas em seu quarto. A denúncia foi feita por meio de uma carta enviada pelos sogros de um soldado que dividia casa com o sargento, informou o site de outro jornal, o "Daily Mail".
Segundo um pronunciamento da Scotland Yard, reproduzido pelo "Daily Mail": "A polícia metropolitana está analisando as informações recentemente recebidas sobre as mortes e pesquisando sua relevância e credibilidade. O trabalho será realizado por oficiais e criminalistas."
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Fãs homenageiam a princesa Diana

Fãs homenageiam a princesa Diana, no aniversário de 15 anos de sua morte, em frente a estátua da "Chama da Liberdade", próximo ao túnel da Pont de l"Alma, em Paris (31/8/12) Leia mais Gonzalo Fuentes/Reuters
A nota destaca ainda que esta análise não deve ser considerada um nova investigação. Um porta-voz da família real disse que não haverá quaisquer pronunciamentos dos príncipes Harry e William a respeito do caso.
Relembre o caso
Diana, Dodi al Fayed, seu namorado na época, e o motorista Henri Paul morreram após um acidente de carro em um túnel na saída do hotel Ritz em Paris no dia 31 de agosto de 1997.
Os depoimentos sobre as mortes duraram mais de 90 dias e foram coletadas provas de mais de 250 testemunhas.
O inquérito foi concluído em abril de 2008 e apontava para o assassinato de Diana e de seu namorado. No entanto, o ex comissário da polícia metropolitana Lord Stevens Paget concluiu que o motorista da Mercedez estava embriagado e por isso bateu o carro. A polícia francesa chegou à mesma conclusão.
Mesmo assim, o pai de Dodi Al Fayed, Mohamed al Fayed, dizia que os dois foram mortos a mando da família real porque Diana estaria noiva e grávida de seu filho. Nenhuma dessas acusações, contudo, foi confirmada.

Penso eu - No dia das solenidades de sepultamento de Diane, eu estava na calçada da Harrold's, loja famosa do pai de Dodi, Mohamed al Fayed, quando ouvi, num ingles carregado de sotaque árabe, o velho, gordo e careca, dizer alto e em bom tom, que o filho havia sito morto pela Familia Real inglesa. - Eles não queriam a Diane casada com um mulçumano. Eu contei isso em uma das reportagens que escrevi diretamente de Londres para onde fui enviado especial pelo jornal O Estado, pra cobertura do triste episódio da vida inglesa. Contei a história e no paralelo afirmei que ouvi de Fayed, pai de Dodi o desabafo doído de um pai que enterrava o jovem filho.

Deu na Folha

Cartel de trens pode ter atuado em mais cinco capitais

DANIELA LIMA
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
Documentos apreendidos pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) indicam que as investigações sobre o cartel que operou em licitações de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal poderão se estender a outras cinco capitais: Cuiabá, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador.
O material dessas cidades foi obtido nas operações de busca e apreensão realizadas em julho em dez empresas acusadas pela multinacional alemã Siemens de participação num esquema criado para fraudar concorrências.
O Cade afirma que ainda está analisando os documentos e que irá apurar com rigor caso encontre "indícios de cartel em outras licitações, mercados ou localidades".
Vinculado ao Ministério da Justiça, o Cade foi acusado pelo governo de São Paulo, comandado por Geraldo Alckmin (PSDB), de ter dirigido as investigações com o objetivo de atingir a oposição.
O Cade diz que o inquérito focou inicialmente a atuação do esquema em São Paulo e Brasília porque foi só nessas cidades que a Siemens admitiu ter participado do cartel.
A multinacional alemã foi a delatora do esquema e terá anistia administrativa graças ao acordo com o Cade. Mas, se tiver omitido informações das autoridades, poderá perder os benefícios da delação.
O Cade encontrou documentos relacionados a Fortaleza, Recife, Rio e Salvador nos escritórios de quatro empresas (Alstom, Bombardier, Mitsui e T' Trans). Na CAF, recolheu documento sobre o projeto do VLT (veículo leve sobre trilhos) que a empresa está executando em Cuiabá.
O projeto é investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, que examinam denúncia de pagamento de propina a servidores públicos, entre outras alegações.
Na documentação entregue pela Siemens já apareciam conversas sobre outros projetos. Em e-mail de 2000, um executivo da Siemens afirma: "Os colegas [...] de Salvador não têm tanto motivo para rir. Lá também a Alstom pensa que somente ela determina como a divisão deve ser".
Em Salvador, consórcio em que a Siemens se associou às construtoras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez ganhou em 1999 uma licitação para implantar o metrô, que até hoje não está pronto e já consumiu mais de R$ 1 bilhão.
O Ministério Público Federal e a polícia apontaram fraude na concorrência. Segundo eles, o consórcio liderado pela Siemens pagou para a empresa que ficou em primeiro lugar deixar a disputa.
Outros e-mails citam os metrôs de Fortaleza, Recife e Rio. Em Fortaleza, Siemens, Alstom, Bombardier e Balfour Beatty formaram consórcio com construtoras. A obra triplicou de preço e teve superfaturamento apontado pelo Tribunal de Contas da União.
Em Recife, a Siemens fez a manutenção nas linhas Sul e Centro do metrô, num consórcio com a T'Trans. Em todas essas capitais, os projetos são financiados por recursos do governo federal.

Repórteres do O Povo vão ao interior ver o drama da saúde

 O Ceará à procura de mais médicos
O POVO visitou dez postos de saúde do Interior e constatou que - apesar de ainda deficiente - a estrutura da saúde teve melhora, mas o avanço não foi acompanhado pela oferta de médicos
EDIMAR SOARES
O posto de saúde Cláudio Camelo Timbó, em Hidrolândia, apresenta boa estrutura, com vários equipamentos e remédios. Atendimento, entretanto, fica comprometido diante da falta de médicos
Carlos Mazza
Enviado ao Sertão Central e Ibiapaba
carlosmazza@opovo.com.br


Recém-inaugurados e bem equipados, três postos de saúde de Hidrolândia – a 252,2km de Fortaleza – não estão atendendo a população do Município. As unidades possuem sala de coleta de sangue, depósito refrigerado de injeções, ambulância, consultórios bem equipados, leitos de observação, macas e equipe completa com enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes de saúde. Apesar de “prontos”, os postos esbarram em problema antigo e ainda crônico no interior do Ceará: faltam médicos para atender a população.

Em maior ou menor grau, a situação se repete em todos os municípios da região. Ao longo da última semana, O POVO visitou dez postos de saúde em cinco cidades do interior do Estado, e constatou que – apesar de ainda muito deficiente – a estrutura da saúde pública no sertão cearense teve melhora, em avanço que não foi acompanhado pelo aumento na oferta de médicos.

Na maioria dos casos, os municípios até contam – “no papel” – com profissionais para cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS). Na prática, no entanto, o que se observa é que os médicos não cumprem a carga horária do Ministério da Saúde. Nos dez postos visitados pela reportagem, apenas um médico foi encontrado em serviço.

O abandono se dá de diversas formas. Em Pacujá, por exemplo, horário previsto para o turno da tarde vai das 15h às 17 horas. Na última segunda-feira, no entanto, os três postos de saúde do Município - todos com boa estrutura - se encontravam sem médicos já pelas 15 horas. “Foram trabalhar em outras cidades e voltam só amanhã”, explica a recepção.

Já em Varjota, médica que deveria atuar das 8 horas ao meio dia da terça-feira atendeu apenas 12 pacientes e foi embora, pois tinha “reunião marcada”. A informação causou revolta entre pacientes, que já aguardavam desde as 6h30min na unidade. “Isso sempre acontece por aqui. Se eu tivesse para morrer, morria aqui mesmo”, diz Francisca Rodrigues, 47, que chegou em 13º lugar e teve de voltar para casa sem atendimento.

Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec), Ivan de Araújo, o órgão defende que médicos cumpram a carga horária previsto pelo SUS, mas afirma que a responsabilidade pela cobrança é dos gestores municipais. “Se o gestor contratou o médico e acertou com ele que ele venha apenas dois dias da semana, o profissional tem todo o direito de cobrar o que está no contrato”, diz.

A fala é contestada pelo presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Ceará, Wilames Freire Bezerra. Segundo ele, por conta da “crítica e generalizada” ausência de médicos no Estado, gestores ficam obrigados a aceitar que alguns médicos “burlem” a carga horária do SUS. “Sob o risco de ficar sem médico nenhum, eles acabam se sujeitando, até de forma irregular, a isso”.

Ivan de Araújo diz reconhecer que há carência de médicos no Estado, mas afirma que esse fator não pode ser visto como responsável pelas deficiências do SUS como um todo. “Existem outros fatores, como o problema seríssimo do financiamento do SUS”.

NÚMEROS
 9,9
mil é o número de médicos em exercício no Ceará, segundo dados do CFM 1,16
é a razão de médicos por mil habitantes do Estado. É o 7º pior índice do Brasil

Gestores se dizem "reféns" de médicos; categoria contesta
A pouca oferta de médicos para o Interior faz com que prefeitos e secretários de Saúde fiquem “reféns” das exigências de profissionais na contratação, afirmam gestores de Municípios visitados pelo O POVO. Segundo eles, a grande procura por profissionais faz com que médicos só aceitem trabalhar em cidades que não cobrem carga horária, o que prejudica a população.

“Isso é um problema crônico, que acontece em todo o Brasil. Como é grande a necessidade de médicos no Interior, os profissionais só aceitam trabalhar para uma Prefeitura quando são liberados nos outros turnos para trabalhar em outro Município. Se o gestor não aceita ou impõe dificuldades, o médico não se desloca para o Município”, diz o secretário de Saúde de Pacujá, Antônio Carlos Oliveira.

Segundo os gestores, muitos médicos ainda fazem uma série de exigências para trabalhar no Interior, como a concessão de ajudas de custo e o estabelecimento de “cotas de atendimento”. “Eles recebem R$ 12 mil, além de comida e moradia”, diz Ana Ximenes, secretária de Saúde de Varjota.

Para os secretários, a solução é uma só: aumentar a concorrência fora da Capital. “Precisa estimular que venham para cá, porque quando surgem médicos hoje, é em leilão, com disputa. O (programa) Mais Médicos pode ser solução”, diz Sibelly Martins, titular da Secretaria de Saúde de Hidrolândia.

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Ceará, Ivan de Araújo, reafirma que o interesse do órgão é o de que as cargas horárias estabelecidas sejam cumpridas, mas reforça que o que foi combinado no ato da contratação deve ser respeitado. De acordo com ele, a criação da carreira de médico do Estado, garantindo direitos e condições de trabalho, seriam medidas mais eficazes no sentido de “interiorizar” a Medicina. (CM)


Sofrimento prolongado leva moradores à descrença

Cansados de viagens frustradas a hospitais e de receber "portas na cara" na saúde pública, moradores de áreas carentes afirmam que já deixaram de procurar atendimento preventivo
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FOTO EDIMAR SOARES
Sem atendimento, Terezinha viu o filho de nove anos falecer
Se parecem complexas as causas da falta de médicos no Interior, o saldo do imbróglio para a população mais pobre é de um sofrimento prolongado que leva à descrença. Cansados de viagens frustradas e de receber “portas na cara” no serviço público de saúde, moradores de comunidades carentes ouvidos pelo O POVO afirmam que já deixaram de procurar atendimento preventivo em postos de saúde.

“Para chegar em hospital é muito difícil, é muita complicação e nada de resolver. Deus me livre se acontecer alguma emergência mas, assim, no dia a dia, resolvo na farmácia ou apelo para a fé mesmo”, diz Francisco de Sousa, 29, morador da zona rural de Reriutaba. Ele conta que se recuperou de virose nos últimos dias - “sem visita ao doutor”.

Em Hidrolândia, o recém inaugurado posto de saúde Cláudio Camelo Timbó já virou motivo de certa piada entre moradores. “Vocês são de jornal? Vieram falar que o posto não tem médico, né?”, arrisca a dona de casa Rosimeiry Sousa, 26. Na manhã de terça-feira, ela tentava levar a filha de apenas um ano ao médico, mas voltou para casa sem ser atendida. “A gente tem que lidar com bom humor, porque não adianta. Só não entendo para que inaugurar posto que não funciona”, diz.

Vítima de um ataque de marimbondos, o servente Benedito Cordeiro, 33, de Reriutaba, conseguiu ser atendido apenas na terceira viagem ao médico. “Me arrependi de ter vindo. Deveria ter resolvido com algum remédio mesmo”.

Vítimas
Em terras marcadas pela falta de profissionais de saúde, no entanto, sobressaem as histórias tristes. Sem a mesma sorte, a dona de casa Francisca Maria de Sousa, 42, conta que viu o próprio pai falecer por conta da ausência de médicos. “Ele sofreu um enfarto. Levamos para postos de saúde e hospitais próximos, mas só encontramos enfermeiros. Depois de algumas horas, ele morreu, e não conseguimos nem sequer um atestado do óbito, porque não havia ninguém para assinar”.

Outra vítima da falta de médicos foi a dona de casa Terezinha de Jesus Araújo, 41. No último mês, ela viu falecer em suas mãos o filho de nove anos. “Ele começou a passar mal depois de comer alguma coisa. Depois de muita busca, conseguimos que ele fosse atendido em um posto de saúde. Alguns dias depois, ele voltou a passar mal, mas não conseguimos ser atendidos. Ele morreu na fila”.

Sem médicos no posto de saúde no momento da morte, Terezinha conta que também ainda não conseguiu o atestado de óbito do filho. “Sei que ele poderia ter ficado bem se tivesse sido atendido”, diz. (Carlos Mazza)

Mega-Sena acumulou

Sorteio da extração 1522, ontem.

05  08  23  32  33  56

Aniversariantes - De hoje ao fiim do mês

Domingo, 18 de agosto
Segunda, 19 de agosto
Terça, 20 de agosto
Quarta, 21 de agosto
Quinta, 22 de agosto
Sexta, 23 de agosto
Sábado, 24 de agosto
Domingo, 25 de agosto
Segunda, 26 de agosto
Terça, 27 de agosto
Quinta, 29 de agosto
Sexta, 30 de agosto
Sábado, 31 de agosto

Sai um cearense. Dilma põe um mineiro no lugar.


Dilma indica Rodrigo Janot para novo procurador-geral da República

A presidenta Dilma Rousseff indicou Rodrigo Janot para ser o novo procurador-geral da República, e suceder Roberto Gurgel, que deixou o cargo nesta semana após quatro anos de mandato.
Janot liderava a lista tríplice encaminhada pela Associação Nacional dos Procuradores à presidenta. De acordo com nota divulgada pela Presidência da República, Dilma Rousseff “considera que Janot reúne todos os requisitos para chefiar o Ministério Público com independência, transparência e apego à Constituição”.
Janot é subprocurador-geral desde 2003. Procurador da República desde 1984, é mestre em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, com especialização em direito do consumidor e meio ambiente pela Escola Superior de Estudos Universitários de S. Anna, na Itália. Foi presidente da associação dos procuradores entre 1995 e 1997 e integrou a lista tríplice de 2011.

Mais uma na testa

Como este blog anunciou, assim que acabou a apuração dos votos do primeiro turno das eleições para Prefeito de Fortaleza, no ano passado, o próprio deputado Heitor Férrer confirmou em entrevista a jornalistas, ontem: É candidato a governador, sim, pelo PDT. Só não sabia disso quem não queria saber. Heitor Férrer tem inclusive apurado seus gostos à mesa nos últimos tempos. Tem provado vinhos cada vez melhores e feito contas para quando irá a Portugal experimentar alguns rouges no Alentejo, na Bairrada e no Douro.
Com todo respeito: os bloguistas daquí continuam preferindo ler o poeta José Régio onde, em Cântico Negro poemisa: 

Cântico negro
José Régio 


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

 
...e mostro o pau...
José Régio, pseudônimo literário de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde em 1901. Licenciado em Letras em Coimbra, ensinou durante mais de 30 anos no Liceu de Portalegre. Foi um dos fundadores da revista "Presença", e o seu principal animador. Romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, foi, no entanto, como poeta. que primeiramente se impôs e a mais larga audiência depois atingiu. Com o livro de estréia — "Poemas de Deus e do Diabo" (1925) — apresentou quase todo o elenco dos temas que viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre Deus e o Homem, o espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade, a consciência da frustração de todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.