Contato

Convite

A deputada estadual Patrícia Saboya convida para audiência pública sobre Educação Infantil, em que serão discutidas políticas e práticas inerentes à educação de crianças de zero a seis anos de idade, além da palestra sobre Educação Infantil: Espaço para cuidar, educar e prevenir como um direito social fundamental à infância, ministrada pela Professora Doutora em Psicomotricidade, Maria Isabel Bellaguarda Batista.
 Na ocasião, também participam do debate, o Secretário de Educação do Município, Ivo Gomes; a representante da Secretária de Educação do Estado, Lucildava Barcelar, além de entidades e instituições ligadas ao tema, professores e pais de alunos de escolas públicas e privadas do Estado do Ceará.

Opinião


Eis a questão do Heitor: cardápio

Que me desculpe o deputado, mas há pratos que são “exóticos” só porque têm nome em inglês, francês? No cardápio do Palácio só deve ficar o que for em português? Francamente, é “pobreza demais” para ocupar a atenção do Chefe do Governo. E tudo para satisfazer o deputado Heitor Férrer que achou altos demais os itens do cardápio oficial (para convidados, diga-se). Cid Gomes zangou-se e anunciou que vai mandar retirar todo e qualquer item com “nome exótico” das recepções, inclusive almoços e jantares.

Noutras palavras: na mesa oficial só entrará comida brasileira, mais precisamente cearense. Nada de lagosta, escargot, caviar, strogonoff e outras iguarias “especiais”.

Mesa oficial, diga-se, a montada para convidados “de fora”. Francamente, isto é demais. Pois eu digo: sou de famílias onde a hospitalidade inclui : o melhor prato da casa geralmente só era montado para visitantes. A última “penosa” do galinheiro ia para a panela: era do convidado.

Acredito que, com o deputado Heitor, de origem sertaneja e arigó (como eu) assim aconteceu: algumas iguarias talvez tenha conhecido apenas quando da visita de algum convidado ou parente especial, pois o “pão nosso de cada dia” era (e é) o mesmo : arroz, feijão, carne (e olhe lá), “malassada” ( será que alguns dos leitores sabem o que é este prato? Pois se trata de ovo batido com farinha e passado na frigideira.) Uma delícia... Mesa bem nordestina é feliz tendo, como sobremesa, rapadura ou doce feito em casa, terminando com uma xícara de café passado (no pano) na hora.


O cearense, por mais humilde que seja, recebe com honra, alegria e mesa gostosa, o seu convidado ou “chegante” de última hora.

O governador não pode negar as suas raízes: tenha a comida sempre preparada para visitantes, mas coma aquilo com que foi criado e, pelo que sei, sua mulher, descendente de libaneses, honra as tradições culinárias de seus antepassados, mesclando com o bom cozido nordestino, a paçoca pisada no pilão, a carneirada macia, a carne soltando do osso... Uma delícia.

Mas, quando chega o visitante, volto a dizer, mata-se a última “penosa”, o hóspede sai satisfeito (e com ele, a família da casa), prometendo (Deus nos acuda) voltar ...

Que o governador Cid mande abrir os cofres do Palácio e receba bem os seus convidados – oficiais ou não: honrar as tradições é marca registrada dos Ferreira Gomes. Da minha família, também e de todo “cabeça chata” que se preza.

PS: Qualquer dia vou chegar de surpresa na residência oficial e testemunhar: comida cearense está posta e só sentar e ... comer.

Adísia Sá
adisiasa@gmail.com
Jornalista

Lucirene Maciel PREFEITURA LANÇA EDITAL DE SELEÇÃO DE ESTÁGIO UNIFICADO

A Prefeitura de Fortaleza vai realizar uma seleção unificada para contratação de estagiários. Ao todo, serão ofertadas 389 vagas para estudantes de 33 cursos diferentes que serão lotados em todos os órgãos do Município, de acordo com a demanda inicial apresentada. A seleção gera ainda um banco de reservas com validade de um ano renovável por mais um ano, podendo atender a outras demandas que venham a ser identificadas.
“O objetivo é fortalecer o programa de estágio da Prefeitura para estudantes de nível superior. Unificando teremos mais qualidade no processo de seleção que vinha acontecendo de forma pulverizada e muitas vezes se dava apenas por meio de entrevista, o que era insuficiente para garantir uma boa seleção”, explica o secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão (SEPOG), Philipe Nottingham.
O processo será realizado pelo Instituto Municipal de Pesquisas, Administração e Recursos Humanos (IMPARH) sob a coordenação da Coordenadoria de Gestão de Pessoas da SEPOG e terá três etapas: uma prova objetiva, análise curricular e entrevista.
A primeira etapa está marcada para 29 de Setembro, as entrevistas serão realizadas entre 17 e 30 de Outubro e o resultado final será divulgado no dia 1º de Novembro de 2013.  As inscrições vão até 11 de Setembro, a taxa de inscrição é de R$ 20.
Para ver o edital na íntegra, acesse o site do IMPARH: www.imparh.ce.gov.br

MP recomenda exoneração de 51 cargos temporários em Mauriti

O Ministério Público do Estado do Ceará, através da promotora de Justiça Juliana Mota, enviou hoje (26) uma Recomendação para que a Prefeitura de Mauriti proceda a imediata exoneração de todos os 51 cargos temporários contratados pelo processo seletivo instaurado no edital 01/2013.
No referido certame, foram selecionados profissionais de diversas áreas de atuação, dentre elas motorista, recepcionista, vigilante, atendente de farmácia e cozinheira. O MP entende que o município de Mauriti não justificou qual a situação pontual que determinou a nomeação de servidores não efetivos para o referido cargo e que a contratação irregular de servidores públicos configura ato de improbidade administrativa.
Com isso, o prefeito Francisco Evanildo Simão da Silva deve encaminhar à Promotoria de Justiça, no prazo de 10 dias úteis, os atos de exoneração assinados e publicados dos 51 cargos temporários. Neste mesmo prazo, o MP requer também a relação nominal de todos os servidores públicos municipais contratados temporariamente, divididos por secretaria ou órgão a que estão vinculados e apresentando o cargo que exercem; a remuneração que recebem; a carga horária que obedecem; a data inicial e final do contrato e se foram submetidos a processo seletivo temporário, acompanhados de contrato firmado.
Vale ressaltar que o não cumprimento da recomendação acarretará a adoção das medidas judiciais adequadas e cabíveis. 
A nota aí é do MP do Ceará.

Penso eu - Estou sabendo que o MP não será atendido. Alega-se que o MP desconhece as necessidades da Prefeitura. 

A Bolívia perde um senador. O Brasil ganha um herói.


Seis interrogações que Dilma precisa responder

O principal problema da crise diplomática provocada pela fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil é a falta de nexo. Há interrogações demais no noticiário. Há também muitas meias verdades. E o perigo da meia verdade, como se sabe, é o governo dizer exatamente a metade que é mentira. Para evitar fazer papel de bobo, você precisa cobrar meia dúzia de respostas:
1. Por que Dilma Rousseff não exigiu para Roger Pinto o que Evo Morales aceitou para Edward Snowden?
Reunidos em 12 de julho na cidade de Montevidéu, os presidentes dos países-membros do Mercosul assinaram uma valente declaração conjunta. No texto, solidarizaram-se com os países que haviam oferecido asilo político a Edward Snowden –entre eles Venezuela, Bolívia e Equador.
Subscrito por todos, inclusive por Dilma Rousseff e Evo Morales, o documento defende “o direito de todo Estado soberano de conceder asilo a qualquer cidadão conforme as normas de direito internacional.” Mais: “É fundamental assegurar que seja garantido o direito dos asilados de transitar com segurança até o país que tenha concedido o asilo.”
No caso do senador boliviano, Dilma exerceu “o direito soberano” do Brasil de conceder-lhe asilo político. E Evo provou que asilo no governo dos outros é refresco. Negou ao desafeto Roger Pinto o salvo-conduto que lhe permitiria “transitar com segurança” até a fronteira com o Brasil.
Nessa hora, Dilma deveria ter puxado Evo para um canto. Perguntaria: “Meu querido, por que não aplicarmos ao caso do senador Roger, seu inimigo, a mesma fórmula que aprovamos para o Snowden, inimigo do Barack Obama?” Ao silenciar, a presidenta fez do seu governo uma batalha no escuro entre soldados desorientados e comandantes bêbados.
2. Por que o Itamaraty ignorou avaliação médica que apontava deterioração do Estado de saúde do senador boliviano?
No último dia 19 de agosto, uma segunda-feira, o diplomata Eduardo Saboia, embaixador interino do Brasil na Bolívia, enviou uma mensagem da embaixada em La Paz para o Itamaraty. No texto, informava sobre a deterioração do estado geral de Roger Pinto Molina. O senador boliviano aparentava desânimo, comia pouco e falava em suicídio.
Saboia pediu orientação aos seus superiores. Deveria chamar um médico para examinar o “hóspede” do governo brasileiro na própria embaixada? Levá-lo a um hospital na Bolívia, com o risco de vê-lo preso? Enviá-lo para tratar-se no Brasil não seria uma opção? O Itamaraty autorizou seu homem em La Paz a providenciar atendimento ao senador nas dependências da embaixada.
Na quinta-feira (22), Saboia informou a Brasília os resultados do exame. Entre outros problemas, Roger Pinto apresentava: baixa resistência imunológica, sinais de depressão, pressão alta, alteração nos batimentos cardíacos e inapetência. Teria de submeter-se a uma bateria de exames e a um bom tratamento. O Itamaraty emudeceu.
No dia seguinte, sexta-feira (23), Saboia apertou o botão de “seja o que Deus quiser” e deflagrou a operação de fuga que levaria o líder da oposição a Evo Morales até Corumbá (MS) e, dali, para Brasília. O diplomata informara ao Itamaraty que, num quadro extremo, não descartava a hipótese de tomar medidas de “contingência”. Para bom entendedor, suas meias palavras bastavam. Mas os …becis …ão …enderam!
3. Os fuzileiros navais que escoltaram o senador boliviano até o Brasil fizeram isso com autorização de quem?
No Estado brasileiro, só uma corporação devota mais respeito à hierarquia do que os diplomatas: os militares. Nos 1.600 km que separam La Paz de Corumbá (MS), o fugitivo Roger Pinto e seu acompanhante Eduardo Saboia foram escoltados por dois fuzileiros navais brasileiros.
Ou a dupla de soldados rasgou o manual ou o chanceler Antonio Patriota deveria ter sido mandado ao olho da rua com acompanhantes. Eis as sub-interrogações que boiam na atmosfera: o comando da Marinha não foi avisado? O ministro Celso Amorim (Defesa), ele próprio um diplomata de carreira, foi mantido no escuro?
4. Quem acionou a Polícia Federal?
Após cruzar a fronteira brasileira, Roger Pinto e o comboio da fuga instalaram-se num hotel em Corumbá (MS). Passaram cerca de oito horas na cidade antes que o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) pousasse no aeroporto local um jato que tomara emprestado para resgatar o colega boliviano. Em entrevista ao blog, Ferraço contou:
“Fui abordado por um agente da Polícia Federal. Eu me identifiquei, dei meus documentos. O cara ligou para o superior dele. Dali a mais ou menos uma hora, chegou o agente com o senador boliviano. […] Umas sete pessoas davam segurança a ele. Cinco agentes da Polícia Federal, bem armados, e os dois fuzilileiros navais que o haviam acompanhado desde La Paz.”
Quem acinonou a Polícia Federal? “Eu não tenho esse detalhe”, disse Ferraço. “Sei que o Saboia estava tentando fazer contato com o ministro Celso Amorim [Defesa], com o José Eduardo Cardozo [Justiça]. Não sei se conseguiu.” Se Saboia conseguiu, o petista Cardozo sabia da encrenca. Se não conseguiu, alguém sapateou em cima da ‘autoridade’ do titular da Justiça.
5. Por que Patriota apanha sozinho na Esplanada?
Ao “punir” Antonio Patriota transferindo-o para a representação brasileira na ONU, em Nova York, Dilma lavou o bebê e jogou fora a água do banho. Se não fizer nada com Celso Amorim, superior dos fuzileiros que escoltaram o fugitivo, jogará fora o bebê junto com a água do banho. Se além de Amorim a presidente poupar o petista José Eduardo Cardozo, roçará o inusitado: com bebês demais à sua volta, Dilma se auto-arremessará bem longe. Sem água e sem banho.
6. Por que a polícia da Bolívia não prendeu o senador fugitivo em cinco postos de fiscalização?
No trajeto entre La Paz e Corumbá, o senador Roger Pinto e seus acompanhantes tiveram de passar por pelo menos cinco postos policiais. Parados e observados, não foram importunados. Numa inspeção, um policial chegou a lançar fachos de lanterna no interior do carro. E nada. Cruzaram a froteira sob céu claro. Nenhum entrevero.
Líder da oposição a Evo Morales, Roger Pinto é personagem manjado em seu país. Ora, se a polícia de Evo Morales não algemou sua presença de espírito, não pode agora reclamar da sua ausência de corpo.

Rede de Marina tenta nascer no TSE a fórceps

Acompanhada de amigos e simpatizantes, a presidenciável Marina Silva protocolou no TSE, nesta segunda, o pedido de registro da sua nova legenda, a Rede Sustentabilidade. Fez isso antes mesmo de os cartórios eleitorais concluírem o processo de verificação das 492 mil assinaturas de apoiadores exigidas pela lei.
A Rede diz ter recolhido 637 mil assinaturas. Desse total, os cartórios eleitorias espalhados pelo país liberaram 304 mil. Faltam 188 mil rubricas. O diabo é que a lentidão da checagem não combina com a pressa de Marina. Para participar da eleição de 2014, a Rede tem de obter a certidão de nascimento até 5 de outubro.
Numa tentativa de apressar o processo, os advogados da Rede pedem que as assinaturas que faltam sejam certificadas por meio da publicação de editais. Funcionaria assim: os cartórios eleitorais publicariam os nomes dos apoiadores da Rede. Se nenhuma pessoa reclamasse num prazo de cinco dias, as assinaturas seriam validadas.
Trata-se de providência inédita, jamais adotada pelo TSE. Caberá ao plenário do tribunal, composto de sete ministros, decidir se acata ou não a sugestão. Enquanto isso, Marina vive um paradoxo: nas pesquisas eleitorais, é um portento. Ocupa a segunda colocação. Na malha da Justiça Eleitoral, cavalga uma ficção que depende da boa vontade da burocracia para existir

MAnchetes desta terça feira

- Globo: Crise no Itamaraty – Apoio de diplomata a fuga de boliviano derruba Patriota
- Folha: Dilma demite chanceler após fuga de senador da Bolívia
- Estadão: Ação na Bolívia derruba Patriota e embaixador na ONU assume vaga
- Correio: Crise derruba Patriota. Diplomata é afastado
- Valor: Nova seca nos EUA eleva o risco de inflação no Brasil
- Estado de Minas: Crise derruba Patriota
- Jornal do Commercio: Crise com a Bolívia derruba ministro
- Zero Hora: Fuga de político boliviano derruba ministro Patriota
- Brasil Econômico: ICMS é o grande desafio da reforma tributária

Ceará elege pela segunda vez a sua Miss Penitenciária





        O Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza fará a escolha da Miss Penitenciária. A edição de 2013 do concurso acontece nesta terça-feira, dia 27 de agosto, às 9h, na quadra poliesportiva da unidade com shows artísticos e o desfile de 22 candidatas, sendo 10 delas candidatas ao título de Plus Size.  Um palco e uma seleção musical foram programados para o desfile, que contará ainda com a banda de forró pé de serra Kbra da Peste e o humorista Zé Modesto para animar as internas, além de reunir algumas apresentações culturais surpresa. A secretária da Justiça e Cidadania do Estado do Ceará, Mariana Lobo, é a presidente do corpo de jurados.

        O projeto do Miss Penitenciária tem objetivo de trabalhar a autoestima das internas, valorizando as mulheres que, independente do cárcere, podem ser admiradas pela beleza e pela condição feminina. “Sabemos, por meio do acompanhamento psicossocial, que as internas ficam muito vulneráveis ao adentrar numa unidade prisional, muitas apresentam quadros depressivos e de solidão. Podem ser abandonadas pelos companheiros, pelos familiares e faz parte do nosso trabalho resgatar a autoestima delas, dar uma injeção de ânimo para que elas possam retornar a sociedade com capacidade de se reinventar e seguir em frente em uma nova história de vida”, pontua a secretária da Justiça e Cidadania do Ceará, Mariana Lobo.  Os familiares das candidatas poderão assistir e prestigiar a ação, que está sendo toda trabalhada por toda a equipe e pela direção da unidade.

        Esta é a segunda vez que o concurso acontece na unidade. Em 2012, a cearense Priscila Viana, de 20 anos, foi eleita a primeira Miss Penitenciária do Ceará. Ao receber a faixa, ela confessou que foi a primeira vez que ganhou um desfile na vida. “Este concurso aqui é a prova de que existe beleza dentro e fora do presídio. Me sinto representante de todas vocês”, disse, durante discurso para as companheiras presas. O segundo lugar ficou com a também cearense Elene Marques e o terceiro com a portuguesa Mafalda Correia.

        A unidade tem, atualmente, 469 internas.

Em protesto, fiscais federais agropecuários distribuem frango na Esplanada

Categoria denuncia caos administrativo e ocupação política dos cargos do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Nesta terça-feira (28), a partir das 10h, os fiscais federais realizam protesto em frente ao Ministério da Agricultura. No local, serão distribuídas duas toneladas de frango. Além dos profissionais lotados no Mapa, delegados sindicais de vários estados também participam do protesto.
A categoria anunciou paralisação nacional por tempo indeterminado no último dia 16. Uma importante pauta da reivindicação é a posição contrária dos Fiscais Federais Agropecuários em relação à ocupação política dos cargos técnicos do Ministério, em especial na Secretaria de Defesa Agropecuária. Após as indicações do advogado Rodrigo Figueiredo para a Secretaria de Defesa Agropecuária e do veterinário Fábio Braile Turquino para o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) e o anúncio de cortes no orçamento.
A Anffa Sindical reivindica a meritocracia para ocupação dos cargos técnicos do Ministério, concurso público e a criação da escola de formação profissional.

Saboia desafia: Se vierem pra cima de mim, lavo a roupa no meio da rua

Afastado, diplomata que trouxe senador boliviano faz ameaça

Afastado de suas funções por tempo indeterminado por ter conduzido a operação que trouxe ao Brasil o senador boliviano Roger Pinto Molina, o diplomata Eduardo Saboia, 45, disse ontem (26) à Folha que assumiu o risco de sua decisão e fez uma ameaça à chancelaria brasileira.
"Se vierem para cima de mim, tenho elementos de sobra para me defender e para acusar", afirmou. "Tenho os e-mails das pessoas, dizendo olha, a gente sabe que é um faz de conta, eles fingem que estão negociando [a saída do senador da embaixada] e a gente finge que acredita.'

O Itamaraty preferiu não comentar as declarações.
Católico praticante, ele chorou ao dizer que "ouviu a voz de Deus" para tirar Molina da embaixada.
Saboia contou detalhes da tensa viagem de La Paz até a fronteira com o Brasil, na qual Molina vomitou e todos começaram a rezar quando a gasolina do carro estava quase acabando.
O diplomata conversou com a reportagem em três ocasiões diferentes, todas antes do anúncio da saída de Patriota --após a queda, Saboia não foi localizado. Leia abaixo os principais trechos da entrevista:
A decisão
Eu vinha avisando [o Itamaraty] que a situação estava em franca deterioração, e a gente tinha que pensar em contingências, como levá-lo para a residência [oficial da embaixada], para uma clínica na Bolívia, para o Brasil. Vim a Brasília duas vezes para dizer: "A situação está ruim, estou sob pressão." Mandei uns 600 telegramas, falei que era insustentável. Não sou médico nem psiquiatra, mas, diante de uma situação limite, tomei essa decisão. O médico boliviano atestou dias antes que ele estava num estágio perigoso de depressão. Ele [o senador] estava com um papo de suicídio. Aí podem dizer: "Ah, é uma manipulação". Pode ser, mas é preciso correr esse risco?
Não me arrependo e aceito as consequências. Ouvi a voz de Deus. Estou amparado pela Constituição e pelos tratados internacionais assinados pelo Brasil. Fiz uma opção por um perseguido político, como a presidente Dilma fez em sua história.

Alan Marques/ Folhapress
Diplomata Eduardo Saboia chora ao falar que 'ouviu a voz de Deus'
Diplomata Eduardo Saboia chora ao falar que 'ouviu a voz de Deus'
'Faz de conta'
Eu perguntava da comissão [bilateral, para resolver a questão do senador], e as pessoas me diziam: "Olha, aqui [no Brasil] é empurrar com a barriga." Ninguém me disse isso por telegrama, porque não são bobos. Mas tenho os e-mails das pessoas, dizendo "olha, a gente sabe que é um faz de conta, eles fingem que estão negociando e a gente finge que acredita". A comissão não tinha prazo para terminar, era um faz de conta.
Ameaça
O Itamaraty quer saber o que aconteceu. Vou prestar os esclarecimentos, e espero que haja sensatez. Se vierem para cima, tenho elementos de sobra para me defender e para acusar: a questão da omissão... Se a gente entrar numa questão legal, vai ser uma lavação de roupa suja que todo mundo vai sair prejudicado. Se quiserem me crucificar, vai ser uma burrice. Não sou da oposição, votei na Dilma. Mas não podia me omitir. E foi resolvido um problema político. A situação envenenava as relações [Brasil-Bolívia], impedia uma viagem da presidente. Tiramos o bode da sala. Mas, se você me perguntar, "fez bem para minha carreira?", vou dizer: "Não".
Na embaixada
Você imagina ir todo dia para o seu trabalho e ter uma pessoa trancada num quartinho do lado, que não sai? E você é quem a impede de receber visitas. Aí vem o advogado e diz que, se ele se matar, você será o responsável. O senador estava havia 452 dias sem tomar sol, sem receber visitas. Eu me sentia como se fosse o carcereiro dele, como se eu estivesse no DOI-Codi [centro de repressão do Exército durante a ditadura]. O asilado típico fica na residência [do embaixador], mas ele estava confinado numa sala de telex, vigiado 24 horas por fuzileiros navais.
Viagem tensa
Não teve pirotecnia, carteirada' ou suborno. Cruzamos a fronteira às claras. Fomos parados várias vezes, porque a Bolívia tem controles de pedágio e antinarcóticos. Teve uma hora que eles olharam dentro do carro com lanterna e tudo, mas nem pediram documento dele. Foram 22 horas, 1.600 quilômetros. Pegamos névoa, gelo, frio. Saímos de 4.600 metros [de altitude] até 400 metros. Não paramos para nada, foi tudo direto. Só tinha umas nozes e umas bananas para comer, mais nada. O senador passou mal, vomitou. Fiquei acordado todo o tempo, conversando com meu motorista e me comunicando com o outro pelo rádio para saber se ele estava acordado. Na reta final, fomos ficando sem gasolina e aí começamos a, literalmente, rezar. Eu, católico, e o senador, evangélico. Peguei a Bíblia, abri nos Salmos e li. Foi o milagre da multiplicação da gasolina.
(ELIANE CANTANHÊDE, ISABEL FLECK E PATRÍCIA CAMPOS MELLO)