Dilma e Obama discutiram espionagem em encontro do G20, confirma Casa Branca
A Casa Branca confirmou que Dilma
Rousseff e
Barack Obama discutiram as recentes denúncias de espionagem à
presidente em uma conversa à margem da cúpula do G20 nesta quinta-feira
(5), informa a agência Reuters, citando uma autoridade da residência
oficial do presidente dos EUA.
No último fim de semana, uma reportagem da TV Globo
denunciou
a existência de documentos secretos, vazados pelo ex-técnico da CIA
Edward Snowden, que mostram que a inteligência norte-americana teria
monitorado conversas entre Dilma e seus principais assessores.
O grampo afetaria também comunicações do presidente do México, Henrique
Peña Nieto, segundo a denúncia. Nieto disse durante entrevista na
cúpula que conversou com Obama e que este assegurou que vai promover uma
"investigação completa".
"Ele me informou de forma clara que ele também está interessado em
resolver a questão para que ela não vire algo que eventualmente possa
manchar o relacionamento que estamos construindo", disse o presidente
mexicano em entrevista à rede de TV local Televisa.
Dilma e Obama se reúnem
O presidente americano, Barack Obama, e Dilma Rousseff se reuniram
nesta quinta-feira à noite --horário da Rússia-- em um encontro paralelo
à cúpula de chefes de Estado do G20, informou a Casa Branca. "O
presidente se reuniu com a presidente Rousseff entre a primeira reunião
plenária do G20 e o jantar" de trabalho, acrescentou.
De acordo com o Twitter do Blog do Planalto, a reunião ocorreu logo depois da abertura do evento.
Obama e Dilma chegaram sozinhos nesta quinta ao jantar oficial do G20, e
muito atrasados em comparação com os demais chefes de Estado e de
governo. O americano caminhava sozinho por volta das 17h50 GMT (14h50 de
Brasília), cerca de meia-hora após o restante dos convidados, pela
avenida que leva ao palácio de Peterhof.
Pouco antes foi a vez de Dilma passar pelo local, também atrasada. As
relações entre Brasil e Estados Unidos foram afetadas pelas recentes
revelações da imprensa segundo as quais a presidente brasileira foi alvo
de espionagem por agência americana.
Mais cedo,
um assessor da Casa Branca havia dito presidente americano deveria se explicar pessoalmente à Dilma "a
natureza dos esforços de inteligência" dos EUA, após denúncias de que
conversas da brasileira teriam sido espionadas pela NSA (agência
nacional de segurança).
Ben Rhodes, vice-assessor de segurança para comunicações estratégicas
da Presidência americana, disse que "a relação com o Brasil é muito
importante (para os EUA), não apenas nas Américas, mas no mundo".
"Entendemos o quanto isso [a questão de espionagem] é importante para os
brasileiros. O que estamos fazendo neste caso, como fizemos desde que
as revelações sobre a NSA vieram à tona, é olhar amplamente às alegações
e aos fatos", agregou o assessor.
"Coletamos dados de inteligência sobre praticamente todos os países do
mundo. Se há preocupações que possamos esclarecer, faremos isso."
Mal-estar
As revelações de espionagem causaram mal-estar relação bilateral e
colocaram em dúvida a visita de Estado que Dilma deve fazer aos EUA em
outubro. Hoje, o Planalto confirmou que cancelou a ida aos EUA, no
sábado (6), de uma equipe brasileira que faria os preparativos da viagem
oficial da presidente.
O governo não confirma se a equipe agendará nova data para a viagem.
Na segunda-feira (2), o ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto
Figueiredo, classificou o episódio como "uma inadmissível e inaceitável
violação da soberania brasileira" e pediu "explicações formais por
escrito" --ainda que adotando cautela quanto a eventuais retaliações
brasileiras.
A assessoria do vice-presidente americano, Joe Biden, disse que os EUA
"continuarão a trabalhar com as autoridades brasileiras" para explicar
as denúncias de espionagem e agregou que "o convite para a visita de
Estado da presidente Rousseff reflete o interesse dos EUA em aprofundar
esse relacionamento vital".

Questões que podem azedar a reunião da cúpula do G20
Denúncias
de que a presidente Dilma Rousseff teria sido espionada pela NSA
(agência de segurança dos EUA) podem contaminar conversas entre ela e
Barack Obama. O Planalto não descarta cancelar a visita aos EUA,
prevista para outubro. A presidente estuda um comunicado conjunto com os
Brics contra "ações que afetam a soberania dos países". Para agradar à
presidente, Obama cogita dar apoio à pretensão brasileira de ocupar uma
vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. A foto é da visita
oficial feita pela chefe de Estado brasileiro aos EUA no final do ano
passado Brendan Smialowski/Afp
Por volta das 17h20 GMT (14h20 de Brasília), a maioria dos convidados
para o jantar concedido pelo presidente russo, Vladimir Putin, já
estavam no imponente edifício, ricamente iluminado para a ocasião.
Nas imagens da televisão foi possível ver, por exemplo, a presidente
argentina, Cristina Kirchner, conversando com o anfitrião, ou o
presidente francês, François Hollande, conversando com o
primeiro-ministro britânico, David Cameron, e com a chanceler (premiê)
alemã, Angela Merkel.
A crise da Síria, que provocou divisões entre os Estados Unidos e a
Rússia, toma conta deste G20, deixando em segundo plano a agenda oficial
deste encontro dos principais países desenvolvidos e emergentes. Putin
anunciou que o tema seria abordado durante o jantar. (Com Reuters)