Falso paladino da ética
Chinaglia compara Eduardo Cunha a Demóstenes Torres
‘Já
teve senador muito eloquente pedindo CPI, que depois foi flagrado na
Operação Cachoeira’, disse o candidato do PT à Presidência da Câmara

Petista
Arlindo Chinaglia atacou o rival na disputa pela Presidência da Câmara,
Eduardo Cunha (foto), do PMDB, que defende vigorosamente uma nova CPI
da Petrobras (Foto: Antonio Augusto)
O deputado federal Arlindo Chinaglia (PT/SP) comparou nesta
terça-feira, 13, o líder do PMDB na Casa Eduardo Cunha ao ex-senador
Demóstenes Torres.”Defender uma CPI de forma genérica é uma tentativa de
se credenciar. Não preciso disso. Porque alguém defende tanto uma CPI?
Já teve senador muito eloquente pedindo CPI, que depois foi flagrado na
Operação Cachoeira”, ironizou o petista no Piauí, onde faz campanha para
a Presidência da Câmara.

O
ex-senador do DEM Demóstenes Torres era tido como o paladino da ética,
mas foi cassado após ligação com o bixeiro Carlos Cachoeira (Foto: EBC)
Demóstenes ficou famoso por criticar a
falta de ética de outros parlamentares, mas foi cassado em 2012 por seu
envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira, pego da Operação
Monte Carlo, da Polícia Federal.Na semana passada, o líder do PMDB
Eduardo Cunha, que também disputará a Presidência da Casa, passou pelo
Estado.Em Teresina, Cunha disse, na ocasião, que quem não queria a CPMI
da Petrobrás é porque tinha medo da investigação.
Segundo Chinaglia, “para defender que deveria ter uma nova CPI,
alguém teria que ter conhecimento sobre até onde vão as informações do
caso. Os depoimentos estão aguardados. Para defender uma nova CPI, teria
que ter o chamado fato determinado.”, advertiu, dizendo que sua
história lhe credencia e ele não precisa disso para se afirmar como
candidato.
Seu adversário na disputa pela presidência, Cunha foi citado nos
depoimentos da delação premiada do doleiro Alberto Youssef como sendo um
dos beneficiários do esquema revelado pela Operação Lava Jato. Além
disso, em um depoimento à Polícia Federal no ano passado, o agente da PF
Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como “Careca” afirmou que
entregou dinheiro para o peemedebista a pedido de Youssef. Careca é
apontado pelos investigadores como um dos “carregadores de malas” do
doleiro.
Sobre a disputa na Câmara, Chinaglia comentou que existe muita
divisão entre os parlamentares na eleição da Câmara. “Eu diria que quase
todas as bancadas se dividem na eleição da Câmara. Ser da base não
anula divergências. Ali não é votação na pessoa jurídica, é na pessoa
física. Os deputados escolhem aquele que entendem ser o que vai conduzir
melhor a Câmara. Vai haver divisão na base e na oposição também. É
normal. A eleição na Câmara não é uma continuidade da disputa das
eleições gerais”, argumentou.
No Piauí, Arlindo Chinaglia admitiu que deve ser votada uma reforma
política negociada na Câmara ainda este ano. Ele frisou que não será tão
ampla quanto muitos gostariam, mas tem que ter as mudanças. Chinaglia
já foi presidente da Câmara de 2007 a 2008, quando a reforma entrou na
pauta de votação.
“Quando eu era presidente da Câmara, coloquei em votação o relatório
do deputado Ronaldo Caiado (DEM). Aliás, os únicos dois partidos que
foram do começo ao final defendendo o projeto inicial da reforma
política foram o PT e o DEM. Na hora que caiu na pauta o financiamento
público e lista pré-ordenada, não evoluiu. A reforma não é tão ampla
como muitos gostariam”, comentou. (Luciano Coelho/AE)