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Landim desmente Freire

 Águas da transposição não chegarão no final deste mês

O deputado estadual Guilherme Landim (PDT), presidente da Comissão Especial de Acompanhamento das Obras do Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco, negou que “as águas chegarão no final deste mês”. A declaração foi uma resposta a manifestação do deputado federal Heitor Freire (PSL) que, através de vídeo publicado nas redes sociais, afirmou que o bombeamento das águas será iniciado no próximo dia 30 de agosto.
Guilherme disse que as dificuldades estão no atraso dos repasses pelo Governo Federal para a conclusão da obra. “Vejo com preocupação porque caso a obra não seja concluída rapidamente, todo o trabalho poderá ser perdido por causa do escaldante sol nordestino”.
O parlamentar destacou, ainda, que se o cronograma financeiro for cumprido, as águas chegarão no próximo mês, no município pernambucano de Salgueiro, de onde serão bombeadas para encher dois diques (barragens de Negreiros e Milagres). A primeira barragem levará 30 dias para encher (a partir de 1º de novembro) e a segunda, cerca de três meses (a partir de 4 de dezembro). “Esta é a realidade. Não podemos ficar enganando o cearense”, apelou.
A previsão é que, por volta de 20 de março do próximo ano, as águas cheguem à barragem de Jati, sendo essa a primeira parada no Ceará. Segundo Guilherme, o enchimento do açude deve durar 45 dias. “E só então essas águas poderão ser direcionadas, por meio do Cinturão das Águas, para o Castanhão”, explicou.
Segundo ele, não há previsão de preenchimento das barragens dos municípios de Brejo Santo, Mauriti e Barro, próximas paradas no trajeto das águas no Ceará.
Nesse ponto, Guilherme Landim elogiou a capacidade técnica do ministro Gustavo Canuto, mas destacou que “lhe falta força para garantir recursos para o Cinturão das Águas”. De acordo com o parlamentar, se pelo menos dois trechos centrais da obra do Cinturão das Águas, em Jati e Missão Velha, não estiverem concluídos, “não adiantará nada essas águas chegarem ao Ceará, pois nenhum cearense terá acesso a elas”.
“O Governo Federal empenhou, semana passada, R$ 90 milhões para conclusão de trechos centrais do Cinturão das Águas, e precisamos que esses repasses comecem a acontecer, para que possamos aproveitar o prazo do cronograma”, cobrou o deputado.
“Faltam apenas 9% para a conclusão da obra, e é justamente o trecho que garante a segurança do projeto e que garante o seu uso por muito tempo. Se esse dinheiro não chegar logo, pode ser que, no próximo inverno, não tenhamos condições de garantir a qualidade da obra”, alertou.
O parlamentar também apontou uma possibilidade de privatização da obra de transposição do São Francisco por parte do Governo Jair Bolsonaro. “As informações, entretanto, são desencontradas, mas vamos esperar a conclusão da obra e só depois trazer esse debate, do qual o Parlamento não pode se omitir”, disse.
Frente

Ele anunciou ainda sua participação como representante da AL no lançamento da Frente Parlamentar Interestadual para acompanhar a conclusão dessas obras, composta por parlamentares da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. O lançamento da frente acontece em Recife, no próximo dia 12, acontecendo nos demais estados que compõem a frente na sequência.
Os deputados Delegado Cavalcante (PSL), Patrícia Aguiar (PSD), Danniel Oliveira (MDB), Salmito (PDT) e Carlos Felipe (PCdoB) se posicionaram sobre o tema. Cavalcante afirmou que a conclusão da obra de transposição é uma das prioridades assumidas pelo presidente Jair Bolsonaro com o Nordeste. Patrícia Aguiar, por outro lado, cobrou os repasses para conclusão do Cinturão das Águas. “Se a obra não for alimentada com esses recursos, o Estado sozinho não terá condições de abarcar algo dessa magnitude”, considerou a deputada.
Danniel Oliveira lamentou a possibilidade de privatização da obra de transposição, que, segundo ele, já está 98% concluída. “O Governo tem uma dívida eterna com Nordeste no tocante ao abastecimento hídrico e, quando chega no momento de a água chegar aqui, temos uma notícia dessa?”, questionou. Ele afirmou que será o caso de todos os parlamentares irem a Brasília impedir a privatização, caso a possibilidade se mostre verdadeira.
Salmito lembrou que as duas obras garantem segurança hídrica para o Ceará, enquanto Carlos Felipe observou que a velocidade de conclusão da obra reduziu de 9% ao ano para 3% ao ano após o impeachment de Dilma Rousseff. Os deputados Elmano Freitas (PT), Sérgio Aguiar (PDT), Marcos Sobreira (PDT), Nezinho Farias (PDT), Júlio César Filho (Cidadania) e Fernando Santana (PT) também apoiaram o discurso de Guilherme Landim e ressaltaram a importância da conclusão da obra para o Nordeste.

Capa do jornal OEstadoCe


Coluna do blog



Eleições
Para analistas, o discurso do presidente B. acirra a polarização política que domina o País desde a eleição de outubro. Mas também pode servir a fins eleitorais nas disputas municipais do próximo ano, especialmente na região Nordeste - onde B. teve o pior resultado -, e até mesmo numa eventual tentativa de reeleição em 2022. "Os partidos que são base do governo, principalmente o PSL, precisam entrar no Nordeste. Ele tem esse atrito forte com os governadores do Nordeste porque ele tem um cálculo de que tem de 'quebrar' esses governadores para ter acesso ao eleitorado", disse o cientista político Marco Aurélio Nogueira. Para o sociólogo Rodrigo Prando,  B. não "está fazendo ou verbalizando nada de diferente do que ele foi durante a campanha ou como deputado". "A pergunta que fica é: esse grupo que apóia o presidente vai ser suficiente para garantir uma reeleição? Ainda é cedo. Mas as pessoas entenderam que não deve mudar, que essa será a tônica do mandato. Quem fica ressentido, preocupado, é quem não votou nele. Quem votou e concorda acha que está absolutamente correto.Na sexta feira,na reunião do ParlaNordeste, em Aracaju, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, José Sarto, enalteceu o envolvimento dos chefes de Legislativos estaduais e a defesa de pautas caras à região. Sarto defendeu a desconstrução da ideia de que gestores nordestinos defendam segregação, reforçando que, na verdade, a defesa que se faz é de que nordestinos são brasileiros e querem participação, mas de forma justa.
A frase: “Bolsonaro pode aguardar pelos efeitos inevitáveis da mais certa, embora jamais escrita, de todas as leis: a do retorno”. Reinaldo Azevedo.



Credencial (Nota da foto)
O deputado Soldado Nélio pediu licença na Assembléia do Ceará. No lugar  assumiu o colega, lá dele, Tony Brito, inspector de polícia. Pra demarcar espaço tem ido ao púlpito da Casa com o medalhão da Civil no peito. Ás vezes leva junto o escudo.

Cearense na carne
O Ceará consome por semana duas mil toneladas de carne bovina. É dado do sindicato da carne. Deve dar uns 40 quilos por ano, por cabeça.

Não divida
Os números acima não podem ser divididos por toda a população de 7 milhões de cearenses.  Tem de nós que faz anos não vê um osso na mistura.

Jornalistas em Congresso
De 22 a 24 deste mês, jornalistas de todo o Brasil se reunirão em Fortaleza no XXXVIII Congresso Nacional da categoria. Darão posse à nova Fenaj e a Comissão Nacional de Ética.

Sabedoria
Arrumaram uma forma de tirar Lula do circuito. Autorizaram a ida dele pra São Paulo.De mudança. São Paulo dará “Bom dia Lula” todo dia? Será santo de casa.Começou assim. O SUpremo vetou. Veremos, veremos.

O troco do petróleo
O deputado Salmito (PDT) protocolou requerimento para a realização de audiência pública para debater e sugerir o repasse dos royalties do petróleo, explorado na camada  pré-sal, para os municípios e estados brasileiros.

Alôò congressistas!
“Nós podemos e devemos ter soluções para o Brasil. A partir deste ano e pelos próximos 10 anos vamos receber bilhões de reais das receitas do petróleo do pré-sal, e o Congresso Nacional ainda não definiu como essa receita vai para estados e municípios”, salientou Salmito.

The end
"E no fim, o amor que você leva é o amor que você deu". Jhon e Paul, aqueles meninos de um tal de Beatles. Sabe quem foram os Beatles?



Bom dia


Esse tal de VAR vai acabar com o futebol e a alegria de seus erros, já disse aqui.

Faustão reclama de atraso de jogo por causa do VAR: "Grande palhaçada"

Faustão reclama de atraso em partida do Campeonato Brasileiro  - Reprodução/TV Globo
Faustão reclama de atraso em partida do Campeonato Brasileiro Imagem: Reprodução/TV Globo
Jonathan Pereira
Colaboração para o UOL

Fausto Silva não gostou do atraso do jogo entre Palmeiras e Bahia, que fez seu programa começar quase dez minutos depois do previsto. O apresentador deu seu recado logo no início do Domingão do Faustão de hoje.
"Chegando o Domingão na sua televisão ara a galera que estava curtindo os jogos do Brasileirão com a grande palhaçada do VAR. Já pode pegar 'VAR para a casa do chapéu. Nós vamos até as 21h10, logo depois tem o Fantástico", disse.
Depois da primeira prova das Olimpíadas do Faustão, ele recapitulou os jogos da rodada e chamou a atenção da equipe. "Falta pegar os resultados, viu, Dai [Daiane de Paula, promovida recentemente como assistente], esqueceu, ficou pensando no seu Jamil lá de Campo Mourão (PR), esqueceu de pegar o resultados aqui. Só falar com o [José Armando] Vanucci, que ele também de vez em quando faz rádio escuta, lembrando os tempos de [rádio] Jovem Pan", continuou.
Não é a primeira vez que Faustão se queixa dos jogos. Em 14 de abril, ele mandou um recado aos dirigentes, ao vivo. "Nós começamos às 18h10, graças ao glorioso futebol, que está sempre atrasado. Alô Rogério Caboclo, vamos endireitar essa CBF, nem no horário o futebol consegue terminar ou começar, não é mesmo?", disse, dirigindo-se ao presidente da Conferação Brasileira de Futebol".

Ceni pede pra sair, paga multa, deixa Fortaleza e vai pro Cruzeiro


Ver imagem no Twitter 
O Fortaleza anunciou hoje (11) a despedida do técnico Rogério Ceni, que acertou a ida para o Cruzeiro. A confirmação foi feita no perfil oficial do clube no Twitter.
"O clube, através de seu corpo diretivo, jogadores, funcionários e principalmente o torcedor, agradece todo o trabalho desenvolvido, é muito grato pelas conquistas e a certeza de que o legado de Rogério Ceni permanecerá. Fortaleza ainda informa que Rogério aceitou o convite feito pelo Cruzeiro Esporte Clube e que será ressarcido através de multa contratual", disse o Fortaleza no Twitter.

O clube nordestino também confirmou que Ceni se despediu hoje do elenco e não vai comandar o time na partida contra o CSA, que acontece nesta segunda-feira. O treinador do sub-20, Marconne Montenegro assumirá a equipe de forma interina.
Desta forma, Ceni é aguardado já no início da semana na Toca da Raposa para conhecer seus novos jogadores e iniciar os trabalhos no Cruzeiro. O treinador irá assinar com o clube até dezembro de 2020. Além de tirar o time da situação incômoda no Campeonato Brasileiro, Ceni ainda terá uma partida importantíssima contra o Internacional, pela Copa do Brasil. Ainda vivo na competição, o Cruzeiro perdeu o primeiro jogo por 1 a 0 dentro do Mineirão, resultado que teve como consequência a saída de Mano Menezes.
 

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Icó domina feira do Iguatu




A Prefeita de Icó Laís Nunes e o Secretário de Agricultura e Recursos Hídricos, Edilberto Amâncio, participaram na manhã deste sábado (10), no Parque de Exposições do município de Iguatu, da “III EXPOAF – Exposição de Produtos Oriundos da Agricultura Familiar do Centro Sul e Vale do Salgado.
Também estiveram presentes, o Secretário da SDA(Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará), De Assis Diniz, o Chefe da Casa Civil Nelson Martins (representando o Governador Camilo Santana), os prefeitos de Iguatu, Ednaldo Lavor; do Quixelô, Fátima Vieira; os Deputados Estaduais Marcos Sobreira, Moisés Bráz e Nizo Costa; Secretários de Agricultura de vários municípios; a Assessora de Relações Institucionais de Icó, Ana Glesse, o líder político, Eliseu Amâncio e o Presidente da Federação das Associações Comunitárias de Icó, João Parnaíba, dentre outros líderes políticos e comunitários.
O evento foi organizado pelo “Instituto Elo Amigo” em parceria com diversas Entidades Sindicais, Governo do Estado do Ceará e Municípios da Região do Centro Sul e Vale do Salgado.
Na oportunidade, foi assinado a Ordem de Serviço da recuperação da malha viária asfáltica dos Municípios de Iguatu a Quixelô, pelo Governo do Estado e, também, foram entregues títulos de terras e de propriedade rural de Icó e região.
“Quero em nome do governador Camilo Santana desejar boas vindas a prefeita Laís Nunes. Essa mulher trabalhadora que está fazendo um brilhante trabalho a frente do município de Icó”, disse Nelson Martins.
A prefeita Laís Nunes agradeceu o “carinho do governador Camilo Santana para com ela e o povo do município de Icó e, disse que em breve, estará indo ao Icó levar mais projetos e benfeitorias aos munícipes”.
O Secretário de Agricultura e Recursos Hídricos, Edilberto Amâncio, ressaltou “que a cada ano que passa a feira se organiza e cresce mais de forma regional”.
O agricultor icoense, Mateus Coelho, se emocionou ao receber o título de terra de sua propriedade e agradeceu o esforço da prefeita Laís Nunes em conseguir esse valioso benefício”.
O bispo diocesano de Iguatu, Dom Edson de Castro Homem, abençoou a feira.
Após a entrega de títulos de terra, a prefeita Laís Nunes foi com sua comitiva visitar os expositores do município de Icó, que levaram mel, caldo de cana, côco, banana, goiaba, jerimun e artesanatos, entre outros produtos para a feira.
Ao todo 140 agricultores de Icó participaram da feira que está sendo realizada no município de Iguatu.

Médicos da familia em Fortaleza


Solenidade marca início das atividades de 150 profissionais do Programa Médico da Família Fortaleza

Nesta segunda-feira (12), os quase 150 médicos que integram o Programa Médico da Família Fortaleza darão início aos trabalhos nos postos de saúde da Capital. A solenidade que marca oficialmente o início das atividades dos profissionais será realizada na Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), e contará com a presença do governador Camilo Santana e do Prefeito Roberto Cláudio.

Regulamentado pelo Governo do Ceará, em decreto assinado em março de 2019, o Programa Médico da Família Ceará visa estimular a qualificação e valorização de profissionais da saúde no âmbito da atenção primária à saúde por meio de Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Atenção Primária à Saúde (APS), ofertado pela ESP/CE.

O programa surgiu como parte de uma política de fortalecimento da atenção primária, possibilitando o complemento de equipes de Estratégia da Saúde da Família e fomentando o interesse de médicos para o trabalho nos Postos de Saúde.

A formação terá duração máxima de um ano, com pagamento de uma bolsa mensal no valor de R$ 11.865,00, custeada pelo Tesouro Municipal de Fortaleza, além de carga horária que contemplará 1.920 horas distribuídas entre atividades práticas de treinamento em serviço, atividades didáticas presenciais e/ou a distância, que inclui a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e outras definidas pela coordenação do Programa.

Ta no UOL

No primeiro semestre sob Bolsonaro, 44 indicadores pioram e 28 melhoram

Levantamento aponta deterioração na educação e no ambiente e equilíbrio na economia

Loterias


Mega-Sena deste sábado acumulou; veja os números sorteados
Além da Mega, a Caixa também sorteou os números da Quina, do Dia da Sorte, Timemania, Dupla Sena e Loteria Federal

Seis loterias da Caixa Econômica Federal foram sorteadas na noite deste sábado (10/8): Destaque para o concurso 2178 da Mega-Sena, com previsão de prêmio de R$ 5 milhões para o bilhete ganhador. Foram sorteados também a Quina (5043); o Dia de Sorte (187); a Timemania (1368); a Dupla Sena (1972); e a extração 5413 da Loteria Federal. Confira os resultados.
A Mega-Sena teve o seguinte resultado: 02-16-21-42-50-56. O prêmio acumulou.
O Dia de Sorte, com prêmio estimado em R$ 300 mil, apresentou o seguinte resultado: 01-03-06-15-17-23-26-41. E o mês da sorte é outubro. Duas apostas acertara, do Piauí e de um ponto eletrônico.
A Dupla Sena, com prêmio estimado em R$ 1,1 milhão, teve os seguintes números sorteados: 02-06-11-14-27-41 no primeiro sorteio; 25-27-38-45-47-48- no segundo sorteio. Não houve ganhadores.
A Quina, com prêmio estimado em R$ 8,2 milhões, sorteou os seguintes números: 17-29-33-44-55-70. Uma aposta da Bahia acertou os números.

O Brasil na imprensa europeia


Santa Cruz. A saga da família que Bolsonaro atacou

Após as acusações do presidente, enquanto cortava o cabelo em direto na internet, sobre a causa do desaparecimento de um preso político na ditadura militar há 45 anos, a palavra impeachment voltou a ouvir-se no Brasil, esquerda e direita uniram-se em repúdio e até o Supremo quer explicações.
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"Nós chegamos a casa muito felizes, muito contentes, chamamos o Felipe e dissemos: "Felipe, o seu pai vai voltar, ele estava só viajando". Hoje acho que foi um erro".
A frase, de 7 de agosto de 1974, retirada do livro "Onde Está o Meu Filho", é de Ana, viúva do desaparecido da ditadura militar Fernando Santa Cruz e mãe de Felipe Santa Cruz, o hoje bastonário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que, depois de desagradar Jair Bolsonaro, ouviu o presidente da República, em retaliação, insinuar que sabia o que tinha acontecido ao seu pai.
Aquele momento de felicidade e contentamento do dia 7 de agosto de 1974 foi também um dos raros sopros de esperança da família ao longo de 45 anos de desespero kafkiano, por entre visitas a quartéis, hospitais, cemitérios e encontros com autoridades.
Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, nascido no Recife em 1948, quinto de dez filhos de dr. Lincoln, médico, e Dona Elzita, começou a militância política contra o regime na Igreja Nossa Senhora de Fátima, como membro da Ação Popular Marxista Leninista, braço da juventude católica, na capital de Pernambuco.
Em 1967 foi preso pela primeira vez durante um protesto e em 1969, após a invasão da polícia a sua casa, só não foi detido porque Dona Elzita distraiu os agentes e ele escapou para o apartamento dos vizinhos.
Mudou-se, na sequência, para o Rio de Janeiro, onde se matriculou em direito. Mais tarde, já casado com Ana, desde 1970, e já pai de Felipe, o hoje bastonário, desde 1972, encontrou emprego como funcionário público em São Paulo.
"A relação do Fernando com o Felipe era muito bonita, muito forte, ele era um pai para todas as tarefas, trocar fraldas, dar biberão, acordar de noite, levar para a creche, trazer da creche, como eu trabalhava o dia inteiro, quando eu chegava, o Felipe já tinha tomado a sopa e estava dormindo", contou Ana.
"Eu sentia ciúmes: dizia que o Felipe gostava mais do Fernando do que de mim, o que me dói é que hoje, para o Felipe, o Fernando seja só um nome na memória, uma fotografia na parede".
Em 1974, a família decidiu passar o Carnaval no Rio, onde Fernando tinha encontro marcado com o amigo de infância Eduardo Collier Filho, a viver na clandestinidade há já cinco anos. No dia 23 de fevereiro, sábado, saiu de t-shirt quadriculada, calções amarelos e chinelos e deixou uma recomendação, a última recomendação: "Se eu não voltar até às 6 da tarde é porque fui preso".
Daquele dia, que para os Santa Cruz só acabou 45 anos depois, sabe-se apenas que o apartamento de Collier, em Copacabana, foi invadido pela polícia, conforme relatou o porteiro do prédio, e que os dois terão sido detidos numa esquina, apesar de Fernando, 26 anos, não ter sido jamais vinculado em nenhum relatório da ditadura a qualquer ato violento ao longo da vida, de ter morada fixa e conhecida, de ser estudante de direito e de ser um funcionário público de personalidade descrita por toda a gente como pacata.
Após dias de buscas desesperadas, a família recebeu um telefonema anónimo a 13 de março a dizer que os dois estavam no DOI-Codi, órgão semelhante à PIDE portuguesa, do II Exército, comandado até janeiro daquele ano pelo temido torturador Brilhante Ustra. Lá, um guarda prisional que respondia pela alcunha de "Marechal" recebeu as malas de roupas dos familiares mas mandou os Santa Cruz voltarem quatro dias depois, um domingo, à hora das visitas.
No domingo, o chefe de serviço do II Exército, que se apresentou como "Dr. Homero", negou a presença de Fernando e Eduardo no local e devolveu as malas.
Um detalhe, no entanto, chamou a atenção da família: "Marechal", na hora de receber malas com roupas para Fernando Santa Cruz, acrescentou Oliveira ao formulário, sem que ninguém mencionasse o último nome do detido, sinal de que sabia de quem se tratava e de que ele estaria mesmo ali.
Anos depois, investigações de parentes de mortos e desaparecidos revelaram que o "Marechal" e o "dr. Homero" que atenderam os Santa Cruz constavam na lista dos mais notórios torturadores do regime militar.
A 26 abril de 74, um dia depois da Revolução dos Cravos portuguesa, um representante da Cruz Vermelha disse às famílias que Santa Cruz e Collier estavam presos, de facto, e gozavam de boa saúde. As famílias enviaram-lhes cartas, cujas respostas jamais chegariam. E em meados de maio, a mesma Cruz Vermelha parou de dar notícias, para desalento de todos.
Chegou então o tal dia 7 de agosto em que os Santa Cruz voltaram a casa "muito felizes, muito contentes" e chamaram Felipe para lhe dizer que o pai só estava "viajando" e "ia voltar". Em audiência, marcada pelo bispo Paulo Evaristo Arns, com o general Golbery do Couto e Silva, ministro do Casa Civil do presidente Ernesto Geisel, ouviram da boca do poderoso mandatário a garantia de que o caso de Fernando tinha solução e de que poderiam ir para casa descansados que tudo seria resolvido.
Não foi.
Dona Elzita, que passou a liderar a saga da busca por informações de Fernando, que o diga: daquela data até junho, quando morreu aos 105 anos, percorreu quartéis, cemitérios e manicómios, fez peregrinações ao Congresso Nacional, marcou encontros com autoridades, suplicou por respostas de organizações internacionais, de presidentes do Brasil e até dos Estados Unidos e manteve por todos os anos a mesma morada e a mesma linha telefónica na esperança de um dia ouvir do outro lado a voz do filho.
"Hei de vê-lo voltar, o meu doce consolo, o meu filhinho, passam-se anos e o véu do esquecimento baixando sobre todas as coisas tudo apaga, menos da mãe, no triste isolamento, a saudade que o coração esmaga", costumava declamar.
Filipe, filho de Fernando, neto de Dina Elzita e hoje líder da OAB, escreveu aos 11 anos, em dezembro de 1983, um texto sobre o pai. "Todo o mundo poderia pensar que eu escreveria uma carta triste mas não, eu escreverei uma carta dizendo tudo o que eu acho. Eu tenho ideia de como seria o meu pai, devia ser um homem que lutava contra a ditadura do presidente [Emílio Garrastazu] Médici, que foi uma das que mais teve repressão, e morreu como muitos que tentaram o mesmo".
Dona Elzita chegar a contestar publicamente a declaração oficial do ministro da justiça Armando Falcão, na televisão, de que no Brasil não havia desaparecidos, torturados ou sequestrados e que Santa Cruz estava clandestino; a confrontar o temido general do exército Antônio Bandeira em reunião no terraço da casa dele; a entregar, por meio do arcebispo Dom Helder Câmara, um pedido de ajuda ao casal presidencial americano Jimmy e Rosalynn Carter; a investigar a informação, falsa, de que Collier havia sido localizado em França; e a procurar Fernando, com base noutra pista errada, num hospital psiquiátrico na região de São Paulo.
Após anos a fio de buscas em quartéis país afora, à procura de documentos, e em cemitérios, para achar ossos do filho, Dona Elzita foi em 2007 ao Rio de Janeiro verificar se um homem muito parecido com Fernando, enterrado como anónimo pedinte, era o seu filho. Não era.
Correu ainda a versão de que Santa Cruz teria morrido em São Paulo e sido enterrado numa vala clandestina no Cemitério de Perus. Dona Elzita doou material genético em 2014, aos 102 anos, para possível identificação dos restos mortais de Fernando dentre as mais de 1000 ossadas encontradas em Perus mas os resultados ainda não são conhecidos.
O mistério terá sido resolvido, entretanto, por Cláudio Guerra, ex-delegado de outro órgão de repressão da ditadura, o DOPS. Segundo ele, Fernando teria sido levado para a Casa da Morte, como era conhecido o centro de tortura e execução de Petrópolis e o seu corpo incinerado na fábrica Cambahyba, no estado do Rio de Janeiro. Essas declarações, inicialmente publicadas no livro "Memórias de Uma Guerra Suja", de Marcelo Netto e Rogério Medeiros, foram confirmadas pelo próprio ex-delegado, posteriormente, à Comissão da Verdade, órgão que investiga, sem poder punitivo, violações dos direitos humanos na ditadura.
Ainda de acordo com a Comissão da Verdade, o ex-sargento do exército Marival Chaves Dias do Canto afirmou em depoimento que havia um esquema de encaminhamento dos presos para locais clandestinos de repressão, como a Casa da Morte, e que Collier e Santa Cruz foram vítimas dessa operação.
Em 2014, aquela comissão recomendou que no atestado de óbito de Fernando constasse "morte não natural, violenta, causada pelo estado brasileiro" - recomendação cumprida, finalmente, no mês passado, pela Comissão de Mortos e Desaparecidos, órgão destinado a localizar vítimas do regime militar.
Com a certidão de óbito, a história do desaparecimento de Santa Cruz, assim como a saga de Dona Elzita, de Felipe e restante família, teria, 45 anos depois, um final. Não um final feliz mas, pelo menos, um final com um pedido de desculpas do estado, um final com respostas, um final digno.
Até ao capítulo inesperado do último dia 29, quando o presidente Bolsonaro chamou a Comissão da Verdade de "balela".
"Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto-lhe. Ele não vai querer ouvir a verdade. Mas eu conto-lhe", disse Bolsonaro numa manhã em Brasília.
À tarde, enquanto cortava o cabelo ao vivo nas redes sociais, prosseguiu: "Eles [o grupo de oposição ao regime a que Fernando pertencia] resolveram sumir com o pai do Santa Cruz. Essa é a informação que eu tive na época sobre esse episódio", declarou Bolsonaro, sem apresentar provas do que afirmava.
"Isso é o que aconteceu, não foram os militares que mataram ele, não, 'tá? É muito fácil culpar os militares por tudo o que acontece. Isso mudou. Mudou através do livro "A Verdade Sufocada", o depoimento do [torturador] Brilhante Ustra".
Dias depois, trocou quatro membros da Comissão de Mortos e Desaparecidos, nomeando dois militantes do seu partido de extrema-direita, o PSL, e dois ex-militares, um deles com posições públicas de exaltação a Ustra. O próprio presidente chamou o torturador de "herói nacional", na sequência, e recebeu a viúva no Palácio do Planalto.
Também dias depois, após críticas ao presidente da esquerda à direita e da palavra impeachment ter sido aflorada novamente no Brasil, inclusivamente pelo subscritor do de Dilma, em 2016, o jurista Miguel Reale Júnior, o Supremo Tribunal Federal deu um prazo de 15 dias para que o presidente da República esclareça o que quis dizer sobre a morte de Fernando Santa Cruz.
Pode ser uma mera formalidade mas é uma formalidade simbólica: pela primeira vez um militar, capitão na reserva no caso, é solicitado a prestar esclarecimentos sobre crimes da ditadura perante o Supremo do Brasil.
Nota: já depois da conclusão desta reportagem, a Petrobras, estatal petrolífera, cancelou contrato com o escritório do advogado Felipe Santa Cruz. No ano passado, Santa Cruz havia ganho uma causa para a empresa estimada em cinco mil milhões de reais [cerca de 1,1 milhões de euros]. O advogado e bastonário da OAB afirmou que se trata "claramente de uma perseguição política em curso" e que vai pedir reparação de danos aos tribunais.