Indicação, feita pelo Legislativo, ainda precisa seguir alguns ritos. Dos 46 deputados, 39 assinaram indicação da esposa de Camilo Santana
O nome da secretária estadual de Proteção Social e ex-primeira dama do Ceará, Onélia Santana, foi confirmado para a indicação na vaga de conselheira do Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE). Ela deve assumir a vaga aberta com a morte do conselheiro Alexandre Figueiredo, falecido em junho. A indicação, feita pela Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), ainda precisa seguir alguns ritos, mas o nome da também esposa do ministro da Educação e ex-governador Camilo Santana (PT) já conta com amplo apoio da base governista na Casa.
O líder do governo e presidente eleito da Alece, deputado estadual Romeu Aldigueri (PDT), havia informado pela manhã dessa terça-feira (10), ainda na sessão plenária da Casa, que pelo menos 37 deputados do total de 46 já haviam assinado o requerimento com a indicação de Onélia Santana para a vaga no TCE. Depois, a lista foi atualizada, passando a 39 o número de deputados apoiando a indicação de Onélia, ao menos até o fechamento desta matéria.
Nesta quarta-feira (11) será feita a leitura do requerimento na Alece, iniciando o trâmite do processo de indicação. Após isso, a indicação vai para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alece, depois segue para a aprovação em plenário. O líder do PT e do bloco governista na Casa, deputado De Assis Diniz (PT), prevê que a sabatina com Onélia ocorra entre segunda ou terça-feira da próxima semana. Até lá, segundo ele, continua o diálogo sobre o tema entre os deputados.
Polêmica na indicação
O nome de Onélia Santana para o TCE já vinha sendo ventilado nos bastidores e agora é confirmado, estando em volta em uma polêmica, especialmente pelo seu vínculo com Camilo Santana, principal liderança do grupo político que ocupa atualmente o Governo do Estado. É função dos membros desse Tribunal fiscalizar e julgar a aplicação dos recursos pelos gestores públicos, tanto a nível de Estado como nos municípios. Uma das principais tarefas da Corte é julgar as contas do governador.
Apesar da escolha para o cargo de conselheiro do TCE comumente ter um viés político, ela deve atender a alguns critérios técnicos, por exemplo, a exigência de mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija “notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública”, conforme determina a Lei Orgânica da Corte.
Reações entre deputados
Deputados da oposição fizeram duras críticas à escolha de Onélia Santana para o TCE cearense. Líder da oposição, o deputado Sargento Reginauro (União Brasil) falou em “prática obscena e patrimonialista”. Ele citou que outras pessoas da família de Camilo Santana já ocupam cargos públicos importantes no Ceará e destacou que Onélia será responsável por fiscalizar aliados do seu marido.
“Nós não temos melhores quadros? A vaga, em tese, pertence à Alece. O ex-governador tem um monopólio com 60% de prefeituras. Como a conselheira vai analisar as contas dos aliados do seu marido? Como (analisará as contas) do governador Elmano que a indicou para ser secretária?”, questionou Reginauro.
Já deputados aliados do governo fizeram vários elogios à Onélia, citando o seu currículo acadêmico e experiência no setor público. Romeu Aldigueri disse que a indicação dela “sobrepõe qualquer questão de natureza político-partidária”.
“Uma mulher com doutorado em Saúde Pública e MBA em Gestão Pública, que tem todas as condições para bem servir a população cearense. Estamos dando a oportunidade de colocar no Tribunal de Contas do Estado mais uma mulher de conduta ilibada, com competência técnica para bem servir e dirigir aquele Tribunal”, disse.
Os governistas também apontaram que a indicação de Onélia pode garantir pela primeira vez a paridade de gênero no TCE do Ceará. “À exceção do presidente, o TCE contará com três homens e três mulheres. Isso nos orgulha porque lutamos para que as mulheres ocupem mais esses espaços de poder”, afirmou Lia Gomes (PDT).



