Com ameaça de protesto, Temer não vai a velório; parente pede dignidade
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
O presidente Michel Temer em cerimônia de combate ao Aedes aegypti, nesta sexta (2) |
Sob uma alegada ameaça de protesto contra o governo, o presidente Michel
Temer desistiu de participar neste sábado (3) em Chapecó (SC) do velório coletivo das vítimas do maior desastre da história do esporte brasileiro.
A queda de uma aeronave boliviana fretada pela Chapecoense matou 71 pessoas na madrugada de terça (29) na Colômbia, sendo 19 jogadores, 24 membros da delegação e 20 jornalistas. Sobreviveram dois tripulantes, três jogadores e um jornalista.
O time enfrentaria o Atlético Nacional de Medellín na última quarta (30), na final da Copa Sul-Americana. O caso provocou comoção mundial. Neste sábado, sob o temor de vaias no estádio da cidade, Temer irá apenas em cerimônia militar de recepção dos corpos das vítimas -reservada e marcada para a manhã no aeroporto municipal.
No local, o presidente, que deve estar acompanhado da primeira-dama, Marcela Temer, pretende entregar às famílias das vítimas a ordem do mérito esportivo, a maior comenda do esporte brasileiro.
A decisão de Temer de não aparecer no velório provocou reações. O pai do
zagueiro Filipe, Osmar Machado, por exemplo, disse à ESPN que, "se ele
tem dignidade e vergonha na cara, que venha aqui [no velório da arena
Condá] cumprimentar as pessoas".
Mais tarde, à Folha, repetiu: "É bom que ele não venha. Agora tu
acha que eu vou sair daqui para dar um abraço nele? Para quê?" Indagado
sobre as chances de vaias ao presidente, afirmou: "Vaia? Agora, se ele
vier é que vai ser vaiado mesmo. É uma situação difícil, sinceramente".
Nesta sexta, diante da repercussão da entrevista à ESPN, o porta-voz da Presidência da República, Alexandre Parola, entrou em contato com o pai do zagueiro da Chapecoense e disse a ele que houve um mal-entendido.
Segundo ele, ninguém ligado ao presidente exigiu ou pediu a presença de familiares das vítimas no aeroporto, uma vez que são os governos municipal e estadual que organizaram a solenidade militar.
sem problema
Marla Schardong, viúva de Fernando Schardong, jornalista da Rádio Chapecó, pondera. "Neste momento, a gente não deve misturar as coisas. Ele vem para um ato que é uma homenagem a eles [jogadores]. A mim não incomoda [não ir ao velório]", disse. "Por mais que não concorde com as atitudes dele enquanto presidente, eu respeito a vinda dele dessa forma. Queiramos ou não, ele é o nosso presidente da República."
Internamente, no Palácio do Planalto, falava-se em uma suposta mobilização de grupos de esquerda para um protesto contra Temer em Chapecó. E, segundo a assessoria de imprensa da Presidência, o presidente "jamais cogitou em ir" ao velório coletivo. "Em reunião, verificou-se que a presença do presidente criaria problemas para as pessoas que querem prestar a última homenagem", disse.
De acordo com ela, o esquema de segurança indispensável para uma visita presidencial poderia atrapalhar a cerimônia fúnebre. No dia do acidente, o presidente lamentou e disse que trata-se de um acontecimento "infausto" e "tristíssimo".
NO AGUARDO
Os corpos dos jogadores mortos no acidente, além de alguns jornalistas, integrantes da diretoria e da comissão técnica, começaram a deixar a Colômbia na noite desta sexta-feira. Os aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) devem chegar à base aérea de Chapecó na manhã deste sábado.
Nesta sexta, na cidade catarinense, ainda usando camisas do time, torcedores se reuniram no estádio municipal à espera do velório. De um total de 71 mortos no acidente, 51 corpos em urnas serão dispostos sob toldos no gramado da arena. O público ficará na arquibancada.
Jornalistas poderão ficar no gramado –poucos mais de 900 deles, de 14 países, se credenciaram só nesta quinta para acompanhar a cerimônia. Centenas de profissionais da imprensa já estavam no gramado nesta sexta, transmitindo boletins ao vivo do gramado.
Do lado de fora da arena, telões estavam sendo montados. O entorno do estádio está interditado –apenas carros com autorização podem entrar. Parte dos corpos irá para outros municípios. O restante será levado em caminhões abertos até o estádio municipal, naquilo que promete ser um gigantesco cortejo.
A queda de uma aeronave boliviana fretada pela Chapecoense matou 71 pessoas na madrugada de terça (29) na Colômbia, sendo 19 jogadores, 24 membros da delegação e 20 jornalistas. Sobreviveram dois tripulantes, três jogadores e um jornalista.
O time enfrentaria o Atlético Nacional de Medellín na última quarta (30), na final da Copa Sul-Americana. O caso provocou comoção mundial. Neste sábado, sob o temor de vaias no estádio da cidade, Temer irá apenas em cerimônia militar de recepção dos corpos das vítimas -reservada e marcada para a manhã no aeroporto municipal.
No local, o presidente, que deve estar acompanhado da primeira-dama, Marcela Temer, pretende entregar às famílias das vítimas a ordem do mérito esportivo, a maior comenda do esporte brasileiro.
Tragédia da Chapecoense |
---|
Voo que levava delegação de time brasileiro mata 71 pessoas em acidente na Colômbia |
Nesta sexta, diante da repercussão da entrevista à ESPN, o porta-voz da Presidência da República, Alexandre Parola, entrou em contato com o pai do zagueiro da Chapecoense e disse a ele que houve um mal-entendido.
Segundo ele, ninguém ligado ao presidente exigiu ou pediu a presença de familiares das vítimas no aeroporto, uma vez que são os governos municipal e estadual que organizaram a solenidade militar.
sem problema
Marla Schardong, viúva de Fernando Schardong, jornalista da Rádio Chapecó, pondera. "Neste momento, a gente não deve misturar as coisas. Ele vem para um ato que é uma homenagem a eles [jogadores]. A mim não incomoda [não ir ao velório]", disse. "Por mais que não concorde com as atitudes dele enquanto presidente, eu respeito a vinda dele dessa forma. Queiramos ou não, ele é o nosso presidente da República."
Internamente, no Palácio do Planalto, falava-se em uma suposta mobilização de grupos de esquerda para um protesto contra Temer em Chapecó. E, segundo a assessoria de imprensa da Presidência, o presidente "jamais cogitou em ir" ao velório coletivo. "Em reunião, verificou-se que a presença do presidente criaria problemas para as pessoas que querem prestar a última homenagem", disse.
De acordo com ela, o esquema de segurança indispensável para uma visita presidencial poderia atrapalhar a cerimônia fúnebre. No dia do acidente, o presidente lamentou e disse que trata-se de um acontecimento "infausto" e "tristíssimo".
NO AGUARDO
Os corpos dos jogadores mortos no acidente, além de alguns jornalistas, integrantes da diretoria e da comissão técnica, começaram a deixar a Colômbia na noite desta sexta-feira. Os aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) devem chegar à base aérea de Chapecó na manhã deste sábado.
Nesta sexta, na cidade catarinense, ainda usando camisas do time, torcedores se reuniram no estádio municipal à espera do velório. De um total de 71 mortos no acidente, 51 corpos em urnas serão dispostos sob toldos no gramado da arena. O público ficará na arquibancada.
Jornalistas poderão ficar no gramado –poucos mais de 900 deles, de 14 países, se credenciaram só nesta quinta para acompanhar a cerimônia. Centenas de profissionais da imprensa já estavam no gramado nesta sexta, transmitindo boletins ao vivo do gramado.
Do lado de fora da arena, telões estavam sendo montados. O entorno do estádio está interditado –apenas carros com autorização podem entrar. Parte dos corpos irá para outros municípios. O restante será levado em caminhões abertos até o estádio municipal, naquilo que promete ser um gigantesco cortejo.