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Está no UOL

Citado pela JBS, ministro é aposta para salvar Temer no TSE


Evaristo Sá 4.abr.2017/AFP
o ministro Napoleão Nunes maia Filho,integrante do tse
O ministro Napoleão Nunes Maia Filho, integrante do TSE
O ministro Napoleão Nunes Maia Filho, 71, é a aposta do governo para abrir caminho à absolvição do presidente Michel Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ou adiar o julgamento que será retomado nesta terça (6).
Nos bastidores, o magistrado mostrou disposição tanto para pedir vista, o que daria mais tempo ao peemedebista, quanto para votar contra a cassação chapa Dilma-Temer. Publicamente, ele não se manifesta.
Se seguir esse roteiro, ele vai rivalizar no julgamento com Herman Benjamin, relator do processo e primeiro a votar –provavelmente pela cassação. Maia Filho vota logo em seguida.
Essa não será a primeira vez que Herman Benjamin e Maia Filho estarão em lados opostos. Colegas de STJ (Superior Tribunal de Justiça), os ministros já protagonizaram alguns dos embates mais calorosos da corte.
Em dezembro do ano passado, Maia Filho chegou a chamar Herman de "zumbi" na sessão que discutia a massa falida da Vasp. Herman disse que eles estavam "tratando de esqueletos que drenam o dinheiro do Estado, são verdadeiros zumbis". Maia Filho reagiu: "O zumbi aqui é Vossa Excelência".
Maia Filho participará do julgamento em meio à citação de seu nome na delação premiada da JBS –a mesma que colocou Temer na corda bamba política.
O delator Francisco Silva contou a procuradores ter conversado com Willer Tomaz, advogado preso na operação Patmos, sobre a suposta interferência do ministro do STJ em favor da empresa. Maia Filho nega.
É graças à PEC da Bengala que ele está até hoje na corte. A proposta virou lei em 2015, mudando a idade de aposentadoria compulsória dos ministros de 70 para 75 anos, meses antes de Maia Filho ter que se aposentar. Com 24,4 mil processos, é hoje o dono do maior acervo do STJ.
Maia Filho entrou no tribunal em 2007. Colegas destacam ligação com o ex-ministro da mesma corte Cesar Asfor Rocha, que se aposentou em 2012 e hoje é advogado.
Asfor e Maia Filho são cearenses e foram colegas de faculdade. O ex-ministro foi o principal fiador da nomeação de Maia Filho ao TSE.
Poeta, com 16 livros publicados, Maia Filho ocupa na Academia Cearense de Letras a cadeira 32, que foi da escritora Rachel de Queiroz.
No discurso de posse, em março de 2004, comemorou: "Que o meu ingresso nesta Academia faz-me transitar do meu anonimato para o grande palco das intensas luzes que iluminam os eminentes pares deste Sodalício".
'JOGO EMPATADO'
Maia Filho será o segundo a votar no julgamento, seguido pelos ministros Admar Gonzaga, Tarcísio Vieira, Luiz Fux e Rosa Weber e pelo presidente da corte Gilmar Mendes.
A tendência é que ele não pedirá vista para evitar que o julgamento seja interrompido só com o voto de Herman Benjamin contra a chapa Dilma-Temer.
Votando em posição contrária do relator, a favor de Temer, Maia Filho poderia criar um ambiente de "jogo empatado", dando espaço para que os demais ministros o seguissem.
As defesas da ex-presidente Dilma Rousseff e de Temer querem que os ministros da corte eleitoral, antes de iniciar a votação, avaliem primeiro a inclusão no processo dos fatos revelados pelos delatores da Odebrecht.
Os executivos, além dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, apontaram em depoimentos ao TSE um esquema de abastecimento ilícito nas contas de campanha da chapa.
Os advogados defendem que as delações fiquem de fora. O relator considera esses dados essenciais.
A inclusão dos fatos revelados pelos delatores da Odebrecht no processo deve delinear os primeiros passos para ajudar a selar o resultado do julgamento.
No caso de o tema ser levantado, todos os ministros do tribunal devem opinar sobre a questão, etapa em que Herman e Maia Filho podem indicar suas posições no julgamento final.
Para Gilmar Mendes, a ação eleitoral, mesmo com possível pedido de vista, não deve passar do mês de junho. Ele não diz se há possibilidade de o julgamento ser encerrado nesta semana.
Em caso de condenação, o TSE definirá se Temer terá que ser afastado ou se poderá recorrer no cargo.

PT pisca um olho pra Ciro Gomes

Para presidente do PT, aliança com Ciro Gomes é possível

Leandro Prazeres
Do UOL, em Brasília
  • Divulgação/PT
Prestes a deixar a presidência nacional do PT após seis anos, Rui Falcão comandará nos próximos dias o congresso nacional de um partido que, nas palavras dele, tenta se "recuperar".
Em pouco mais de três anos, o PT venceu sua quarta eleição presidencial consecutiva, foi afastado do poder pelo impeachment de 2016 e viu algumas de suas principais lideranças presas ou investigadas pela Operação Lava Jato. Em meio à crise política, o partido tenta emplacar a emenda constitucional que prevê eleições diretas caso o presidente Michel Temer deixe o poder, vista por críticos como um "atalho" para que Lula chegue à Presidência da República antes de ser condenado pelo juiz Sérgio Moro.
Em entrevista concedida ao UOL horas antes do início do congresso do PT, Falcão negou que a emenda das eleições diretas sejam uma "blindagem" a Lula, chamou o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), de "farsante", disse que a ascensão deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) é  "ruim" para a democracia e que o partido estaria aberto a fazer uma composição com o pré-candidato Ciro Gomes (PDT) nas próximas eleições presidenciais.
UOL - O PT disse que o impeachment de Dilma Rousseff era uma violação à Constituição e o classificou como golpe. Agora, defende alterar essa mesma Constituição para convocar eleições diretas. Isso não seria uma incoerência? Um golpe?
Rui Falcão - Não. A Constituição já foi emendada várias vezes, inclusive para pior. Porque o Fernando Henrique Cardoso emendou a constituição para introduzir a reeleição, para acabar com o monopólio estatal da Petrobras e a pior mais recente é a 95 que congela o orçamento por 20 anos. A Constituição prevê a sua mudança. Não tem golpe nenhum em propor isso quando o país está mergulhado na corrupção, afunda na recessão e o desemprego atinge 14 milhões [de pessoas]. É absolutamente legítimo querer solucionar a crise ouvindo o povo.
Convocar eleições presidenciais neste contexto não paralisaria o país ainda mais?
Mas o país já está parado. A população vislumbra uma saída diferente. Um governo com legitimidade, não um governo usurpador. A única saída que a gente vê para começar a resolver os problemas do país são as eleições diretas. Há muitas propostas tramitando no Congresso Nacional que preveem as eleições diretas, mas a condição para que alguma delas se concretize é a saída do Temer, seja por renúncia, impeachment ou pelo julgamento do TSE. Se não for assim, aí é deposição. E aí, sim, seria golpe.
Como é que o sr. avalia as críticas de que esse posicionamento firme do PT em favor das eleições diretas seria, na realidade, uma tentativa de blindar o ex-presidente Lula?
Não tem nenhuma blindagem. Ele depôs um mês atrás. Os processos injustos, sem provas, continuam. E as eleições não blindam o Lula de nada. Os processos vão continuar. E nós nem estamos dizendo que ele é candidato.
Mas é o PT que anuncia o Lula como o único plano do partido para eleições diretas...
Nós iniciamos agora uma frente parlamentar pró-diretas, com PSB, PCdoB, PSOL, PT e a Rede ficou de analisar. Uma das coisas que nós falamos lá é: é um movimento interpartidário por diretas contra as reformas e não tem candidato. Ninguém está discutindo candidatura nessa fase. É tudo precipitado. Não tem eleição ainda. E mais importante que definir o nome do Lula [como candidato] é impedir que ele seja interditado. Seria antidemocrático você proibir, por meio de uma condenação, que ele seja candidato.
Considerando que a Operação Lava Jato hoje investiga o presidente Michel Temer e o ex-presidente nacional do PSDB (Aécio Neves), ainda há argumento para dizer que a operação é politicamente direcionada?
Estou dizendo que ela é bastante direcionada e continua a privilegiar as coisas que envolvem o PT. Se pegar a manchete do UOL, você vai ver (Falcão se refere a esta reportagem: "Desdobramento da Lava Jato em SP mira campanha de Haddad em 2012"). A Lava Jato se estendeu a São Paulo para investigar a campanha do [Fernando] Haddad na véspera do congresso do PT. Como sempre acontece. A Lava Jato saiu de uma fase seletiva e exclusiva para uma fase mais generalizada, mas em que o PT continua sendo priorizado. E, mais que direcionada ou não, a Lava Jato é uma operação que vem violando direitos e garantias constitucionais. Quase não tem habeas corpus, inverteram o ônus da prova, [ainda tem] as prisões provisórias continuadas e excessivas como disse o [ministro do STF] Gilmar Mendes, e a ideia de que provas ilegais podem ser validadas.
Na sua avaliação a Lava Jato tem mais erros que acertos?
Sim. Os mecanismos de apuração da corrupção, que são um fato positivo do país, nada disso foi criado pela Lava Jato. O combate à corrupção, que é uma coisa saudável, não decorre da Lava Jato. E mais, no curso dessas operações todas, o que está acontecendo é que os corruptores fazem acordo, ficam com boa parte do dinheiro e vão passear por aí no exterior. Então a corrupção continua. Estão isentando os corruptores e condenando alguns corruptos, além de condenar pessoas inocentes sem provas.
O PT vai apoiar o chamado acordão para anistiar a prática de caixa 2?
Eu desconheço esse tipo de acordo. O que me parece complicado é que todas as doações legais, que nós recebemos e registramos e resultaram na aprovação das nossas contas, agora são consideradas suspeitas porque alguém disse que aquela doação registrada é resultado de propina. Como é que o PT ou qualquer outro partido recebe uma doação, declara, e depois tudo isso é considerado propina? Você acha que o cara fala para você: "Olha...isso aqui é propina, tá?". O problema não está em legalizar ou não legalizar o caixa 2, mas em barrar essa tentativa de criminalizar as doações legais. Como é que prova que uma doação legal é propina? Só porque alguém disse que é?
Mas é justamente isso o que as investigações sustentam. Que o chamado petrolão aperfeiçoou o sistema de pagamento de propina transformando tudo em doação legal.
Mas como é que eu fico sabendo disso? Uma empresa doou para mim e eu recebi e declarei. Como vou saber que é propina? Se o agente dessa doação fez algum ato de corrupção, eu não posso ser culpabilizado por isso.
Vocês temem a delação de Antonio Palocci?
Primeiro, eu não sei se efetivamente ele estaria fazendo isso. O que eu vi é que ele fez uma declaração agora sobre compra do Banco Panamericano, envolvimento do BTG. Agora, não posso opinar sobre uma coisa que eu não conheço.
Mas, conhecendo o Palocci como o sr. conhece, uma delação dele decepcionaria o PT?
Ele foi ministro e tal. E não creio que ele tenha a dizer algo que possa comprometer o PT.
Vocês acreditam que uma eventual delação do Palocci possa causar um efeito dominó em relação a pessoas como João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT), que também está preso?
O Vaccari está lá há praticamente dois anos. Não apareceu nenhuma prova material em relação às condenações. Ele já foi condenado injustamente e o advogado dele está com um pedido de habeas corpus tramitando no Supremo porque não faz sentido que ele ainda esteja preso. Ele não foi condenado em segunda instância e poderia estar solto ainda que com restrições, com o José Dirceu. Não se entende o motivo dessa prisão tão prolongada. Mas eu entendo. É porque ele ainda não falou nada. No caso dele, é mais uma prova, um indício de que as prisões prolongadas servem como coação para provocar delações.
O governo Temer criou um ministério para Moreira Franco e estuda reeditar uma MP, garantindo a ele o foro privilegiado. Em meio à revelação de que aliados faziam pressão pela troca do ministro da Justiça, o governo acabou mudando o comando do ministério. Mesmo assim, a reação nas ruas foi praticamente nula. Por que o senhor acha que a reação popular a essas medidas foi tão diferente daquela de quando Lula foi nomeado ministro do governo Dilma?
Porque tem uma mídia direcionada para isso.
Mas essa "culpa" seria só da mídia? As gravações envolvendo Temer foram amplamente divulgadas em todo o país por praticamente toda a mídia...
Passa também por setores do Judiciário... mas tem o que o Lula diz: foram 20 horas de "Jornal Nacional" contra ele em um ano. As coisas envolvendo o Temer e o Aécio saíram, mas de forma muito menos contínua, até porque a mídia, neste momento, está dividida. No caso da Dilma havia um movimento organizado, de entidades de classe, mobilizando para que ela caísse. Quase todas as grandes corporações se mobilizaram para derrubar a Dilma.
Por outro lado, as centrais sindicais de todo o país também se mobilizaram recentemente para protestar contra o presidente Temer.
Mas olha a diferença entre o poderio de Fiesp, CNI, CNA. As centrais não têm dinheiro a rodo para ficar comprando gente.
Entre os nomes mais cotados para uma disputa em 2018, João Doria e Jair Bolsonaro surgem como os candidatos "anti-Lula". Qual dos dois preocupa mais o PT?
Não temos preocupação com candidato. Em eleições democráticas, todo mundo pode se apresentar como candidato. O que nos preocupa em relação ao Bolsonaro é que ele defende ideias como a volta dos militares, o sexismo e o racismo, como já ficou demonstrado em vários pronunciamentos dele. Isso é ruim para o país. O Doria, por outro lado, é um farsante. Fala que não é político, que não é gestor, mas nenhum prefeito deixa de ser político. É uma concepção de política que não é legal para o país. A pessoa fica encobrindo sua condição política. E tem atitudes condenáveis como essa política higienista na cracolândia.
Vocês são muito orgulhosos de dizer que o PT seria o único partido orgânico e de militância do país. Como é que o PT chegou a 2017 com o Lula ainda sendo a única alternativa avaliada como viável do partido?
O PT está vindo de um processo de recuperação. Nunca deixamos de ser, só que agora com mais distância, o partido com mais popularidade do país. Quinze por cento no Datafolha e 20% no Vox Populi. E é incrível que isso aconteça porque, desde 2005, estamos sendo alvo de uma caçada implacável. Ainda assim, o PT sobrevive, cresce e tem respaldo na opinião pública. Isso se deve muito ao Lula, mas também a milhares de militantes espalhados pelo país. Que lutam, resistem, levam nossas propostas. O Lula é a maior expressão disso, mas também é produto disso. No momento devido, nós temos outras lideranças que poderão sucedê-lo. O Wellington Dias [governador do Piauí] é um governador que tem todo um prestígio no Estado dele. A geração dos Viana [Tião Viana, governador do Acre, e Jorge Viana, senador pelo mesmo Estado]. Temos grandes líderes regionais. Qualquer um desses pode ganhar protagonismo quando o Lula falecer ou coisa do tipo. É algo natural.
Mas, num momento tão crítico como esse, por que nenhuma dessas lideranças surge como uma alternativa ao Lula?
Não tem alternativa B porque não estamos descartando a alternativa A. Se não tivesse a alternativa A, a gente buscaria a alternativa B.
Qual seria?
Quando você fala qual seria o plano B, você está descartando o plano A.
É possível esperar que o PT se reinvente sendo comandado pelas mesmas lideranças?
Com relação ao financiamento empresarial, nós já abandonamos antes mesmo da decisão do STF. Foi um primeiro gesto dessa mudança. E estou há seis anos e quase três meses na presidência do PT, até hoje não tem nenhuma denúncia, investigação ao meu nome. Tem muitas mudanças que promovemos nesse período. É um processo de mudanças que com a nova direção deverá se acentuar. Vamos renovar a direção no sábado (3). Provavelmente, a [senadora] Gleisi Hoffmann (PR) vai presidir o PT. Será a primeira vez em 37 anos que uma mulher vai presidir o PT.
O PT está aberto a fazer uma composição com Ciro Gomes?
Num processo eleitoral democrático, você terá que apresentar um programa para o país. Inclusive o Lula terá que fazer isso. Os anos de 2017 ou 2018 não são 2003. O contexto é outro. Fomos vitimados por um golpe. Tem outras circunstâncias. Vamos ter que apresentar propostas para o futuro, mas revogando os entulhos aprovados no governo Temer. Isso precisa ser partilhado com outras forças e é nesse contexto que você vai discutir quem são suas alianças. Nesse contexto, uma pessoa como o Ciro pode compor uma aliança conosco.
Pelo que o senhor diz, diferentemente do discurso de 2003, que era na linha do "Lulinha paz e amor", o discurso agora seria o de ruptura?
Não. O termo ruptura causa muitos problemas. Ruptura pode ser entendida como quebra da ordem jurídica, como revolução e não é por aí. É uma revogação de atos que consideramos prejudiciais ao país, que são atos antidemocráticos e antinacionais como a mudança no regime de venda de terras para estrangeiros e a condução da Petrobras.
Muita gente critica o PT por não ter punido figuras como José Dirceu e João Vaccari apesar de eles já terem sido condenados pela Justiça. Como o senhor responde às críticas de que essa hesitação em punir militantes condenados envia uma mensagem de que o PT acolhe corruptos?
Sim, se as condenações fossem justas, mas elas são injustas e sem provas. E faço uma diferença aqui. O Delcídio não é mais do PT. E se ele não tivesse pedido para sair, ele teria sido expulso. E por que isso ocorreu? Porque ele cometeu transgressões por conta própria que o partido não podia admitir. Então, ninguém fez a defesa do Delcídio. É diferente do Vaccari, por exemplo.
Então a régua para medir se alguém vai ser punido ou não é...
Se ele for condenado justamente...
Mas o Delcídio nem sequer foi condenado.
Porque fez delação.
Então a régua é essa?
Sim. Ele fez uma delação admitindo fatos criminosos que impediam que ele continuasse no PT. O José Dirceu e o Vaccari não propuseram suborno para ninguém. Não tentaram obstruir a Justiça. Não tem uma prova material. Contra o Delcídio tinha provas.
Na medida em que Lula envelheça, como é que o PT vê a possibilidade de se transformar no PTB de Getúlio Vargas, que definhou após a morte daquele que foi o seu maior líder?
Não há a menor possibilidade de se fazer essa comparação. São partidos estruturados de forma diferente. O PTB nunca teve a organicidade do PT, nunca teve a militância do PT, o Getúlio nunca foi uma liderança como o Lula. É uma comparação que não faz sentido.

A ordem é especular

FHC, Lula e Sarney articulam o pós-Temer


Lula Marques - 16.mai.12/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 16-05-2012, 12h00: Presidente do STF, ministro Ayres Britto, presidente da Camara, Marco Maia, presidente do Senado, e ex-presidente Jose Sarney, ex-presidente Lula, presidente Dilma Rousseff, vice-presidente Michel Temer, ex-presidente FHC, ministro do STJ, Gilson Dipp e o ex-presidente e senador Fernando Collor, o membroda Comissao Jose Carlos Dias falando participam no palácio do Planalto, da cerimonia de Instalacao da Comissao Nacional da Verdade. (Foto: Lula Marques/Folhapress, PODER)
Em 2012, ex-presidentes José Sarney, Lula e FHC se reuniam com a então mandatária Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer

As articulações para a substituição do presidente Michel Temer evoluíram nas três principais forças políticas do país –PMDB, PSDB e PT– e agora envolvem diretamente três ex-presidentes da República: Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e José Sarney.
Desde a última quinta (18), quando foram divulgados os detalhes da delação da JBS que envolvem Temer, eles têm liderado conversas suprapartidárias em busca de um consenso para a formação de um novo governo, caso o peemedebista seja cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Os três caciques, pontos de contato nos diálogos que acontecem reservadamente em Brasília e São Paulo, cuidam para que os debates não ganhem caráter partidário.
As conversas estão pulverizadas, uma vez que, por ora, cada sigla traça caminhos diferentes para o desfecho da crise.
Do lado do PSDB, fiel da balança do governo, FHC se tornou referência e, segundo relatos de tucanos, já abriu contato com parlamentares do PT. Além disso, é o mais importante interlocutor do presidente do TSE, Gilmar Mendes, considerado "peça-chave" para viabilizar a saída institucional de Temer.
"O Brasil exige o que temos de melhor e não o que temos de pior", disse à Folha o senador Jorge Viana (PT-AC), um dos emissários petistas nas conversas com integrantes do PSDB e do PMDB.
Nesta semana, Viana esteve em dois jantares na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para discutir soluções com aliados do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder peemedebista no Senado e opositor de Temer.
Na terça-feira (23), o senador petista se encontrou com Lula. O ex-presidente disse que o partido precisa insistir na defesa das eleições diretas. Até aqui, Lula não acredita que um perfil "de centro" será incluído pela base de Temer no processo de eleições indiretas e diz que a ventilação do nome do ex-ministro Nelson Jobim, que tem sua simpatia, tem o objetivo de "adoçar a boca do PT".
Apesar da determinação dada à cúpula petista, Lula se mantém disposto a conversar com as lideranças políticas que trabalham exclusivamente com a alternativa de eleições indiretas para escolher o sucessor ao Planalto.
Na avaliação de aliados de Temer, a escalada da crise, com os primeiros protestos violentos contra o governo, nesta quarta-feira (24), precipita uma concertação que envolve o trio de ex-presidentes.
Eles acreditam que a articulação suprapartidária pode reduzir a tensão do ambiente político e permitir uma transição suave a partir do julgamento do TSE, que começa no dia 6 de junho e pode tirar Temer do poder.
Nesse cenário, Lula tem sido estimulado a procurar FHC em busca de entendimento. Aliados de Temer consideram essa conversa fundamental porque o petista tem pontes com movimentos sindicais e sociais à frente dos protestos, e o tucano é o principal conselheiro do pilar de sustentação de Temer.
O ex-presidente José Sarney, por sua vez, esteve com Temer na segunda (22) e, no dia seguinte, recebeu parlamentares do PMDB e dirigentes tucanos.
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As eleições indiretas

Caso Temer deixe o poder, os 594 deputados e senadores elegerão o seu sucessor; regras detalhadas desse processo ainda serão definidas
A VACÂNCIA
1. A Constituição determina que a eleição seja feita pelo Congresso Nacional, 30 dias após a vacância do cargo
2. Nesse período, assume interinamente a chefia do Executivo o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ)
3. Eleição será feita em sessão conjunta da Câmara e do Senado
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As Dúvidas
1. As regras claras sobre a disputa terão que ser definidas pelo Congresso -por meio de ato ou resolução- ou até mesmo pelo Judiciário -em regulamentação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ou pelo STF (Supremo Tribunal Federal), na hipótese de ser acionado por eventuais insatisfeitos com as normas estabelecidas
2. A Constituição é lacônica sobre o tema, apenas determina a eleição para presidente e vice, pelo Congresso, após 30 dias da vacância. Tende-se a usar, nesse caso, a Lei 4.321/64, que dispõe sobre a eleição indireta, e a lei 9.504/97, que estabelece normas gerais para as eleições. A primeira é muito defasada; a segunda trata de eleições diretas, não indireta
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As regras
Quem vota?
Os 513 deputados federais e os 81 senadores
A votação é aberta ou secreta?
Tendência é a de que seja secreta
Um turno ou dois?
Lei de 1964 fala que haverá até três escrutínios caso nenhum candidato consiga, nos dois primeiros, a maioria dos votos. Regulamentação pode, porém, alterar o modelo
*Quem pode se candidatar?
Isso ainda será definido. A Constituição não especifica se as regras de elegibilidade (ter 35 anos ou mais, filiado a partido) se aplicam num pleito indireto
A eleição escolherá presidente e vice?
Sim
Até quando as chapas poderão ser inscritas? Haverá campanha?
Indefinido

No Comite de Imprensa da Assemebleia do Ceará


Cid Gomes nega ter recebido propina e anuncia processos

Ex-governador nega ter conversado com os delatores sobre ajuda para suas campanhas e a de Camilo Santana
Cid Gomes foi ao encontro dos jornalistas juntamente com alguns aliados ( Foto: José Leomar )
00:00 · 23.05.2017 por Antonio Cardoso - Repórter
Cid gomes (pdt) afirma que vai processar, por crime de calúnia e difamação, o empresário wesley batista, um dos donos da jbs, que o denunciou como um dos políticos brasileiros que receberam "propina" distribuída por aquela empresa, para a campanha que elegeu o governador camilo santana (pt), em 2014.
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.Parte do PSB reage em Brasília e em Fortaleza
O ex-governador cid gomes deu uma entrevista coletiva, no fim da manhã de ontem, nas dependências da assembleia legislativa, ao lado de deputados federais, estaduais e outros aliados, para fazer sua defesa, ao tempo que relatou encontros mantidos com o empresário e seu irmão, joesley batista, sem, contudo, tratar de questões relacionadas a financiamento de campanha eleitoral.
"quero veementemente registrar a minha indignação por essas denúncias e quero dizer que não me resta nenhum outro caminho, que não seja processar o delator por calúnia", apontou, em tom de revolta. "constituirei advogado e irei processar o delator por calúnia e difamação".
O dono da jbs afirmou que cid gomes teria solicitado r$ 20 milhões para a campanha ao governo do estado do seu sucessor, camilo santana, em 2014. De acordo com wesley batista, o secretário de estado, arialdo pinho, e o então deputado federal antônio balhmann, que hoje faz parte do secretariado estadual, teriam dado sequência à cobrança do valor.
Comitês financeiros
Sobre isso, cid gomes afirmou que em todas as campanhas tem o cuidado para que os candidatos não se envolvam diretamente na arrecadação. "embora não fosse eu o candidato em 2014, todas as nossas campanhas têm regras e nos cercamos de cuidados. Já havia dito que candidato não cumpre a tarefa de pedir recursos a quem quer que seja, para que, exatamente nos cercando de cuidados, aquilo não fique implícito de que o doador terá eventualmente algum benefício", disse.
Cid apontou que são constituídos nas campanhas comitês financeiros, cujos membros são divulgados publicamente. "é só pegar os registros, e vão ver que realmente o balhmann e o arialdo, licenciado do cargo, e mais algumas outras pessoas cumpriram a tarefa de buscar financiamento para a campanha. Coisa que é legal, como funciona regularmente o financiamento das campanhas no brasil", relatou. "eles tinham essa tarefa. Agora, em tempo algum, em nenhuma campanha se deu orientação, dei permissão, insinuei, apresentei, sugeri ou permiti que alguém fizesse vínculo de doações da campanha a qualquer tipo de benefício por parte do estado", enfatizou.
Na denúncia contra cid consta que, como recompensa ao pagamento dos r$ 20 milhões, o governo faria o repasse dos r$ 110 milhões que o estado devia à empresa em crédito de imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços (icms).
O ex-governador explicou que empresas exportadoras têm dois tipos de benefícios no ceará. Um deles é relativo ao ressarcimento daquilo que recolheram de icms, o que se chama de desoneração das exportações, o que é regulamentado por lei federal chamada lei kandir.
Incentivo
"particularmente no ceará, tem outro incentivo à empresa. Esse incentivo se chama proapi (programa de incentivo às atividades portuárias e industriais), instituído em 1995, mas assumi pela primeira vez o governo do ceará 11 anos depois, em 2007. Poucas empresas tiveram direito ou foram beneficiadas por esse incentivo. Poucas empresas. Acho que não chegam a 20. Nenhuma em meu período de governo. Todas as empresas que fizeram jus a essa lei foram em períodos anteriores".
De acordo com cid, a programação do pagamento dos benefícios no estado do ceará obedece a um cronograma que leva em conta uma série de fatores. O primeiro seria o fluxo de caixa, seguido de prioridade naquilo que é socialmente mais necessário. "e são feitos por outras instâncias que não o governador", contou.
"me recuso a acreditar que alguém, ou uma das maiores empresas do brasil, que é a jbs, não tivesse uma assessoria para orientá-los e esclarecê-los de que não é possível se fazer vinculação de qualquer tipo para o pagamento desses valores".
No tocante à afirmação do delator de que não teria recebido nenhum real entre os anos de 2011, 2012 e em 2013, acusou que seria mais uma inverdade. "ele recebeu em 2011, recebeu em 2012 e recebeu em 2013. Obviamente a legislação brasileira estabelece obrigatoriedades de pagamentos sem que se demande uma possível e factível demanda judicial". Qualquer pessoa que tem crédito a receber legítimo do governo do estado pode demandar judicialmente, prossegue o ex-governador. "independentemente disso estar em vigor, creio que, há mais de 10 anos, a lei de responsabilidade fiscal, que obriga aos governantes pagarem todas as despesas de seu mandato no período de seu mandato", acrescenta.
Encontro
Diante da citação de seu nome, cid gomes contou ter feito pesquisas documentais durante o final de semana. "mas examinando e vendo documentos identificamos contribuição da dita empresa, à campanha de 2006 em que eu não era governador, era oposição ao governador. Portanto, perde-se uma lógica que se tenta inculcar hoje de que qualquer contribuição de campanha, diz respeito a vinculação com alguma coisa", disse.
Em 2006, quando foi eleito pela primeira vez para governar o ceará, ele apontou que houve contribuição da jbs, sem qualquer compromisso. "sem qualquer contraprestação de serviços. Quero aqui também enfatizar que, ao longo do período em que fui governador, todas as nossas contribuições, todas as campanhas, toda orientação que se deu é de que as arrecadações fossem feitas dentro da lei".
Cid confirmou ter se encontrado com os irmãos wesley e joesley batista. "eles passaram a ter um empreendimento aqui no estado do ceará e eu participei da inauguração de uma segunda etapa do empreendimento deles. Eu participei. Eu estive lá".
O ex-governador relatou também que esteve na sede da empresa de propriedade dos irmãos delatores. "lembro bem que estive lá na sede da jbs e lembro que nessa ocasião tratamos dois assuntos. Um deles era um compromisso que eles espontaneamente assumiram de implantar no ceará uma fábrica da vigor e eu cobrei isso muitas vezes deles. A outra questão que lembro ter tratado, até contra a vontade deles, era a candidatura de um dos irmãos a governador de goiás. Fomos, ele, esse irmão dele e eu, filiados ao mesmo partido (pros). Lembro de ter tratado isso e eles demonstravam objeção a essa possibilidade".
"na minha agenda verifiquei vinda deles aqui ao ceará e lembro de ter participado da inauguração da ampliação do curtume. Como um dos assuntos tratados era a possível candidatura de um irmão dele em goiás, e a desistência dessa candidatura aconteceu bem antes do período eleitoral, eu suponho que não foi em junho ou julho, como ele falou. Não foi".
"é indisfarçável o meu constrangimento em ter que vir aqui não para falar sobre meu governo, realizações, sobre a política do brasil e do estado do ceará. Lamentavelmente venho me defender de uma acusação que atinge aquilo que para mim é o mais sagrado", disse, complementando: "tudo o que espero da vida pública é poder ao cabo dela, merecer o respeito, a consideração, o reconhecimento dos meus conterrâneos cearenses".
"eu tenho patrimônio que é compatível com meus 34 anos de trabalho e esse patrimônio material não chega a r$ 800 mil. Isso é facilmente comprovado pelas declarações que são públicas, de imposto de renda. Assisti a um vídeo de um dos donos da jbs em que diz que eu pedi a ele r$ 20 milhões. Quero aqui negar absolutamente, pela minha índole, pelo meu caráter que jamais, em tempo algum, pedi qualquer tipo de benefício para o que quer que fosse, vinculando a favores do governo do estado ou dos demais mandatos de prefeito e de deputado".
"ao longo desses 34 anos me dediquei sempre com exclusividade à vida pública, salvo período pequeno no primeiro mandato de deputado quando tive uma distribuidora de medicamentos. Eu diria diferente hoje: se eu estiver envolvido na lava-jato, árvores vão andar, vaca vai voar, pedra vai falar. Eu não estou envolvido na lava-jato e em nenhuma outra operação".
Catapora
A despeito de prejuízo à possível candidatura de seu irmão ciro gomes à presidência, cid rebateu. "há alguma acusação contra mim? pela leitura dos depoimentos escritos eu não enxergo nenhuma acusação contra mim. Eu não sou acusado de nada. Em se abrindo algum inquérito, o ministério público entendendo que eu possa, vou me defender. Com toda a convicção e toda a tranquilidade. O que isso tem a ver com o ciro? se eu fosse corrupto, ainda assim, ser corrupto não é catapora. Você estar ao lado de um corrupto, não pega. Mas eu não sou corrupto. Eu sou honesto. A minha índole é de seriedade, as minhas aspirações são de merecer o reconhecimento das pessoas e meus filhos terem orgulho de mim. Só isso".
Declarações
"O que isso tem a ver com o Ciro? Se eu fosse corrupto, ainda assim, ser corrupto não é catapora. Você estar ao lado de um corrupto, não pega. Mas eu não sou corrupto"
"Se eu estiver envolvido na Lava-Jato, árvores vão andar, vaca vai voar, pedra vai falar. Eu não estou envolvido na Lava-Jato e em nenhuma das outras operações"
"Penso que eles (delatores) passaram a levantar tudo o que fizeram de contribuição de campanhas e estabeleceram esse vínculo"
"Lamentavelmente, venho me defender de uma acusação que atinge aquilo que para mim é o mais sagrado"

Serra pediu o boné. Mas cisca no terreiro.

Por problemas de saúde, José Serra pede demissão do Ministério das Relações Exteriores

  • Andressa Anholete/AFP
O chanceler José Serra (PSDB-SP) entregou nesta quarta-feira (22) carta pedindo demissão do Ministério de Relações Exteriores. A informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto. O ministro alegou problemas de saúde para pedir a exoneração do cargo.
Em carta divulgada pelo governo, Serra, 74, afirma que pede demissão "em razão de problemas de saúde que são do conhecimento de Vossa Excelência, os quais me impedem de manter o ritmo de viagens internacionais inerentes à função de Chanceler."
Serra entregou a carta pessoalmente a Temer, no Palácio do Planalto. Ele afirma que "segundo os médicos, o tempo para restabelecimento adequado é de pelo menos quatro meses." Não há detalhes sobre a doença do ex-ministro. Mas no fim de dezembro, Serra foi submetido a uma cirurgia de descompressão e artrodese da coluna cervical.

Divulgação
Carta de demissão enviada por Serra ao presidente Michel Temer
O ex-ministro, que é do PSDB, informou ainda que retorna ao Congresso, onde afirma que honrará seu mandato de senador "trabalhando pela aprovação de projetos que visem a recuperação da economia, desenvolvimento social e a consolidação democrática do Brasil".
Serra, que assumiu o ministério em maio de 2016, tem mandato de senador até 2022, mas se afastou do cargo para assumir a chancelaria, indicado pelo presidente Michel Temer (PMDB). Ele substituiu Mauro Vieira, diplomata de carreira.
Além de senador, Serra já foi prefeito de São Paulo e governador do Estado e candidato à Presidência da República duas vezes. Em 2012, concorreu à Prefeitura de São Paulo, mas foi derrotado por Fernando Haddad (PT-SP).
Com a saída de Serra do Ministério de Relações Exteriores, o PSDB fica com três ministros no governo do presidente Michel Temer: Bruno Araújo, na pasta de Cidades; Antonio Imbassahy, que ocupa a Secretaria de Governo; e Luislinda Valois, ministra dos Direitos Humanos. Além de Serra, o partido perdeu ainda o Ministério da Justiça, com a nomeação de Alexandre de Moraes para o STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo uma fonte do governo, Serra planejava indicar o atual embaixador em Washington, Sérgio Amaral, para assumir seu lugar. Também estariam no páreo o atual secretário-geral do Itamaraty, Marcos Galvão, e Rubens Barbosa, que já tinha sido cogitado no início do governo. Há relatos ainda de que Aloysio Nunes e José Aníbal, ambos do PSDB, também são citados como favoritos ao cargo.

Atuação como chanceler

A gestão de Serra à frente da diplomacia brasileira foi marcada pelas críticas ao governo venezuelano, considerado por ele "sem esperança" de uma melhor relação com o Brasil sob governo do presidente Nicolás Maduro. Os dois países convocaram seus embaixadores para consultas após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Em julho, Serra também disse que não queria nem pensar na hipótese de Trump ser o novo presidente americano. Em entrevista ao programa "Canal Livre", da TV Bandeirantes, Serra disse que não queria sofrer por "antecipação" pensando na vitória do magnata norte-americano e que, caso ele fosse eleito, teria de "ver, pragmaticamente, o que fazer". Após a vitória do magnata, o ex-chanceler disse que "Treino é treino, jogo é jogo. O treino é a campanha. O jogo começa agora", em referência à vitória do republicano.
Serra ainda representou o Brasil no funeral do ex-presidente cubano Fidel Castro em Havana e na homenagem que o Atlético Nacional fez à Chapecoense em Medellín, na Colômbia. Na ocasião, o ex-chanceler fez um discurso emocionado. "De coração, muito obrigado. Os brasileiros não esqueceremos a forma como os colombianos sentiram como seu o terrível desastre que interrompeu o sonho da equipe da Chapecoense, uma espécie de conto de fadas com final de tragédia", afirmou o chanceler, que chorou.

Citado na Lava Jato

Mesmo após pedir demissão do ministério, Serra mantém a prerrogativa de ser julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) caso venha a responder a inquéritos na operação Lava Jato, em que é citado por delatores. Isso porque, ao deixar o Executivo, Serra reassume sua cadeira no Senado.
Serra é um dos citados nas delações da construtora Odebrecht. O senador estaria ligado a um esquema de caixa dois em sua campanha presidencial no ano de 2010.
Executivos da Odebrecht afirmaram aos investigadores da Lava Jato que a campanha do ex-ministro recebeu R$ 23 milhões em doações ilícitas. Os executivos disseram que parte do dinheiro foi entregue no Brasil e parte foi paga por meio de depósitos bancários realizados em contas no exterior. Oficialmente, a Odebrecht doou apenas R$ 2,4 milhões para a campanha de Serra.
Segundo os depoimentos de executivos da Odebrecht, a negociação para o repasse à campanha de Serra se deu com a direção nacional do PSDB à época, que, depois, teria distribuído parte do dinheiro entre outras candidaturas. A empresa afirmou ainda que parte do dinheiro foi transferida por meio de uma conta na Suíça.
Sobre a acusação da Odebrecht, Serra disse, na época em que o fato foi divulgado, que a campanha dele durante a disputa a Presidência da República em 2010 foi conduzida em acordo com a legislação eleitoral em vigor. O tucano afirmou também que as finanças de sua disputa pelo Palácio do Planalto eram de responsabilidade do partido, o PSDB, e que ninguém foi autorizado a falar em seu nome.

Opinião




Os EUA por trás do Golpe no Brasil

Como os americanos ganharam com a queda da Dilma
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O Conversa Afiada reproduz artigo de Brian Mier, geógrafo norte-americano e editor da Brasil Wire (clique aqui para ler o texto original em inglês):
Os Estados Unidos e o Golpe de 2016
O que sabemos, o que não sabemos e o que podemos deduzir sobre o papel de hegemonia geopolítica no “golpe suave” que retirou a Presidenta Dilma Rousseff e seu governo.
Durante uma visita recente a Porto Alegre, o professor e escritor cubano Raúl Antonio Capote Fernandéz falou sobre o processo de 20 anos de recrutamento que resultou no Projeto Gênesis da CIA. O objetivo da CIA era de fomentar um “golpe suave” em Cuba, utilizando um aplicativo, parecido com Twitter, para gerar descontentamento com o governo cubano e, através do financiamento e capacitação para artistas, estudantes e professores (utilizando-se de ONG’s) criar um partido de oposição de falsa esquerda. Fernandéz falou que estratégias parecidas eram aplicadas na Venezuela, Irã e Líbia e continuavam a ser implementadas em muitos outros países no terceiro mundo. Ele falou, também, que uma estratégia-chave do “golpe suave” é solapar os pilares de um governo até que ele imploda, gerando caos. “Com o país em caos,” ele disse, “é possível recorrer a meios mais extremos.” Fernandéz relatou que o projeto Gênesis foi baseado nas teorias de Gene Sharp sobre o “golpe suave”. No caso cubano, o projeto da CIA enfraqueceu em 2006, quando Fidel Castro renunciou. De acordo com Fernandéz, os fatores que causaram o fracasso do plano em Cuba foram: 1) O Agente Darsi Ferrer desistiu dos seus planos de participar da geração de notícias falsas sobre o “caos em Cuba” que seriam espalhadas nas companhias de mídia americanas em 2006; 2) Os EUA subestimaram a inteligência do povo cubano; 3) a má compreensão sobre a revolução cubana, tida apenas como o culto à personalidade construído sobre Fidel Castro ao invés da expressão da vontade coletiva da grande maioria da população cubana; e 4) o fato de que a inteligência cubana sabia sobre o projeto o tempo todo e a CIA, inadvertidamente, contratou um agente duplo para gerenciar Projeto Gênesis.
Por uma questão retórica vou supor que Fernandéz está falando a verdade e vou procurar fazer alguns paralelos entre a tentativa de “golpe suave” fracassado em Cuba e o “golpe suave” brasileiro de 2016, com o intuito de lançar alguma luz sobre o possível envolvimento do estado norte americano em todo este processo. Quando eu me refiro ao estado norte americano, penso no que Buci-Glucksmann chama de o “estado expandido” - não apenas o governo e suas instituições, mas a mídia comercial, o setor empresarial, partidos políticos e instituições de ensino que suportam tal estado.
A primeira pergunta que farei é: Como os Estados Unidos podem se beneficiar de um golpe suave no Brasil? Algumas possíveis razões estão abaixo:
1) Petróleo. Brasil tem enormes depósitos de petróleo na bacia de Santos, o pré-sal, que antes do golpe de 2016 estavam nas mãos de uma empresa que, embora seja de capital misto, continuava 100% brasileira, a Petrobras. Depois do golpe, a Petrobras começou vender acesso aos seus depósitos de pré-sal para empresas estrangeiras por preços abaixo do valor de mercado. O envolvimento do José Serra, Ministério de Relações Exteriores pós-golpe, em articulações de longo prazo com a empresa Chevron e o Departamento de Estado dos Estados Unidos, encorajou a privatização e o abandono da lei do pré-sal, tudo documentado aqui.
2) Enfraquecimento dos BRICS. Antes do Brasil ser desestabilizado e as economias da China e Rússia diminuírem o crescimento pareceu que os BRICS estavam se transformando em um poderoso contrabalanço ao poder estadunidense no palco mundial. Neste momento, as economias das nações que compõem o BRICS, somadas, quase igualaram a norte americana, e o Brasil era seu segundo membro mais rico. Os Estados Unidos tradicionalmente preferem negociações bilaterais às negociações com blocos comerciais. Um argumento similar pode ser feito sobre o desejo de enfraquecer Mercosul.
3) Os Estados Unidos sempre intervieram em assuntos brasileiros. Em seu novo livro best-seller, O Quarto Poder, Paulo Henrique Amorim documenta os 70 anos de penetração norte-americana nos assuntos políticos e econômicos brasileiros. “US Penetration of Brazil”, de Jan Black, conta em detalhes o apoio e envolvimento estadunidense com a ditadura militar brasileira, incluindo treinamento em técnicas de interrogação e tortura para milhares de policiais e militares brasileiros, em lugares como a Escola das Américas. Apesar do fato de que China ultrapassou os Estados Unidos como o maior parceiro comercial do Brasil em anos recentes, ainda serve aos interesses do setor empresarial norte-americano que os preços das commodities brasileiras se mantenham baixos e a produção industrial interna seja limitada para encorajar compras dos produtos norte-americanos.
4. Hegemonia. O governo petista foi caraterizado por uma economia política neo-desenvolvimentista. Enquanto Lula manteve o tripé macroeconômico neoliberal de FHC e a autonomia para o Banco Central (movimento livre de capital e politicais fiscais rígidas), ele também implementou uma série de medidas tradicionalmente desenvolvimentistas que se aprofundaram durante os primeiros 4 anos da presidência de Dilma Rousseff. Estas incluem aumentos anuais do salário mínimo acima do nível de inflação, bilhões de reais de estímulos para produção e consumo industrial interno, estabelecimento de um sistema de bem-estar social e vinculação das pensões do INSS ao salário mínimo. Essas medidas redistributivas criaram uma majoritária população de classe média, pela primeira vez na história do Brasil, além de retirar o Brasil do Mapa Mundial da Fome da ONU. Será que o fato de que o segundo maior país do hemisfério ocidental estava caminhando bem e em um sistema que não era 100% neoliberal foi uma pedra no sapato dos Estados Unidos? E se os norte-americanos começarem a exigir que, como no Brasil, as universidades fossem 100% gratuitas? E se eles demandarem que a comida das merendas escolares seja comprada exclusivamente dos pequenos agricultores, como é no programa brasileiro do PAA? O que aconteceria se eles exigissem que os pagamentos mínimos de pensão precisariam igualarem-se ao salário mínimo? O fato que o Brasil estava andando bem e não seguindo ao pé da letra a fórmula do FMI/Banco Mundial era uma tapa na cara do Consenso de Washington e seu dogma da TINA (Não há alternativa/There Is No Alternative) além de si.
Agora que motivos possíveis foram estabelecidos vou olhar áreas possíveis em que o estado norte-americano poderia ter “solapado os pilares” do governo brasileiro até que ele implodisse, em 2015, quando o maior parceiro da coalizão política governante, o PMDB, traiu Dilma Rousseff e fez o impeachment por uma infração que foi legalizada pelo Senado dois dias depois do afastamento da presidenta do cargo.
Apoio para novos partidos da “esquerda”
Fernandéz falou que uma das estratégias para solapar os pilares dos governos de esquerda é a criação de uma falsa “nova esquerda”. Será que atores do estado norte-americano apoiaram partidos políticos de uma falsa nova esquerda durante a preparação para o golpe no Brasil?
Pode ser que o Partido Verde tenha começado com boas motivações, mas ele foi imediatamente sequestrado pela família Sarney, que são responsáveis pelo desmatamento quase inteiro do estado do Maranhão. Com o Ministério do Meio Ambiente durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Sarney Filho, filho do ex-presidente José Sarney, reduziu a percentagem de Mata Amazônica existente a ser protegida de 50% para 25% em cada propriedade. O PV tradicionalmente se alinha com a extrema-direita assim como o partido DEM apoia o conceito de “capitalismo verde”. A rejeição do “capitalismo verde” foi o objetivo principal dos ativistas do mundo inteiro que participaram do Fórum Alternativo ao Rio+20, ocorrido também no Rio de Janeiro em 2012. Entretanto, a traidora ambiental Marina Silva candidatou-se à presidência com uma pauta claramente de capitalismo verde em 2010, com apoio de um dos maiores bancos brasileiros, empresas de agroindústria e uma mídia internacional empolgada, com publicações como o New York Times e Time a promovendo, quase até o status de uma deusa.
O partido Solidariedade, criado pelo Paulinho da Força em 2013, apresenta-se como uma nova alternativa para os trabalhadores organizados. Parece que depois das acusações de fraude contra Paulinho da Força, o partido está enfraquecendo, porém o fato dele compartilhar o nome com Solidarity (o mesmo do sindicato de Lech Walesa apoiado pela CIA em Polônia no fim da época da União Soviética) faz especular que, talvez, ele tenha sido criado para solapar o pilar sindicalista do governo petista.
Marina Silva, a queridinha da imprensa internacional liberal, tentou criar um partido político novo em 2013 chamado REDE. De acordo com Marina, este seria “nem esquerda nem direita”. Por conta de alegações de fraude na coleção das assinaturas ele foi impedido de legalmente formar-se antes das eleições presidenciais de 2014. Ela, então, foi convidada para ser vice-presidente com Eduardo Campos, numa plataforma ideologicamente incoerente com o PSB. Logo depois, Campos morreu num acidente de avião e Marina acabou candidatando-se a presidente de novo. De novo falou sobre capitalismo verde e de novo recebeu os aplausos da mídia norte americana. Depois que ela perdeu, a Rede conseguiu se legalizar e juntou-se com Marina napoio para o tecnicamente ilegal impeachment.
O PT nunca teve mais do que 22% da bancada no Congresso e foi obrigado para poder governar a uma coalizão com um grupo de partidos corruptos e conservadores, como o PMDB, legado de um dos dois partidos oficiais permitidos durante a ditadura militar. Esta coalizão forçou o PT a sacrificar muitos dos seus objetivos mais importantes, como acabar com a polícia militar, a reforma agrária e a reforma política, e acabou afundando o partido na lama de uma série de escândalos de corrupção, enquanto a mídia brasileira ignorava os principais culpados e colocava toda culpa no PT. Isso alienou a corrente interna da esquerda radical do partido, chamada “Socialismo ou Barbárie”. Liderada pela senadora Heloísa Helena, muitos deles saíram e formaram o Partido de Socialismo e Liberdade (PSOL). O PSOL foi uma força importante nas eleições presidenciais de 2006, quando Helena levou 7% dos votos no primeiro turno, forçando Lula para o segundo turno contra governador conservador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Em 2010 o candidato a presidente do PSOL (e lenda da reforma agrária), Plínio Arruda, não conseguiu mobilizar o apoio integral dos sindicatos e movimentos sociais recebendo menos de 1% dos votos. Em 2014, Luciana Genro melhorou um pouco, recebendo 1,5%, mas ela só ficou em quinto lugar nas eleições recentes para prefeito, em Porto Alegre. Se você escutasse vários acadêmicos da esquerda norte americana, imaginaria que PSOL era uma força crescente, representando a verdadeira esquerda brasileira e não o que Gramsci chamou um “partido de autoridade moral” sem plano sério de tomar o poder. Será que o PSOL recebeu apoio indireto dos Estados Unidos e suas instituições de estado, expandindo-se em sua apresentação como uma alternativa viável ao PT? Ele certamente é apoiado por vários (aparentemente) bem-intencionados acadêmicos e publicações de esquerda burguesa norte americana, que têm o costume de papagaiar sua propaganda partidária sem análise crítica.
Transformando a narrativa midiática para promover um senso de caos no Brasil
Em sua entrevista ao jornal Sul 21, Fernandéz explicou como a CIA planejou criar notícias falsas sobre “caos em Cuba” e espalhá-las pelas maiores companhias midiáticas americanas, “como eles fizeram na Líbia”. Começando em 2013, a cobertura mediática do Brasil transformou matérias geralmente positivas em calúnias. O New York Times publicou uma matéria enorme cheia de fotos branco e pretas de pessoas com rostos deprimidos e obras em construção inacabadas. As manifestações, inicialmente sobre aumentos de tarifas de ônibus e contra prefeitos e governadores, em 2013 foram quase totalmente transformadas em manifestações anti-Dilma e durante meses matérias apareceram insinuando que teriam enormes manifestações anti-governo durante a Copa do Mundo. Não aconteceram. Em uma das tentativas mais óbvias de criar caos às vésperas da Copa do Mundo, a produtora “Vice” dos Estados Unidos intitulou um documentário sobre greves de professores no Rio e em São Paulo, “Caos no Brasil, nas ruas na Copa do Mundo”.
Infiltração na Media Social
Como nos Estados Unidos, o bombardeamento de informações falsas na mídia social contribuiu para o ressurgimento da extrema-direita e seus ataques contra imigrantes, gays, mulheres, sindicatos e minorias étnicas. Em 2013, Aécio Neves contratou a empresa que foi gerenciada pelo ex-coordenador da campanha de Barack Obama, David Axelrod, para coordenar a sua campanha digital durante o período eleitoral. Neste período, várias páginas de extrema-direita apareceram no Facebook e Twitter, campanhas de difamação contra a Presidente Dilma Rousseff, Lula e seu filho (que processou várias companhias da mídia por falsas acusações de que ele era um bilionário e dono de Friboi). Duas destas páginas mais populares, Movimento Brasil Livre e Estudantes pela Liberdade, receberam financiamento dos bilionários petrolíferos da família Koch, que têm interesse na privatização do pré-sal, por exemplo.
Desestabilização econômica
Edward Boorstein, no seu livro “Allende's Chile, documentou como o governo norte-americano e a empresa ITT causaram um boicote mundial ao cobre Chileno para desestabilizar a economia às vésperas do golpe que colocou Augusto Pinochet no poder. Durante o processo rumo ao golpe de 2016, o Juiz Sérgio Moro, que, de acordo com documentos vazado do departamento do Estado dos Estados Unidos, está recebendo apoio técnico do governo Americano para investigar crimes de lavagem do dinheiro como parte do “Projeto Pontes” desde, pelo menos, 2009, congelou operações das maiores companhias de construção civil no pais, causando uma queda de 6,7% no setor de construção civil e, segundo matéria da BBC, toda a lava à jato provocou uma queda de 2,5% no PIB do país . Apesar de ter várias razões para a desaceleração da economia brasileira, incluindo o erro do cálculo na taxa Selic feito pelo ex-Ministro de Fazenda Guido Mantega, a paralisação das indústrias de construção e petróleo feita por Moro foi um fator significante.
Apesar de talvez não haver provas concretas suficientes e disponíveis para fazer um argumento totalmente convincente sobre o envolvimento dos Estados Unidos no golpe de 2016 contra Dilma Rousseff, certamente existem provas suficientes para se especular sobre esta possibilidade. Será que os Estados Unidos se beneficiam com as novas políticas deste governo? Com certeza. Ele tem motivos para apoiar o golpe? Sim. Elementos do estado expandido norte-americano, como a imprensa burguesa, solaparam os pilares do governo Brasileiro? Sim. Será que o governo dos Estados Unidos foi diretamente envolvido nesta desestabilização? Neste momento as únicas provas concretas são as correspondências do Departamento de Estado dos EU implicando Sergio Moro, embora o nível deste envolvimento ainda não é claro. Entretanto, sob o risco de ser acusado de um teórico de conspiração, eu previno que com a passagem de tempo, como no caso do Golpe de 1964 no Brasil e do golpe de 1973 em Chile, mais e mais provas de envolvimento dos Estados Unidos na mudança de regime de 2016 vai subir até a superfície.