Flávia Maques, de 29 anos, aprendeu a incorporar a tapioca na sua rotina alimentar
Não
é preciso ir para as praias de águas quentes do litoral alagoano ou
cearense para se beneficiar do consumo da tapioca. O alimento, popular
em cidades do Norte e do Nordeste do país, ganha adeptos em Minas e
ocupa cada vez mais espaço na mesa ainda dominada pelo pão de queijo.
Feita de fécula de mandioca –, farinha semelhante ao amido de milho – a
tapioca tem várias identidades. É conhecida como polvilho doce, goma de
mandioca, goma seca e até como beiju. “Tapioca é um nome fantasia”,
observa o nutrólogo Fabiano Robert. As diferentes nomenclaturas podem
estar entre os motivos para as pessoas ainda terem dificuldade de
encontrar o produto no mercado.
O aumento da procura, porém,
chamou a atenção da indústria e algumas marcas já vêm ganhando destaque
nas prateleiras. Mas qual seria o motivo para que o prato tipicamente
nordestino desembarcasse por aqui? A médica nutróloga Norma Leite,
representante da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) no estado
do Sergipe, explica. “É uma boa fonte de carboidrato, que garante
energia. Além disso, é um alimento natural, sem aditivos químicos ou
conservantes. Não contém glúten e ainda é versátil, podendo ser
consumido com vários tipos de recheio”, afirma. Fabiano lembra que o
produto não tem adição de sódio, sendo ideal para hipertensos e renais
crônicos, e o valor energético é muito baixo.
“Uma porção de 45
gramas contém cerca de 70 calorias, enquanto um pão francês com 50
gramas tem entre 140 e 150 calorias”, calcula. Não é por acaso que a
tapioca vem sendo cotada para substituir o protagonista dos cafés da
manhã, o pãozinho francês. “Além da alta quantidade de sódio, o pão traz
gorduras, o que não ocorre com a goma da mandioca”, alerta o médico.
Portanto, trata-se de um carboidrato muito mais saudável que os demais.
No quesito vitaminas o
alimento deixa a desejar. “Não se destaca pela riqueza em vitaminas e
sim pela presença de sais minerais. Em 100g de goma de tapioca
encontramos aproximadamente 1,4 miligrama (mg) de ferro, 15mg de cálcio e
outros em menor proporção, como magnésio, fósforo, potássio, zinco,
manganês, cobre e selênio”, enumera a nutróloga Norma Leite. Para
agregar valor nutricional ao produto, vale abrir mão de todo tipo de
recheio. “Frutas, queijos e até ovos deixam a refeição mais equilibrada e
completa, rica em todos os nutrientes”, acrescenta a especialista.
INTELIGÊNCIA Como
a tapioca aceita tudo, é preciso utilizar o produto com inteligência,
alerta Norma. “Se for consumida só com manteiga, por exemplo, terá um
índice glicêmico muito alto e não vai provocar a tão esperada
saciedade”, reconhece a médica. Acrescentar proteína e vitaminas é
fundamental para tirar o maior proveito possível do prato, que deve ser
leve e com baixo teor de gordura.
A orientação para consumir o produto veio depois de constatar alterações nos exames de sangue
“A
carne seca, mais gordurosa, pode ser substituída pelo patinho moído,
uma carne mais magra. O queijo coalho pode dar lugar ao minas frescal.
Uma boa combinação também é a muçarela de búfala, tomate cereja e
manjericão”, aconselha. Adicionar chia no preparo da massa vai garantir
maior saciedade. Para os adeptos da versão doce, trocar o doce de leite
por geleia de frutas sem açúcar é outra alternativa.
QUALIDADE Entre
os praticantes de atividades físicas, a tapioca tem encontrado público
certo. “Não existe uma relação direta com a perda de peso, mas o fato de
ter menos calorias que o pão e ser um carboidrato de melhor qualidade
ajuda a torná-la mais saudável”, reconhece Fabiano. O alimento pode ser
consumido tanto no pré-treino, em torno de 30 minutos antes do
exercício, como depois. “Antes da atividade, pode ser acrescida de
frutas, como banana polvilhada com farelo de aveia, oferecendo assim
energia para um bom rendimento. Depois do treino, pode ser adicionada de
proteínas magras, que ajudam na recuperação do exercício, estimulando o
ganho de massa muscular”, orienta Norma.
A grande vantagem da
goma de mandioca é que praticamente não há contraindicações. “A ressalva
é em constipados crônicos. Nesse caso, ela deve ser utilizada
juntamente com uma alimentação balanceada, rica em fibras. Já que ela
não tem esse nutriente, pode tornar o trânsito intestinal lento”, alerta
a nutróloga Norma Leite. Adicionar chia, mamão e aveia são boas opções
para trazer o equilíbrio que o prato precisa. “Geleia de ameixa e a
própria ameixa seca também criam um bom casamento. Vale lembrar que,
para quem tem bons hábitos alimentares, a tapioca sozinha não vai
provocar a constipação”, reconhece Norma.
Não vale sair trocando
todas as refeições para se beneficiar dos baixos valores energéticos do
alimento. “Pode ser incluído em substituição ao pão e ao arroz, mas não a
uma refeição completa como o almoço, por exemplo”, orienta Fabiano
Robert. No jantar, pode entrar no acompanhamento de uma boa salada. A
redatora web Flávia Maques, de 29 anos, aprendeu a incorporar a tapioca
na sua rotina alimentar. A orientação para consumir o produto veio
depois de constatar alterações nos exames de sangue.
Uma porção de 45 gramas
contém cerca de 70 calorias, enquanto um pão francês com 50 gramas tem
entre 140 e 150 calorias%u201D, calcula o nutrólogo Fabiano Robert
“Meu
percentual de gordura estava muito alto, apesar de eu estar dentro do
peso. Procurei uma nutricionista e descobri que o glúten não me faz
muito bem, mas ainda não chega ao ponto de ser intolerável”, conta.
Diante da necessidade de reduzir o consumo da substância, a tapioca
surgiu como uma aliada. “Depois que comecei a reduzir o pão, percebi que
fico mais leve e minha digestão é mais rápida. Os resultados foram
imediatos”, garante.
A agilidade de preparo também contou pontos.
“Em 10 minutos o lanche está pronto. Faço muito com queijo minas ou
canastra light, apresuntado magro ou peito de peru light. Uso também a
carne de soja, que imita a moída e fica bem temperadinha”, conta. A
redatora também dá dica para quem não abre mão de um docinho. “Às vezes
preparo uma só de frutas, mas uma que adoro é de salada de frutas com
mel.”
FAÇA SUA MASSA
Ingredientes» 1 copo de polvilho doce
» 1 pitada de sal
» Algumas colheres de água filtrada
» Opcionais: ervas desidratadas (orégano, manjericão)
Preparo1 - Coloque o povilho em uma travessa juntamente com o sal e as ervas
2
- Misture os ingredientes e hidrate a massa com água. A adição de água
deve ser feita aos poucos, até que a massa fique hidratada sem que perca
a forma. Vale lembrar que se a quantidade do líquido for grande, a
massa se espalha e não passa bem pela peneira. Se for pequena, a massa
não fica bem hidratada e ficará quebradiça na frigideira. Misture até
obter uma consistência firme
3 - Reserve por 12 horas em geladeira
4 - Seque a massa com a ajuda de um papel-absorvente, se for necessário
5 - Passe a massa pela peneira, formando flocos finos
6 - Leve a frigideira em fogo baixo, cubra todo o fundo com a massa
7- Vire depois de um minuto e acrescente o recheio de sua preferência
8- A massa pode ser armazenada por três dias na geladeira
Fonte: Fabiano Robert, nutrólogo