Em
artigo no O POVO deste sábado (29), o médico, antropólogo e professor
universitário Antonio Mourão Cavalcante acredita que Cid Gomes deve
renunciar nos próximos dias. Confira:
A lucidez do
déspota é a desmesura. Acredito que a democracia é um sistema corretivo.
Não deixa que o déspota pense além do prazo. O voto vem e desmancha as
ilusões mais mordazes que possam ser armadas. Recentemente, disse nesse
mesmo espaço, que o governo Cid Gomes era moribundo. Essa semana ele vai
acabar… E, a hora da inana chegou. (inana – situação difícil, aflitiva.
Aquilo que causa aborrecimento, amolação. Briga, pancadaria.) O
processo se desenha confuso. Não é possível contentar a todos. Vai
sobrar gente na curva, apesar de promessas, juras e compromissos de
todos os tipos.
Gostaria de refletir sobre o significado das
alianças partidárias. O antes e o depois. Na campanha, juras de amor
total. Nunca nos afastaremos. Buscaremos o melhor para nosso povo.
Eleitos, vem a partilha. Cada um cuidando da fatia que lhe cabe “nesse
latifúndio”.
Chegada a sucessão, os amores se despedaçam. Não
ficam cacos da aliança. Detona-se o “salve-se quem puder.” Aí as feridas
e traumas mostram-se a céu aberto. Fraturas expostas.
No Ceará,
agora, estamos com este cenário. O governador se acha no direito de
fazer o sucessor. Por que? Para que? Pouco importa. Ele quer. Aí, como
tem uma história de tempo de televisão, um partido (PMDB) aliado de
primeira hora e um PT (leia-se Guimarães) louco para ser senador, a
coisa complica. Só tem lugar para dois, quando são, pelo menos três
disputando. (Sem falar no PCdoB) que ainda sonha com Inácio ao Senado…
E
os interesses do Ceará? Ficam temporariamente desligados, até que se
faça uma chapa boa de ganhar. Mesmo que tudo já venha distribuído e com
donos…
Assuntos como a violência, a seca, a saúde, a educação
ficam postergados. Não se fala disso por enquanto. Isso não é o
essencial. Inventa-se uma coisa mágica. Da outra vez, as Hiluxs do Ronda
não conseguiram engabelar? E o aquário, quem vai concluir? E a
refinaria? E a siderúrgica? Promessas para próxima campanha. Tenha
calma!
Ninguém sabe apontar onde estão as divergências ideológicas
desses senhores. Por que eles estão juntos ou separados, se a única
causa que os motiva é o poder pelo poder. Sentar naquele trono e dizer: o
rei agora sou eu!
Triste Ceará. Foi assim. É assim. Será sempre?
Penso eu - Meu Deus! Pensei que o querido Mourão já tivesse digerido a pisa que levou com o Poste nas eleições pra Prefeito de Fortaleza.