Mello Mourão, um cearense que sabia ler. E escrever.


Câmara entrega o título de cidadão a Gerardo Mello Mourão (in memoriam)

GerardoA Câmara Municipal de Fortaleza concedeu nesta quinta-feira (25) em sessão solene, o Título de Cidadão de Fortaleza ao poeta Gerardo Majella Mello Mourão (in memoriam). A homenagem foi proposta pelo vereador João Alfredo (PSOL) e aprovada por unanimidade pelos demais vereadores. A sessão contou com as presenças da filha do homenageado, Barbara Junqueira Ayres; o deputado federal Mauro Benevides, do secretário da Regional IV, da Prefeitura de Fortaleza, Francisco Aírton Mourão; Paulo Ferdinando de Melo, professor da UECE; Salete Mourão, vice-prefeita de Ipueiras, terra natal do homenageado.
O deputado federal Mauro Benevides, contemporâneo de Mourão, destacou que o poeta engrandeceu a cultura cearense. “Como poliglota, reconhecido em todo o mundo, por sua verve literária e poética, conseguiu transmitir aos filhos muitos dos seus dons. “Um dos seus filhos, hoje dirige o Instituto Rio Branco, o embaixador Gonçalo Barros Carvalho de Melo Mourão. Sua performance demonstra a herança cultural herdada de seu pai. Hoje, a bibliografia de Mello Mourão está sendo reunida. Ele foi um cidadão de muitos mundos, mas nunca esqueceu o seu Ceará. Essa aureola que hoje a Câmara concede, faz juz a esse homem que pode ser considerado um dos cearenses mais proeminentes da história por sua vida voltada para a cultura do país”.
Em seguida, o vereador João Alfredo saudou o homenageado. Segundo ele, Gerardo de Mello Mourão causa fascínio tanto por suas obras como por sua própria vida. “Ele foi preso na ditadura de Vargas por opção pelo integralismo e de ser falsamente acusado de apoiar os nazistas e pela ditadura militar, quando foi acusado de ser a favor dos comunistas. Ele falava que o que o movia era a justiça social. Algo que era muito presente nas obras dele e o amor pelo Brasil. Acho que a inquietude dele foi a força motriz de sua atuação. Ele dizia que quando fazia política estava cometendo adultério, pois sua vida era a poesia e a literatura. Era um intelectual que não vivia isolado. Ele se preocupou com seu tempo” asseverou.
Alfredo destacou que Mello, foi deputado federal por Alagoas e sofreu na própria pele a repressão de duas ditaduras. “Outra coisa que me chama atenção nele é que não há contradição no bairrismo e no universal. Tinha sua raiz no sertão, mas era um homem do mundo. Tinha amigos como Neruda, mas nunca perdeu a sua cearensidade. Estava vendo uma entrevista quando ele dizia que a homenagem mais importante que ele recebeu foi o título de cidadão de Crateús.
“Ele deixa uma obra e uma poesia que é um marco; “A Invenção do Mar”, onde ele faz referencia a toda uma saga dos portugueses que aqui vieram e se instalaram e mostra como a formação do Brasil começa no Nordeste. Faz referencia à guerrilha de Guararapes. Prestar uma homenagem a quem foi tão homenageado em vida, é afirmar o orgulho de se ter entre nós, mesmo que não esteja vivo, sua obra que fica para as novas gerações”.
Em seguida, foi feita a entrega do Título de Cidadão de Fortaleza (in Memoriam) ao poeta Gerardo Majella de Mello Mourão, que foi recebido por sua filha Bárbara Junqueira Vaz. Em seu discurso de agradecimento, Bárbara destacou a presença do deputado federal Mauro Benevides, que acompanhou a trajetória de seu pai. “O conheci rapaz e eu menina ainda. Quero agradecer ainda o vereador João Alfredo por essa homenagem. Você conseguiu sintetizar muito bem o que meu pai pensava. Os dois mundos que ele vivia. Realmente você compreendeu o poeta. Ao jornalista Carlos Martins também agradeço pela lembrança e por ter nos encontrado no Rio de Janeiro. Enfim, agradeço também pela presença dos meus primos de Ipueiras e de Fortaleza todos oriundos da raiz sertaneja da família Mourão”, finalizou.

 

Tais brincando!



MPF recomenda retirada da coloração verde da estátua de Iracema

foto iracema messejana
O Ministério Público Federal (MPF) recomendou à Prefeitura de Fortaleza a adoção de medidas para executar a restauração da estátua de Iracema, na Lagoa de Messejana, eliminando a coloração verde do monumento. A recomendação foi feita pelo procurador da República Oscar Costa Filho, durante reunião realizada nessa sexta-feira (26), com representantes da Secretaria Executiva Regional VI.
A reunião foi motivada por reclamações de comunidades indígenas sobre a pintura realizada no ano de 2012, que estaria provocando discriminação e descaracterização étnica devido à cor verde da estátua da índia Iracema. Inquérito instaurado no MPF aponta diversas representações realizadas por integrantes de comunidades indígenas.
Durante a reunião, foi sugerido que a empresa responsável pela pintura procedesse as alterações, adequando a cor da estátua à coloração natural da pele – como era a estátua originalmente. Como resposta, a Regional VI não se opôs a mudar a coloração da estátua, desde que a tinta seja antipichação, e se comprometeu a realizar consulta à empresa responsável pela restauração do monumento.
(MPF)

Miss Brasil

Antes que algum candidato diga que foi quem elegeu a Miss Ceará, Miss Brasil, no Centro de Eventos, aqui em Fortaleza, saibam que a Missa Brasil é Miss Ceará e nenhuma das figurinhas que pedem votos com mentiras estava no juri.

Você embarcaria nessa?

Foto do dia: o voo do avião movido a energia solar

Piloto alemão Markus Scherdel conduz avião movido a energia solar sobre lago na Suíça (Foto: Denis Balibouse / Reuters)

Minha bike minha vida

Dilma diz que haverá crédito para compra de bicicleta
Dilma prometeu abrir linha de crédito para financiar compra de bicicletas
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Brasília - A presidente, candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff disse na manhã deste sábado (27) que o governo federal vai criar uma linha de financiamento em bancos para que a população compre bicicletas. A declaração foi dada antes de Dilma fazer um passeio na linha do BRT (Bus Rapid Transport) na região do Gama, cidade-satélite a cerca de 40 quilômetros de Brasília, um dos investimentos do governo do petista Agnelo Queiroz na capital. Para tanto, foi construído um corredor exclusivo para a passagem dos ônibus articulados da linha.
Dilma lembrou que é a primeira vez que o governo federal utiliza uma política global para investimento na área de transporte urbano. A presidente afirmou que sem os bancos públicos não há investimento na qualidade do transporte. “Ao contrário do que alguns candidatos falam”, disse ela, dando mais uma estocada em Marina Silva, do PSB. A presidente fez um balanço dos investimentos em parceria com Estados e municípios e disse que em um eventual segundo mandato irá continuar a investir na expansão da mobilidade sobre trilhos.
“O trilho tem uma rapidez imensa”, destacou. De acordo com a candidata do PT, as parcerias tornaram viáveis 658 quilômetros de obras de transporte sobre trilhos, 3.204 quilômetros de BRTs e corredores exclusivos para ônibus, além de investimentos em nove metrôs dos principais centros urbanos do País e de cinco parcerias para ampliação de trens urbanos e três obras para colocar em funcionamento monotrilhos, treze VLTs.
Dilma recordou também que há uma preocupação do governo federal em investir em ciclovias e bicicletários e lembrou que hoje a maior parte das fábricas de bicicleta está na Zona Franca de Manaus, portanto não pagam tributos. Nesta semana, quando houve o Dia Mundial Sem Carro, a candidata do PSB, Marina Silva, defendeu a redução dos impostos para a produção de bicicletas. “Se tem uma coisa que a gente não esquece é andar de bicicleta”, provocou Dilma, falando indiretamente da adversária, que não sabe andar de bicicleta e cumpriu uma agenda no Dia Mundial Sem Carro utilizando táxi. Segundo Dilma, o financiamento de bicicletas está disponível para todos.
Dilma estava maquiada e de cabelo cortado, ao lado do governador do DF e candidato à reeleição Agnelo Queiroz. A petista defendeu o instituição do bilhete único para o transporte e disse que é preciso fazer com que a classe média também opte pelo transporte público. Em sua visão, o transporte público é um investimento que melhora qualidade de vida da população e proporciona ao cidadão mais tempo. “Isso é crucial na vida das pessoas”, comentou.
Factoide
Dilma Rousseff rebateu, ainda, notícias divulgadas neste fim de semana pela revista “Veja”. “É um factoide da revista que continua a colocar em suas páginas às vésperas da eleição”, disse a petista ao chamar o episódio de “factoide eleitoral”.
A revista publicou que o ex-ministro Antonio Palocci teria pedido ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa R$ 2 milhões para a campanha de 2010 de Dilma Rousseff à Presidência. A informação faria parte de depoimento de Costa no processo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.
A candidata lembrou que à época, o tesoureiro de sua campanha era José de Filippi Jr, hoje secretário municipal da Saúde em São Paulo. Ela disse que o tesoureiro apresentou sua prestação de contas. (Daiene Cardoso/Agência Estado)

Concorrencia desleal - Coronel traficante


Coronel do Exército é preso com 351 kg de maconha no Rio
Militar reformado do Exército e sua mulher foram presos em pedágio
Foto: Polícia Federal
Coronel deixava farda pendurada para evitar revistas no veículo. Foto: Polícia Federal
Rio - Um coronel reformado do Exército foi preso enquanto transportava 351 kg de maconha no pedágio da rodovia Rio-Petrópolis (BR 040), na altura de Xerém, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo a Polícia Federal, foi presa também a companheira do militar. Ambos não tiveram os nomes revelados. A droga estava escondida no fundo falso do veículo.
Segundo a PF, o coronel reformado, de 56 anos, costumava deixar uma farda pendurada num cabide no interior do furgão, para “tentar inibir possíveis revistas policiais”. O militar foi preso com uma pistola calibre 380 sem registro e, por isso, foi também autuado por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
A droga, de acordo com a PF, seria proveniente do Paraguai. “A Polícia Federal investiga a suspeita de que a droga seria distribuída em comunidades do Rio e também de Niterói”, informou a corporação. A operação teve o auxílio de um cão farejador.
O coronel, morador da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, foi encaminhado à chefia do Exército no Rio, o Comando Militar do Leste. A companheira dele, de 49 anos e moradora de Jacarepaguá, também na Zona Oeste, foi levada para o presídio Nelson Hungria, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.
Ambos vão responder pelo crime de tráfico de drogas, cuja pena varia de 5 a 15 anos de prisão. (Idiana Tomazelli e Tiago Rogero/Agência Estado)

...e se der segundo turno...


Datafolha sinaliza virada do medo na sucessão
Editoria de Arte/Folha
Os dados que o Datafolha divulgou na noite de sexta-feira (26) exibem algo muito parecido com o que os amantes do futebol chamam de virada. No caso da sucessão, uma virada do medo contra o desejo de mudar. A melhor explicação para o fenômeno vem do Nordeste. Ali, informa a pesquisa, Marina Silva despencou nove pontos percentuais. E Dilma Rousseff subiu seis. Num cenário de segundo turno, a dianteira de Dilma entre os nordestinos pulou de 13 para 26 pontos: 59% a 33%. São evidências de que a eficácia do terrorismo eleitoral cresce na proporção direta da dependência em relação a programas como o Bolsa Família.
No total geral, Dilma voltou a oscilar para o alto. Em uma semana, subiu de 37% para 40%. Marina escorregou três pontos, de 30% para 27%. A vantagem alargou-se para 13 pontos. Aécio Neves ficou praticamente estável: foi de 17% para 18%. No cenário de segundo turno, Dilma subiu de 44% para 47%. Com isso, ultrapassou Marina, que caiu de 46% para 43%.
Construída lentamente, desde o início do mês, a mudança de cenário não é negligenciável. Mantidas as tendências de ascensão de Dilma e de queda de Marina, não se pode excluir nem mesmo a hipótese de a candidata do PT prevalecer no primeiro turno. É improvável. Mas não é impossível.
Numa conta que considera apenas os votos válidos, como faz a Justiça Eleitoral ao contabilizar as urnas, Dilma teria 45%. Marina, 31%. Aécio, 21%. Para liquidar a fatura, a presidente precisaria obter mais votos do que a soma dos votos de seus rivais. Marina e Aécio somam 52%. Os candidatos nanicos, 3%.
Na hipótese de sobreviver à artilharia, Marina terá de fazer outra campanha no segundo turno para reverter a aparência de espantalho que o marqueteiro João Santana grudou no seu rosto. Considerando-se apenas os votos válidos, Dilma tem 52%. Marina, 48%. O tempo de propaganda de tevê passaria a ser igual –dez minutos para cada candidata. O problema de Marina será encontrar um enredo que a retire da defensiva.
Editoria de Arte/Folha

A greve, quase chantagem


Febraban propõe aumento de 7,35% para evitar greve
Sindicatos dos bancários programaram paralisação para o dia 30
Renato Araujo ABr - Bancarios Greve Sindicato
Febraban tenta evitar greve em período eleitoral. Foto: Renato Araújo/ABr
São Paulo - A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) propôs um aumento salarial de 7,35%, valor acima dos 7% oferecido anteriormente. Mas os dirigentes sindicais consideram a nova oferta baixa, pois permanece muito abaixo do aumento de 12,5% esperado pelos trabalhadores.
A federação, que representa 90% dos 480 mil bancários brasileiros, informou que a proposta será submetida à votação na próxima segunda-feira (29). Se for rejeitada, uma greve está prevista para começar na terça-feira.
A proposta dos bancos representa um pequeno aumento real dos rendimentos, dada a inflação de 6,5%, segundo o sindicato. O salário médio mensal de um funcionário de banco no Brasil é de R$ 4,6 mil, mais do que o dobro do salário médio do país, de R$ 2,1 mil por mês.
No ano passado, as negociações começaram com um pedido de 11,93% de aumento e terminaram com um acordo de 8%, após cerca de um mês de greve.
Greves por melhores salários tornaram-se uma ocorrência anual no Brasil nos últimos anos, quando os lucros das instituições financeiras aumentaram mesmo em meio a um crescimento econômico modesto. Apesar de incomodar os clientes, as greves raramente têm grande impacto sobre as operações ou lucros dos bancos, já que analistas apontam que os brasileiros adiam as solicitações de empréstimos.
No ano passado, o movimento trabalhista não teve impacto significante sobre as ações do Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil. Fonte: Dow Jones Newswire.

Era espuma de chopp

Marina fornece munição para seu próprio abate

Josias de Souza
Marina Silva diz que o “marketing selvagem” da campanha petista a transformou numa “exterminadora do futuro”. A imagem evoca o filme ‘O Exterminador do Futuro’. Nele, um personagem encenado por Schwarzenegger é enviado ao passado para matar a mãe de um líder revolucionário que estava perturbando o governo. A diferença é que, no enredo da sucessão brasileira, João Santana não precisou viajar até o ventre da mãe de Marina. Para matar o problema pela raiz, ele atira contra a aura de virtude que rodeia a rival de Dilma. Faz isso com munição fornecida por Marina.
O retorno de Dilma à condição de favorita no Datafolha é um triunfo da Realpolitik, que é o nome de fantasia da hipocrisia na política. Diferentemente de seus antagonistas, Marina exibiu à plateia um programa de governo. Mas ele era de vidro. Um pedaço (LGTB) foi modificado menos de 24 horas depois do anúncio. Outro trecho (direitos humanos) era plágio literal de um programa da gestão FHC. Um terceiro naco (pré-sal) tinha a profundidade de uma poça, rasa o bastante para que uma formiga atravessasse com água pelas canelas.
A marquetagem a serviço de Dilma logo se deu conta de que a peça de Marina era uma oportunidade a ser aproveitada. Com um par de filmetes apelativos, a equipe de João Santana empurrou a rival para a defensiva. Num, a ideia de dar independência ao Banco Central foi vendida como rendição aos banqueiros. A comida some do prato dos pobres. Noutro vídeo, sustentou-se que, ao negligenciar o pré-sal, Marina tiraria R$ 1,3 trilhão da educação. As letras desaparecem das páginas de livros manuseados por estudantes com ar de espanto.
O destinatário do terrorismo, o eleitor da Classe ‘C’, foi atingido em cheio, demonstra o Datafolha. Nesse universo, composto por brasileiros com renda familiar de 2 a 5 salários mínimos, Dilma e Marina estavam empatadas em 34% há uma semana. Agora, a presidente prevalece sobre a desafiante por 37% a 30%. Revelou-se devastadora também a boataria de que Marina, insensível a mais não poder, aniquilaria os programas sociais. No Nordeste, a supremacia de Dilma (59%) sobre Marina (33%) num hipotético segundo turno alargou-se de 13 para 26 pontos percentuais.
Propagou-se, de resto, a tese segundo a qual a falta de estrutura partidária de Marina levaria o país a uma crise de governabilidade. Algo que a aversão da substituta de Eduardo Campos aos partidos e aos políticos ajudou a potencializar. Supremo paradoxo: os mais de 11 minutos de propaganda que permitem a Dilma desqualificar Marina foram propiciados por um conglomerado político que consolidou no Brasil um regime hediondo: a cleptocracia.
Mantidas as atuais tendências, Marina será abatida na sucessão de 2014 pela munição que ela própria forneceu ao “marketing selvagem” de João Schwarzenegger Santana. Na hipótese de perder, Marina talvez assimile um ensinamento: na conciliação entre o ideal e a prática, os vícios devem entrar na composição das virtudes como os venenos na dos remédios. Misturando-os pode-se desejar e sonhar como um menino. Sem descuidar das armadilhas que impedem o adulto de fazer e acontecer.



18 Ago 2014
29 Ago 2014
03 Set 2014
10 Set 2014
19 Set 2014
26 Set 2014
0%5%10%15%20%25%30%35%40%45%
40%
27%
18%

Bom dia

Brasil será potência mundial

 
LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil.
Estou no 
professorLFG.com.br e no twitter: @professorlfg


No decurso da Copa do Mundo recebi e conversei muito com alguns amigos estrangeiros. Eles estavam encantados com nosso país, com a hospitalidade, com a culinária, suas belezas naturais, suas cidades pujantes, estádios bonitos etc. Um deles, visivelmente o mais entusiasmado, dizia que o Brasil se converteria, em breve, em uma grande potência mundial, "na ciência e na tecnologia, na educação e na cidadania, no agronegócio e na indústria, na produtividade e na competividade etc."
Fiquei me perguntando qual seria o milagre que iria transformar nosso país em um paraíso. É certo que não podemos negar as qualidades extraordinárias do Brasil, mas ao mesmo tempo sabemos que estamos mergulhados num caos profundo, sobretudo porque sempre fomos governados por pessoas que sempre pensaram mais nelas que nos interesses gerais. Ponderei aos meus amigos que somos dois brasis (um com a proa voltada para a civilização e outro muito atrasado - Brasildinávia e Brasilquistão). Somos cordiais (agreguei), mas matamos 57 mil pessoas por ano; somos hospitaleiros, mas campeões do mundo em violência contra os professores; matamos 12 mulheres a cada 24 horas, 130 pessoas diariamente em acidentes de trânsito etc.
Ao meu interlocutor ainda sublinhei o seguinte: como pode o Brasil vir a ser uma potência mundial respeitada, se ele conta ainda com tanta violência (e a violência é sinal de atraso e de barbárie, não de evolução). Dei-lhe alguns números: em 1980, o Brasil era o quarto país mais violento do mundo, dentre 23 (só temos dados disponíveis de 23 países nesse ano). Em 1995, dentre 80 países, passamos para a sexta posição. Já em 2000, passamos a ser o sétimo mais violento do mundo, num total de 98 países: pouco avanço, devido ao aumento contínuo na taxa de mortes.
Em 2010, de acordo com levantamento realizado pelo Instituto Avante Brasil, o Brasil passou a ser o 20º país mais violento, dentre 187 países. Em 2012, nesse grupo, chegou ao 12º lugar. Em 2010, o Brasil foi responsável por 52.260 homicídios, ou uma taxa de 27,3 mortes para cada 100 mil habitantes; em 2012, apresentou um crescimento de 7,8% em números absolutos, registrando 56.337 mortes e uma taxa de 29 para cada grupo de 100 mil habitantes.
Com esses números, perguntei, como pode o Brasil se tornar uma potência mundial? Ele me respondeu:
"Há muita coisa para se fazer, porém, uma delas será absolutamente imprescindível, porque é a primeira de todas: reconhecer que a cultura do Ocidente está em franca decadência. Essa é a raiz de praticamente todos os problemas dos países ocidentais, que estão ameaçando concretamente o futuro das gerações vindouras; as pessoas estão perdidas e as instituições se encontram falidas. Tudo isso nos impede de viver uma vida plena e satisfatória. Algumas das nossas sociedades estão invertebradas. Outras são, desde a origem, invertebradas, sobretudo do ponto de vista moral e ético".
Lamentavelmente, eu disse, o Brasil se encaixa no segundo grupo: somos um país invertebrado moralmente, desde o descobrimento (em 1500). Essa é a nossa peste invisível, que aqui se espalhou com a postura individualista e extrativista dos conquistadores, que transmitiram esse vírus maligno de geração em geração, corroendo de forma profunda a espinha dorsal que rege as relações humanas e sociais, afetadas até à raiz pela nossa forma de pensar, nossas opiniões, nossos juízos e nossos atos, pouco comprometidos com a vida saudável em sociedade.
Meu interlocutor concluiu: "O bloqueio ético que invadiu a cultura ocidental nos impede de pensar coletivamente. Cada um busca a satisfação exclusiva dos seus interesses, a realização dos seus desejos (cada um por si e ninguém pelo todo). Essa é uma cultura nitidamente alienante e decrépita, que altera nossa capacidade de raciocinar, assim como nossos sentidos e chega mesmo a destruir nossa própria identidade e nossas ideias, projetando-nos para um niilismo absoluto, onde reina a ausência de regras (anomia) e de autoridade, assim como de crenças coletivas e tradições".
Antes que ele encerrasse seu discurso indaguei: "Vivemos ao sabor dos ventos, sendo indiferente para nós se eles sopram para a esquerda ou para a direita, para frente ou para trás, para o progresso/civilização ou para a barbárie?".
Ele prosseguiu: "Nada mais atinge nossa sensibilidade, ainda que se trate de um ato extremamente cruel e desumano. Somos indiferentes à dor alheia, ao sofrimento dos demais. As sociedades invertebradas estão fulcradas na crença e no pensamento de que só se considera como realização pessoal a que se alcança mediante a satisfação dos desejos mais primários, das pulsões mais primitivas, que passaram a constituir o padrão de referência para valorar as consequências dos nossos atos. O bem absoluto é a satisfação dos nossos interesses, pouco importando o que eles significam para o progresso ou retrocesso da comunidade, da ética e da moral. O bem supremo da vida é a realização do nosso desejo, dos nossos interesses, ainda que alcançados por meios aéticos e imorais, ainda que conquistados por formas tortas e deploráveis, com violação das frouxas e fluidas regras procedimentais. Trocamos a razão objetiva pela razão subjetiva, ou seja, pelo que manda a vontade de cada um, sem considerar que os humanos não vivemos isolados dos outros humanos".

Veja vai pagar pela armação

Veja perde de 7 a 0 no TSE e irá reparar dano ao PT

Foi pior do que Brasil e Alemanha na Copa do Mundo. Por sete votos a zero, a revista Veja foi condenada, na noite de quinta feira, a reparar o dano causado ao Partido dos Trabalhadores por uma reportagem publicada há duas semanas.
No texto "O PT sob chantagem", Veja acusava lideranças do PT, incluindo o ex-presidente Lula e o ministro Gilberto Carvalho, de terem sido submetidos a uma chantagem para que não fossem arrastados para o escândalo da Petrobras. Segundo a revista da Marginal Pinheiros, o PT teria pago US$ 6 milhões, em dólar, ao financista Enivaldo Quadrado para que os nomes de seus dirigentes não fossem envolvidos no caso.
Como a reportagem não apresentava qualquer prova ou indício da denúncia que fazia, o PT representou contra a publicação no Tribunal Superior Eleitoral. Além de contar com parecer favorável do procurador-geral Rodrigo Janot, a posição do relator Admar Gonzaga foi acompanhada pelos outros seis ministros do TSE – entre eles, três representantes do Superior Tribunal Federal: Dias Toffoli, Teori Zavascki e Rosa Weber.
O direito de resposta, de uma página, deverá ser publicado nesta ou na próxima edição de Veja – a depender da intimação dos dirigentes da editora, hoje conduzida por Giancarlo Civita e Fabio Barbosa. "Não se discute aqui qualquer restrição à liberdade de imprensa, mas apenas o direito de resposta", enfatizou Dias Toffoli.
Com a decisão desta quinta-feira, crimes de imprensa – que se tornam mais comuns em períodos eleitorais – começam a ser punidos.
Fonte: Jornal A Folha