Renan anuncia pacote de reação contra ação da Polícia Federal
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
anunciou um pacote de ações jurídicas em resposta à ação da Polícia
Federal, que prendeu quatro policiais legislativos do Senado na última
sexta-feira. Além disso, Renan também quer priorizar uma Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) que corta benefícios para membros do
Ministério Público e juízes.
Na Justiça, serão três ações. De acordo com Renan, o Senado ingressou
nesta quarta-feira, 26, com uma arguição de descumprimento de preceito
fundamental (ADPF) relativa à ação da Polícia Federal. Nesta
quinta-feira, 27, o órgão vai protocolar também uma reclamação. O
peemedebista orientou ainda que a Advocacia do Senado entre com uma
representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o juiz
Vallisney de Souza Oliveira, que autorizou a ação da Polícia Federal.
“Não se defende a inviolabilidade absoluta do Congresso Nacional mas
que as ações de investigação sejam realizadas com equilíbrio. Não
podemos reviver os sobressaltos típicos da ditadura militar”, afirmou.
De acordo com Renan, pedir que o STF se posicione sobre os limites entre
os poderes é a melhor forma de evitar que “os excessos se perpetuem”.
Ele também acredita que a representação contra o juiz vai permitir que o
magistrado explique suas decisões.
Fora isso, o presidente do Senado também recomendou que os diretores
da Polícia Legislativa ingressem no STF com pedido de habeas corpus
preventivo. “É uma precaução para que novas prisões arbitrárias não
aconteçam”, alegou.
Fim de aposentadoria-prêmio
Dando sequência a sua escalada contra o Judiciário e o Ministério
Público, Renan recomendou que a Câmara priorize a PEC 89/2003, que põe
fim à aposentadoria compulsória para juízes e promotores que cometerem
crimes e forem condenados judicialmente a chamada
“aposentadoria-prêmio”.
O texto foi aprovado no Senado em 2013, mas se encontra adormecido na
Câmara. “Acho que mais do que as Medidas Contra a Corrupção, temos que
priorizar essa PEC, que dizima a aposentadoria como um prêmio”, disse
Renan. Ele quer que a votação aconteça ainda neste ano.
Fazendo as pazes
Apesar das ações, Renan cumprimentou o Judiciário e afirmou que há
muita expectativa quanto à presidência da ministra Cármen Lúcia. Ele
confirmou que irá comparecer ao evento de lançamento do Pacto Nacional
pela Segurança Pública, previsto para esta sexta-feira, em que Temer
organiza um encontro de pazes entre Renan, Cármen e o ministro da
Justiça, Alexandre de Moraes.
Renan recuou das declarações de que não se sentiria bem em uma
reunião com Moraes. Hoje, o presidente do Senado afirmou que seu cargo
não permite essa escolha e que, independentemente da presença do
ministro, ele participará do encontro.
“Fico melhor no papel de bombeiro do que de piromaníaco. Vamos
trabalhar para que essa centelha não vire um incêndio”, disse Renan em
relação ao início de uma crise institucional entre os poderes. Ele
continuou a ponderar, entretanto, que havendo excessos da Polícia do
Legislativo, a melhor ação seria comunicá-lo para que tomasse as devidas
providências.