Brasil perde 18% dos voos de empresas estrangeiras em um ano
Por Vinícius Casagrande
A
instabilidade política e econômica pela qual passa o Brasil nos últimos
tempos tem afastado companhias aéreas estrangeiras e reduzido a oferta
de voos internacionais no país.
O
Brasil teve uma redução de 18% na oferta de voos internacionais feitos
por companhias aéreas estrangeiras no último ano. Segundo dados da Anac
(Agência Nacional de Aviação Civil), empresas de fora do país atualmente
realizam 632 voos por semana. Há um ano, eram 769 voos.
Nos
últimos meses, grandes empresas como Singapore Airlines e Korean
Airlines abandonaram suas operações no país e a Etihad já anunciou que
deixará de voar para o Brasil a partir de março do próximo ano.
Também
deixaram o Brasil a LAN Colômbia, que atualmente faz parte do grupo
Latam, e a US Airways, que foi incorporada pela American Airlines após a
fusão das duas empresas.
Por outro lado, a Edelweiss Air, da Suíça, começou a voar para o Brasil em 2016, ligando Zurique ao Rio de Janeiro.
Com
isso, o Brasil passou a ter 40 companhias aéreas estrangeiras com voos
regulares para o país. São três a menos do que há um ano.
Apesar
da diminuição do número de voos e de empresas estrangeiras, o número de
países com voos diretos para o Brasil permaneceu estável no período.
São 61 países com voos sem escala. É que a Singapore e a Korean
precisavam fazer uma parada para reabastecimento antes de chegar aos
seus destinos finais. Por conta disso, seus dois países de origem não
entram na conta.
Redução de frequências
Apesar
de continuarem operando no país, muitas companhias aéreas reduziram a
quantidade de voos. A American Airlines, por exemplo, cancelou suas
operações no aeroporto de Viracopos, em Campinas, de onde voava para
Miami e Nova York. O voo entre São Paulo e Los Angeles deixou de ser
diário para ter apenas cinco frequências semanais.
A
TAP também cancelou suas operações em Viracopos. A empresa tinha um voo
direto para Lisboa. A rota, no entanto, passou a ser operada pela
brasileira Azul.
A
alemã Lufthansa foi outra que diminuiu sua operação no Brasil. No final
de outubro, a empresa deixou de voar a rota entre São Paulo e Munique.
A
ligação entre Rio de Janeiro e Londres também teve uma redução de
frequência dos voos operados pela British Airways. A companhia britânica
passou a voar cinco vezes por semana na rota entre as duas cidades. A
redução acontece de 30 de outubro deste ano a 25 de março de 2017.
A espanhola Iberia também diminuiu de seis para cinco voos semanais na rota entre Madri e o Rio de Janeiro.
Em
comum, todas alegam a diminuição da demanda e a crise econômica. “A
situação econômica brasileira atual também tem seus efeitos sobre o
transporte aéreo. Uma severa queda na demanda por voos para a Europa não
nos permite, sob uma perspectiva econômica, manter nossa oferta local
de voos no patamar atual”, diz o comunicado da Lufthansa emitido na
época do anúncio do cancelamento dos voos.
Empresas brasileiras
As
companhias aéreas nacionais também reduziram seus voos, mas passaram a
voar com aviões mais cheios. Embora no mês de outubro tenham ofertado
2,83% a menos de assentos se comparado ao mesmo mês do ano passado, as
quatro principais companhias brasileiras transportaram 6,38% a mais de
passageiros em voos internacionais.
O
cenário serve como um pequeno alívio para compensar as perdas no
mercado nacional. As companhias nacionais registraram pelo 15º mês
consecutivo uma diminuição no mercado doméstico. Em outubro, houve uma
queda de 6,88% no número de passageiros em voos nacionais.