Artigo de Obama vira publicação científica mais discutida do ano
A empresa
Altimetrics elaborou uma lista dos artigos científicos mais ressonantes
do ano. O primeiro lugar pertence à publicação de Barack Obama sobre a
reforma do sistema de saúde nos EUA e um artigo de cientistas russos
ficou em terceiro lugar, junto com os membros da Colaboração de LIGO.
A
empresa britânica Altimetrics é uma das principais fontes de informação
estatística sobre como e onde a ciência está se movendo hoje em dia, e
em que áreas os pesquisadores estão agora ocupados. Ao recolher desses
dados, a Altimetrics leva em conta não apenas as citações dos artigos na
imprensa científica, mas também o quanto ativamente eles foram
discutidos na mídia, pelo público comum e pelos cientistas em
conferências e simpósios.
Corifeu das ciências
A
partir de 2013, a Altimetrics publica todos os anos em dezembro uma
lista dos artigos científicos mais lidos e discutidos. Este ano foi
incomum porque o primeiro lugar pertence não a um artigo de um
cientista, mas de um político. O "vencedor" nesta competição foi Barack
Obama, que publicou em julho deste ano um artigo na revista médica JAMA,
em que resumiu a reforma de saúde realizada por ele nos EUA.
A
assinatura da lei sobre assistência médica acessível ["Obamacare"] em
2014, de acordo com o presidente dos EUA, levou a que a proporção de
americanos sem seguro de saúde diminuísse quase para metade — de 16% em
2010 para 9% em 2015. Por outro lado, o aumento acentuado do custo deste
seguro no outono de 2016 e a ausência de um mecanismo através do qual o
Estado pague
diretamente os serviços médicos é visto por muitos adeptos de Bernie
Sanders e Donald Trump como a razão da derrota do Partido Democrata nas
eleições.
Médicos assassinos
O segundo artigo mais
popular também se refere aos problemas de saúde dos EUA. Em maio deste
ano, um cientista da Universidade de Johns Hopkins publicou
as estatísticas sobre as causas de morte nos EUA. Em terceiro lugar,
após as mortes por câncer e doenças cardiovasculares, surgem os erros
médicos, que já são responsáveis por 10% das mortes.
Esta publicação tem atraído grande atenção do público, que mais uma vez
considerou tais artigos como testemunho de que o sistema de assistência
médica dos EUA é totalmente insatisfatório para um país do primeiro
mundo.
Presente para Einstein
O artigo mais
ressonante no campo das ciências naturais foi a publicação na revista
Physical Review Letters no início de fevereiro deste ano, em que mais de
um milhar de cientistas, incluindo várias dezenas de físicos russos,
confirmam a descoberta de ondas gravitacionais — flutuações do espaço-tempo
previstas pela teoria da relatividade de Einstein. Esta teoria já tem
100 anos e a descoberta de ondas gravitacionais na prática foi um grande
presente para Einstein e para o mundo da física em geral.
Esta descoberta foi feita no detetor do LIGO (Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser), cuja construção
começou na segunda metade da década de 1980, graças às ideias de Kip
Thorne e Vladimir Braginsky. O LIGO começou a funcionar no início de
dezembro deste ano e agora cientistas esperam vir a encontrar não só o
"eco" das uniões de buracos negros, mas vestígios da "dança
gravitacional" dos pulsares.
Manchas brancas do sistema solar
A
quarta publicação mais popular também tem de certa forma a ver com a
Rússia. Em janeiro deste ano, dois planetólogos, Konstantin Batygin e
Michael Brown, disseram que na periferia do Sistema Solar pode haver um
gigante nono planeta, que "gere" o movimento de dezenas de planetas
anões.
Hoje, a pesquisa deste planeta, como contou Brown à RIA
Novosti, está sendo realizada por dez grupos de pesquisa
simultaneamente, e ele espera encontrá-lo antes do final do ano que vem.
Doces teorias da conspiração
Um
outro artigo dedicado à medicina, mais concretamente sobre a forma como
as pesquisas são realizadas nesta área, causou também grande
ressonância no mundo. Em setembro deste ano, médicos norte-americanos
disseram ser capazes de revelar a corrupção sistemática de cientistas
por representantes da indústria do açúcar, cujo resultado foi o papel de
açúcar no desenvolvimento de doenças do sistema cardiovascular ter sido
subestimado.
A publicação deste relatório na revista JAMA
Internal Medicine causou forte discussão na blogosfera e na mídia dos
países de língua inglesa, mas na maioria dos outros países do mundo ela
não atraiu tanta atenção quanto os quatro anteriores.
Segredos da mente e limites da vida
Além
de tudo isso, o top dos principais estudos mais populares também inclui
duas outras descobertas interessantes relacionadas aos limites da mente
humana e da vida humana. Na primeira delas, que tomou o nono lugar,
fala-se sobre a criação de AlphaGo, o sistema de inteligência artificial
capaz de aprender sozinho e jogar melhor este jogo que o campeão do
mundo.
No segundo estudo, publicado em outubro deste ano, os
cientistas afirmam haver um limite para a vida humana — cerca de 100-115
anos de idade — a partir do qual a mortalidade aumenta acentuadamente
por razões que não podem ser eliminadas através da melhoria de medicina
ou da qualidade de vida. A publicação deste artigo fez dois gerontólogos
famosos, Jay Olshansky e Stephen Osteda, dobrar o valor de uma aposta
feita por eles sobre se, em 2150, uma pessoa pode viver até 150 anos.