Coisas de São Paulo

Casas oferecem self-service de cerveja, e clientes decidem quanto querem beber e pagar

RENATA HELENA RODRIGUES

Luna Garcia/Divulgação
Chopeira da nova C6 Burger
Chopeira da nova C6 Burger
A crescente oferta de cervejas nacionais vem aguçando a curiosidade dos bebedores, tanto leigos quanto entendidos. Para atender a clientela sedenta por novidades, casas paulistanas investem em tecnologias de autosserviço, permitindo que o cliente pague de acordo com o volume no copo.
São oferecidas dessa maneira as bebidas da hamburgueria C6, aberta em janeiro no Mercado Municipal de Pinheiros. Sob o comando da dupla Marcos Livi e Gil Guimarães, da Napoli Centrale, a casa investe em receitas preparadas na brasa e, para harmonizar, seis torneiras jorram chope artesanal nacional. A seleção rotativa é assinada pela sommelière Carolina Oda.
"Queremos que o cliente tenha autonomia para operar a chopeira e prove diversos estilos", explica Livi, que pretende implementar a tecnologia em outros três endereços do grupo, entre eles o bar Quintana e o empório Officina, ambos na zona sul paulistana.
Na região central, um bar pequenino aberto em novembro tem na parede que sustenta 20 bicos de autosserviço seu principal atrativo. À frente do lugar, providencialmente batizado de Cerveja a Granel, estão dois antigos apreciadores da bebida fermentada: Carolina Cruz e o Leopoldo Furtado.
Sem cozinha, cardápio ou garçons, o atendimento é feito pelo casal de proprietários, que explica aos novos frequentadores a maneira ideal de servir a bebida. Depois do rápido treinamento -é simples, basta inclinar o copo para evitar o excesso de espuma e não deixar o bico encostar no líquido-, os clientes se servem à vontade com o próprio cartão de consumo, que pode ser vendido por R$ 10 (e usado como uma espécie de Bilhete Único) ou emprestado no caixa.
"Focamos a diversidade. Em três meses já oferecemos mais de cem cervejas", diz Furtado. São engatadas novidades quase todos os dias, com preços que variam entre R$ 2 e R$ 7,20 por 100 mililitros. Os valores têm desconto se as bebidas forem levadas para casa em growlers, os garrafões reutilizáveis.
Em outros endereços, o mesmo sistema é empregado no serviço exclusivo das bebidas de uma marca. No Bar da Avareza, por exemplo, há 12 torneiras dedicadas à cervejaria Mea Culpa, de Cotia. Já na unidade do Bar do Urso localizada na rua Maria Antônia, na Vila Buarque, são engatados seis barris da Colorado, originária de Ribeirão Preto.

Bar da Avareza. R. Augusta, 591, Consolação, tel. 3969-0203 Bar do Urso. R. Maria Antônia, 376, Vila Buarque, tel. 3151-3997 C6 Burger. R. Pedro Cristi, boxes 78/80, Pinheiros, tel. 3034-2697 Cerveja a Granel. R. Barão de Tatuí, 402, Vila Buarque, tel. 2894-2149

É fogo amigo?

Presidente do Consesp cobra plano de segurança do Governador e fala sobre CPI do Narcotráfico
 
Desde o dia 16 de janeiro, o advogado e presidente do Conselho Estadual de Segurança Pública (Consesp), Leandro Vasques, protocolou ofício indagando do Governo um plano efetivo de Segurança para o Estado do Ceará e diversas questões que seguem no documento anexo.
CPI do Narcotráfico
Sobre a postura do líder do Governo na Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, Vasques diz ser preocupante. “ É o mínimo que podemos dizer desse argumento para não instaurar a CPI. Essa posição dos deputados pode ser considerada como uma declaração de submissão ao crime. A postura do LÍDER do GOVERNO traduz com tintas vivas o sentimento que predomina no nosso combalido Ceará”, enfatizou.

Na próxima terça-feira, 20 de fevereiro, Vasques estará com o Ministro da Justiça Torquato Jardim e levará o assunto à ciência do Governo central.

Opinião



OS TRAPALHÕES CONTRA O CRIME

COLUNA CARLOS BRICKMANN

EDIÇÃO DOS JORNAIS DE DOMINGO, 18 DE FEVEREIRO DE 2018

O Governo Federal, que não consegue conter o contrabando de armas e munições, que não consegue fechar a fronteira aos narcotraficantes, acha-se apto a combater o crime no Rio. E começou o combate demonstrando que, ao intervir no Estado, não tem a menor ideia do que fez. A intervenção, diz o ministro da Defesa, Raul Jungmann, não é militar. O interventor é o general Braga Netto, comandante militar do Leste; reuniram-se, para discutir os caminhos a tomar, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, o ministro da Defesa, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen, e só. Mais civil, impossível.
O governador do Rio, Pezão, que não fede nem cheira, mantém-se no cargo que não ocupa: a intervenção se limita à segurança pública. Embora o governador não tenha sido atingido, o interventor estará subordinado só ao presidente da República. E seus amplos poderes não incluem a punição de funcionários – por exemplo, soldados da PM. Como envolvidos em tráfico e participantes de milícias serão punidos? Vai ver que há algum jeito, né?
O fato é que as Forças Armadas já agiram outras vezes no Rio, com TV e armas pesadas; em todas, houve êxito inicial, antes que tudo voltasse ao estado de sempre. Não se pode imaginar que a presença do Estado em boa parte do Rio se limite a policiais e soldados, sem médicos, sem professores, sem saneamento básico.
Não é só na política que há esgoto a céu aberto.
Gente certa...
O general Braga Netto foi o responsável pela coordenação de segurança (boa) nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio. Entende do assunto. Mas teve na época as condições e o tempo necessários para montar seu trabalho.
...jeito errado
Para que se tenha uma ideia do planejamento oficial: de acordo com a Constituição (artigo 60, parágrafo 1°), não pode haver emenda constitucional com um Estado sob intervenção. E a reforma da Previdência, apontada pelo Governo como essencial e urgente, fica impossível. Temer, professor de Direito Constitucional, sabe disso. Mas comentou que poderia revogar a intervenção para votar a reforma, retomando-a logo em seguida.
Supõe que os bandidos terão o cavalheirismo de não abusar dessa pausa.
E haja cargos!
Nas discussões que levaram à intervenção no Rio, falou-se muito na criação do Ministério da Segurança Pública. O Governo acredita que será útil – ao menos para parecer que está fazendo alguma coisa. Se ministério resolvesse algo, o Brasil estaria melhor que os Estados Unidos, já que temos o dobro dos ministérios. E pessoas como Luislinda a ocupá-los.
Detalhe curioso
A violência no Rio é inaceitável (como é, a propósito, no Brasil inteiro). Mas os índices atuais – 6,13 mortes violentas por 100 mil habitantes – são inferiores aos de 8,63 de 1995, quando ninguém falou em intervenção.
Crítica sem autocrítica
Amplos elogios aos sambas de crítica da situação da Beija-Flor e Tuiuti, primeira e segunda colocadas no desfile de escolas de samba do Rio. O problema é o telhado de vidro de quem atira pedras. A Beija-Flor é controlada por Aniz Abraão David, um dos chefes do sorteio zoológico do Rio; a Tuiuti é a escola do carro alegórico que, no ano passado, atropelou e matou uma pessoa no caminho para o desfile, e que deu ordem ao motorista para seguir em frente e esquecer a vítima – o que ele, obedientemente, fez.
Guerra suja
Há alguns anos, este colunista aconselhou uma respeitada empresária do Interior paulista a desistir da disputa pela Prefeitura de sua cidade, embora fosse a favorita destacada nas pesquisas. A cidade provavelmente ganharia por ter uma prefeita como ela, mas ela seria vítima do moedor de carne que são as campanhas, onde vale tudo para destruir o adversário. De lá para cá, a coisa piorou: há hoje grande quantidade de profissionais da difamação.
Mentira, e daí?
Tanto Luciano Huck quanto João Dória foram acusados de comprar jatos da Embraer com financiamento do BNDES a juros subsidiados. Foram favorecidos? Não: se o caro leitor for à Embraer para comprar um avião, terá à disposição a mesma taxa de juros oferecida a Dória e Huck. O BNDES auxilia com seu crédito a venda de aviões produzidos por brasileiros no Brasil, e isso vale para todos os compradores. Competir com a Airbus/Bombardier significa também oferecer juros competitivos.
Se a besteira se limitasse às redes sociais, vá lá; mas ganhou as páginas de grandes jornais, como se fosse uma denúncia a sério. Um dos motivos de ter de optar nas eleições entre tantos maus candidatos é que os que seriam bons preferem ficar fora, sem sofrer o desgaste de calúnias e difamações, sem expor a família e as empresas ao risco das notícias falsas.

Evangelho

Domingo, 18 de Fevereiro de 2018.
Santo do dia: Beato João de Fiesole, presbítero
Cor litúrgica: roxo
Evangelho do dia: São Marcos 1, 12-15
Primeira leitura: Gênesis 9, 8-15
Leitura do livro do Gênesis:

8Disse Deus a Noé e a seus filhos: 9“Eis que vou estabelecer minha aliança convosco e com vossa descendência, 10com todos os seres vivos que estão convosco: aves, animais domésticos e selvagens, enfim, com todos os animais da terra, que saíram convosco da arca. 11Estabeleço convosco a minha aliança: nunca mais nenhuma criatura será exterminada pelas águas do dilúvio e não haverá mais dilúvio para devastar a terra”. 12E Deus disse: “Este é o sinal da aliança que coloco entre mim e vós, e todos os seres vivos que estão convosco, por todas as gerações futuras: 13ponho meu arco nas nuvens como sinal de aliança entre mim e a terra. 14Quando eu reunir as nuvens sobre a terra, aparecerá meu arco nas nuvens. 15Então eu me lembrarei de minha aliança convosco e com todas as espécies de seres vivos. E não tornará mais a haver dilúvio que faça perecer nas suas águas toda criatura”.
- Palavra do Senhor
- Graças a Deus

Alô ô!

Acabou o horário de verão deste ano.

Opinião

Sobre o auxílio-moradia a juízes: legal igual a moral?

Benefício é pago independentemente de o magistrado ter imóvel próprio

Juíz Sérgio Moro
Juíz Sérgio Moro - Leonardo Benassatto/Reuters

Há algum tempo a categoria de juízes vem sendo exposta em razão do auxílio-moradia. O benefício é pago independentemente de o magistrado ter imóvel próprio na cidade em que trabalha.
Os juízes argumentam que a concessão do benefício é legal e, portanto, não há problema moral em requerê-lo. O juiz Sergio Moro argumentou que o benefício compensa os salários congelados há três anos. Faltou lembrar que os impostos também não crescem há três anos.
Apesar da legalidade, a percepção é que o benefício é imoral.
O colunista Eugênio Bucci, na edição de quinta (15) do jornal "O Estado de S. Paulo", afirmou que o governo estereotipava os servidores públicos como privilegiados. Os servidores públicos somente "acreditaram na promessa do Estado de que, se topassem trabalhar recebendo proventos limitados, (...) teriam, no final da vida, uma aposentadoria digna".
Recente estudo do Banco Mundial mostrou que o Estado brasileiro remunera trabalhadores com as mesmas características de qualificação com salários 70% maiores do que o setor privado. A prática mundial é que esse "excesso" de remuneração do setor público seja de 15%. Não parece que os proventos sejam "limitados".
Bucci esqueceu que a reforma da Previdência em tramitação no Congresso Nacional não elimina os princípios de integralidade e paridade do benefício previdenciário dos servidores, mas apenas determina que serão garantidos para os que se aposentarem com 65 anos para homens e 62 anos para mulheres. Parece que são idades razoáveis para caracterizar "no final da vida".
Os dois princípios mencionados estabelecem que o servidor se aposenta com o último salário e tem a garantia de receber todos os aumentos reais concedidos aos ativos.
Adicionalmente, a população em geral entende que poder se aposentar com 55 anos, por exemplo, e ser elegível à paridade e à integralidade é privilégio. Parece ser o caso. Vale lembrar que as pressões dos servidores sobre os deputados para que a reforma não ande são fortíssimas. E eles sempre vendem para a sociedade que seu interesse é o coletivo. Entende-se, portanto, o esforço de propaganda da reforma pelo governo.
Se a reforma for aprovada, após seis meses as mesmas regras se aplicarão aos servidores dos Estados. E os Estados estão quebrados. Para os Estados, o principal motivo da quebradeira é a folha de servidores ativos e inativos. As regras previdenciárias fazem com que hoje um Estado, para cada coronel da PM da ativa, por exemplo, pague de 20 a 30 benefícios para inativos ou suas viúvas.
No Carnaval, pegou muito mal a informação de que o apresentador Luciano Huck se beneficiou de um empréstimo do BNDES a taxas de juros reais negativas para comprar um jatinho. Tudo legal. A percepção é que houve privilégio.
O grande problema é tratarmos os iguais de forma desigual. Vale para os servidores, vale para os regimes especiais de tributação, Simples e lucro presumido, vale para os empréstimos do BNDES, vale sempre que alguém se beneficia de uma meia-entrada.
Evidentemente, cada qual, e este colunista não é exceção, olha a sua meia-entrada como sendo plena de justificativa e de razões.
O desempenho de nossa economia nos últimos 35 anos sugere que essa economia política não está funcionando bem. Excelente indicação de leitura é "Por que o Brasil Cresce Pouco?" de Marcos Mendes, editado pela Campus.
 
Samuel Pessôa
É físico com doutorado em economia, ambos pela USP, sócio da consultoria Reliance e pesquisador associado do Ibre-FGV. Escreve aos domingos na Folha.

Bom dia