Senado: candidatos criticam ausências de Cid e Eunício
O debate dos candidatos que disputam uma vaga no Senado Federal pelo
Ceará, transmitido ontem (25), contou com a presença de sete
postulantes. Cid Gomes (PDT) e Eunício Oliveira (MDB), que lideram as
pesquisas de intenção de voto no Estado, não compareceram. A ausência
dos dois foi um dos principais alvos das críticas dos pretendentes ao
cargo, durante o programa.
Eunício, conforme já havia comunicado com antecedência, teve que se
ausentar do País na ocasião. Cid, por sua vez, avisou à emissora na
manhã do debate que não iria: “A coordenação da campanha ao Senado do
PDT entendeu da inconveniência da participação do seu postulante no
debate promovido pela TV Jangadeiro. O formato do evento e o notório
vínculo partidário dos proprietários da emissora com outros candidatos
comprometem a imperiosa e imprescindível imparcialidade do certame”,
dizia a mensagem encaminhada à equipe de produção da TV – que tem, entre
seus sócios, o senador Tasso Jereissati (PSDB), que por sua vez apoia a
candidatura de Eduardo Girão (Pros) e Dra. Mayra (PSDB).
Os dois adversários repudiaram a justificativa do ex-governador.
“Acho estranho esse argumento, poderia ter colocado a verdade, que é
evitar encarar certas perguntas que seriam feitas pelos concorrentes,
com relação à citação na Lava Jato, investigações em outros processos. O
argumento é fraco, as regras foram estabelecidas por todos os
candidatos junto com suas assessorias”, avaliou Girão. Mayra foi mais
sucinta: “Acho que é um absurdo e que não é democrático, acho que foi
desrespeitoso com todos nós candidatos e sobretudo com a população.”
As ausências foram vistas com maus olhos também pelos outros
candidatos. Anna Karina (Psol) acredita que os dois deixaram de
comparecer por “medo de perder voto”, uma vez que estão liderando as
pesquisas. “O Cid Gomes esteve no Governo até bem pouco tempo, eu sou
professora de escola pública e não vou esquecer – nenhum professor vai
esquecer – que ele mandou bater em professor em 2011, então ele ser
questionado por isso para ele é ruim”, afirmou.
Já, Bardawil (Pode) comenta que os adversários do PDT e do MDB têm
envolvimento em esquemas de corrupção e por isso querem evitar se expor
ao debate. “Eu mesmo, para ser candidato, hoje estou na Justiça, porque
não queriam que eu fosse candidato, pra não denunciar como faço todos os
dias na nossa emissora, a TV União. E eles estavam com medo que eu
falasse a verdade, mas estou aqui”, conta o empresário.
Segundo a última divulgação do Ibope (registro no TRE:
CE-09888/2018), Cid lidera com 64%, seguido por Eunício, com 39%. Os
dois estão isolados na frente, com Eduardo Girão, que figura em terceiro
lugar, acumulando 10% das intenções até o momento. Este ano, cada
unidade federativa vai eleger dois senadores para o Congresso.
Governo
Os participantes que compareceram ao debate discutiram propostas e
problemas observados por eles hoje no Estado, direcionando grande parte
das críticas à atual gestão do Governo do Estado. Os embates diretos
entre um debatedor e outro foram raros.
Dra. Mayra (PSDB) apontou falhas da administração estadual na área da
saúde, que elenca como sua prioridade. “Quem já procurou um serviço
público de saúde no Ceará sabe o drama que é não conseguir consulta,
cirurgia. A grande falha do SUS se dá no campo da gestão”, conta.
Bardawil, por sua vez, acusou os gestores de se omitirem diante do
problema da segurança pública: “O Ceará não tem interesse que acabem com
o crime, com assaltos, porque as empresas de segurança – algumas de
políticos – faturam, muito [desses políticos] coligados com o Governo.”
Os embates foram, em sua maioria, protagonizados por Anna Karina, que
confrontou Dr. Márcio Pinheiro (PSL) sobre o suporte ao Programa Escola
sem Partido e o Pastor Pedro Ribeiro (PSL) sobre o apoio de sua legenda
à Emenda Constitucional 95 (que trata do teto de gastos no Governo
Federal) e à Reforma Trabalhista, medidas a que ela se opõe. Questinou
também Dra. Mayra sobre as propostas de seu partido com relação a
políticas públicas para mulheres e contra o feminicídio.
A emissora optou por limitar a participação no debate a candidatos cujos
partidos tenham representação de no mínimo cinco deputados na Câmara
Federal, motivo pelo qual João Saraiva (Rede), Robert Burns (PTC) e
Magela (PSTU) não foram convidados. Magela, além disso, teve sua
candidatura indeferida pelo Tribunal Regional do Ceará (TRE-CE), sem ter
recorrido à decisão junto à Justiça.