O trabuco do Heitor

Retomada de obras do aquário é insanidade administrativa, afirma Heitor Férrer

O deputado estadual Heitor Férrer (SD) lamentou, durante pronunciamento na Assembleia Legislativa, que o Governo do Estado volte a enterrar mais dinheiro público para a conclusão das obras do Acquário do Ceará. Segundo a Secretaria de Turismo, as obras serão retomadas este ano e deverão ser concluídas em 2021. O parlamentar lembrou que, em 10 anos, já foram gastos R$ 258 milhões e o empreendimento permanece inacabado.

“Esse dinheiro do bolso do contribuinte cearense foi jogado no lixo com essa ideia megalomaníaca e insana de se construir no Ceará uma mansão para peixe”, criticou Férrer.

Heitor relembrou também que governador Camilo Santana chegou a declarar que o Estado não gastaria mais dinheiro público com o aquário e classificou a obra como “símbolo de fracasso administrativo”. “O aquário desmontou-se por si próprio porque não é prioritário para o povo e vai além das nossas capacidades financeiras. Essa insanidade não pode ser concluída. O Governo, de pires na mão, oferta a obra e ninguém quer. Se fosse lucrativo, a iniciativa privada já teria tomado de conta há muito tempo”, afirmou.

Heitor Férrer ressaltou ainda que equipamentos de grande relevância para o povo do Ceará estão fechados sob a alegação de falta de recursos e destacou o caso da Biblioteca Pública Menezes Pimentel, que já está há cinco anos fechada. “Vem agora o secretário de Turismo, em sua insanidade administrativa, dizer que as obras do aquário serão retomadas. Aí eu pergunto: com que recurso?”, indagou.

Valha-me Deus. Mostrai-me o caminho São Longuinho

Assessor de Bolsonaro recebeu R$ 92 mil sem nunca ter pisado na Câmara

Com Nelson Alves Rabello, que teve sigilo bancário quebrado, são 11 os assessores do então deputado federal sem registro de entrada no Congresso


R$ 92,2 mil — esse foi o total que Nelson Alves Rabello, assessor do gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), recebeu dos cofres públicos durante os 19 meses em que foi secretário parlamentar nível 18 da Câmara dos Deputados. Quanto maior o nível do funcionário, maior o salário, que atualmente parte de pouco mais de R$ 1 mil para até mais de R$ 15 mil, fora auxílios e vantagens indenizatórias.
O problema: durante todo esse período, Rabello não teve registro de entrada na Câmara, segundo informação inédita que a Agência Pública obteve via Lei de Acesso à Informação. O ex-funcionário de Jair está na lista das 95 pessoas e empresas que tiveram sigilo bancário quebrado na investigação do Ministério Público do Rio sobre as movimentações financeiras do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
A Pública pediu à Câmara dos Deputados informações sobre o registro de entrada de diversos assessores de Jair Bolsonaro na Câmara. Além de Rabello, a reportagem descobriu que outros cinco assessores não tiveram registro de emissão de crachá durante o período de 2015 a 2018, último mandato do presidente como deputado federal.
Além destes seis nomes, a Pública já havia revelado outras cinco assessoras nas mesmas condições. Portanto, agora são 11 os assessores de Bolsonaro que receberam dinheiro público sem ter colocado os pés nas dependências da Câmara.

Rabello assessorou pai e filhos em seus mandatos

Nelson Rabello é um dos assessores mais longevos da família Bolsonaro. O primeiro registro como funcionário do atual presidente, disponível no site da Câmara, é de 2005. À época, ele era assessor de nível 8. Durante seis anos como secretário parlamentar, Rabello foi promovido até alcançar o nível 26. Segundo a Folha de S. Paulo, Rabello é tenente da reserva do Exército e teria servido junto a Jair nas Forças Armadas.
Em maio de 2011, Rabello deixou o gabinete de Jair e trabalhou até agosto daquele ano com o filho Flávio, na Assembleia do Rio. Em seguida, deixou o gabinete de Flávio para trabalhar com Carlos, onde ficou até 2017.
Em junho de 2017, Rabello voltou a trabalhar na Câmara com então deputado Jair Bolsonaro. Nesse último período, apesar de ter recebido R$ 92,2 mil líquidos — incluindo um auxílio-alimentação mensal de R$ 982,29 — o funcionário não emitiu crachá de entrada no órgão.
A prática é parecida a de outros assessores de Bolsonaro: cinco assessoras — algumas que trabalharam por mais de uma década junto a Jair Bolsonaro — não pediram a emissão de crachás de funcionárias nem se registraram como visitantes em nenhum momento desde 2015.
Ser funcionário de um político sem ter entrada registrada na Câmara não é ilegal, pois os assessores parlamentares podem trabalhar nos estados de origem dos parlamentares, contanto que cumpram sua carga horária. A questão é que o controle é feito pelos próprios deputados e a série de casos semelhantes na família Bolsonaro levanta suspeitas.
A Pública procurou a Câmara dos Deputados, que informou que para acessar as  dependências é obrigatório portar crachá funcional. No caso de deputados ou ex-deputados, é possível utilizar “botom parlamentar”.
Crachás de visitantes são expedidos apenas após apresentação de documento de identidade e realização de registro de entrada nas portarias. Os crachás funcionais devem ser renovados a cada nova legislatura e a Câmara afirma não guardar registros sobre mandatos passados.
O sigilo bancário de Rabello foi quebrado no dia 24, por autorização do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O pedido veio do Ministério Público, que investiga as movimentações financeiras de Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz. Segundo reportagem do Poder 360, a autorização de quebra de sigilo bancário vai de janeiro de 2007 a dezembro 2018, com quebra do sigilo fiscal de 2008 a 2018.
Atualmente, Rabello é auxiliar de Carlos Bolsonaro na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. O salário líquido para esse cargo é de R$ 6,6 mil. Procurado pela reportagem, Rabello não foi encontrado.

Wal do Açaí também não tinha crachá

Outra funcionária que não teve crachá emitido pela Câmara dos Deputados foi Walderice Santos da Conceição, conhecida como “Wal do Açaí”. Funcionária de Jair Bolsonaro desde 2003, ela foi secretária parlamentar nível 4 de 30 de dezembro de 2015 a agosto de 2018, com um salário de R$ 1,3 mil líquidos mais auxílio-alimentação de R$ 982,29.
Nesse período, contudo, ela não emitiu registro de entrada na Câmara, segundo informação obtida pela Pública via Lei de Acesso.
Em 2018, a Folha de S. Paulo havia revelado que Wal trabalhava todos os dias em seu próprio negócio, o Wal Açaí, a 50 km de Angra dos Reis. Na mesma rua do seu negócio também fica uma casa de veraneio do presidente.
Apesar da repercussão, sete meses depois, em agosto de 2018, a equipe da Folha encontrou Wal ainda trabalhando em seu comércio. Em conversa com os repórteres, ela disse que o “sr. Jair” era um amigo e que se ele escolheu pagá-la com dinheiro público, cabia apenas a ele responder.
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Após a visita da equipe, Wal anunciou que iria pedir demissão e assim o fez. Na época, Jair Bolsonaro disse que o único crime dela foi “dar água para os cachorros”. Ela foi exonerada ainda em agosto.
Quanto às funções que Wal desempenhava, Bolsonaro se contradisse nas duas ocasiões. Em janeiro, afirmou que Wal não cumpria funções além das políticas e que a funcionária estava de férias na época da reportagem.
Já em agosto, o então deputado federal afirmou que Wal cuidava dos cachorros que ele possuía na casa de veraneio. Em setembro, a Procuradoria da República do Distrito Federal abriu procedimento para investigar o caso, sob suspeita de improbidade administrativa. O caso corre em sigilo.

Mais quatro assessores de Bolsonaro receberam sem pisar na Câmara

Além de Rabello e Walderice, outros quatro assessores não tiveram registro de emissão de crachá na Câmara e dois deles continuam trabalhando para a família Bolsonaro.
Levy Alves dos Santos Barbosa, assessor nível 21 de Jair de outubro de 2017 a janeiro de 2018, recebia R$ 8 mil líquidos, mais auxílios que chegaram a R$ 1,5 mil em um mês.
Sem registro de entrada durante todo esse período, hoje ele trabalha com Carlos Bolsonaro na Alerj como assessor especial — segundo o site da Câmara do Rio de Janeiro, um assessor especial tem um salário líquido de R$ 12,3 mil.
Já Alessandra Ramos Cunha teve seu primeiro posto como assessora de Jair em 2014. No último mandato, ela recebeu salários de diversos níveis de assessores — um deles chegando a mais de R$ 10,8 mil mensais líquidos, mais auxílio de R$ 982,29.
Assim como Levy, Alessandra trabalha atualmente com Carlos como oficial de gabinete, recebendo R$ 7,3 mil líquidos. De acordo com reportagem do Metrópoles, ela doou R$ 1,5 mil para a campanha de Carlos a vereador em 2016.
Outras duas assessoras de Jair também não emitiram crachá durante o último mandato como deputado. Helen Cristina Gomes Vieira, que já havia trabalhado com Jair entre 2013 e 2014, foi secretária parlamentar nível 12 entre março e dezembro de 2017.
Seu salário líquido era mais de R$ 2,2 mil, além de um auxílio que chegou a R$ 1,8 mil. Helen é uma das assessoras de Jair que fez doações à campanha do próprio chefe, como a Pública revelou.
Completa a lista Bianca de Almeida Santos, secretária parlamentar entre dezembro de 2017 e dezembro de 2018. Ela recebia como nível 4, com um salário líquido de mais de R$ 2,4 mil mais auxílios de R$ 1,6 por mês.
A Pública questionou o gabinete da Presidência da República sobre a falta de registros dos assessores e quais atividades eles teriam realizado, mas não tivemos retorno até a publicação. A reportagem procurou todos os assessores citados, mas não obteve resposta.
*Reportagem publicada originalmente no site da Agência Pública.

É o fim? Quem pergunta é o Dimenstein.


Devassa nas contas de Flávio Bolsonaro pode apontar elo com milícias

Por: Gilberto Dimenstein | Comunicar erro
A quebra dos sigilos fiscal e bancário do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) pode desnudar sua relação com as milícias. A afirmação é do jornal “Folha de S.Paulo”.
flavio bolsonaro
Crédito: Reprodução/Instagram/@flaviobolsonaro 
Quebra do sigilo bancário cria novo foco de tensão em torno do filho de Jair Bolsonaro, diz Folha
Em editorial, o jornal destaca “que ninguém deve ser condenado por antecipação, mas há fortes suspeitas de que se consumava no gabinete de Flávio a prática de contratar assessores com o intuito de recolher parte de seus vencimentos —fraude apelidada no meio político de ‘rachadinha’”.
“Muito pior será se a quebra dos sigilos desnudar outras conexões. As especulações mais preocupantes referem-se ao envolvimento de representantes das milícias”, diz ainda o editorial.

Bom dia

A denuncia é muito grave; o Hospital Batista está desativando mais de 150 leitos e corre o risco de fechar as portas.

As aparições de Fátima e mais uma história fantástica

Anúncio no Diário de Notícias previa Fátima dois meses antes

Um anúncio publicado no DN oito semanas antes da primeira aparição na Cova da Iria anunciava acontecimentos extraordinários para o dia 13 de maio de 1917. Leia a história dois anos depois do centenário. (Publicado originalmente a 10 de março de 2017)
Quem lesse a edição do Diário de Notícias do dia 10 de março de 1917 repararia que na página 4, na 9ª coluna, encontrava-se um anúncio pago tão inesperado como estranho. Como título tinha um número em destaque: 135917. Mas no texto curto continha algo que interessava muito às milhares de famílias que tinham os filhos no campo de batalha da Flandres, onde integravam os exércitos em luta na terrível Grande Guerra, cuja maioria morreria vítima de gaseamento. O texto do anúncio referia: "Não esqueças o dia feliz em que findará o nosso martírio. A guerra que nos fazem terminará."
O anúncio da página 4 do Diário de Notícias no dia 10 de março de 1917
O anúncio poderia ter qualquer interpretação se dois meses e três dias depois, a 13 de maio, não tivesse tido lugar a primeira das seis alegadas aparições da Nossa Senhora aos três pastorinhos. Se dúvidas houvesse, na manhã do próprio dia dos acontecimentos sobrenaturais da Cova da Iria foi publicado uma notícia no Jornal de Notícias, onde se reforçava a mensagem que antes saíra no DN. Essa notícia é escrita a partir de um postal enviado à redação, com data de 11 de maio de 1917, cujo texto deixa os redatores tão estupefactos que colocam como título "Revelação sensacional" e reproduzem o seu aviso: "No dia treze do corrente, hade dar-se um facto, a respeito da guerra, que impressionará fortemente toda a gente."
A página completa com o anúncio destacado a amarelo
Entretanto, também nos jornais O Primeiro de Janeiro e Liberdade foram publicados dois anúncios com as mesmas previsões de acontecimentos inesperados para o dia 13 de maio de 1917, a data em que o país foi surpreendido pela visão da Virgem Maria por três meninos de 10, 9 e 7 anos, respetivamente, Lúcia, Francisco e Jacinta, no local onde hoje se encontra o Santuário.
Acontecimento sobrenatural que está prestes a comemorar o seu centenário e na qual participa o próprio papa Francisco, por desejo expresso seu, devoto de Maria e que consagrou nos dias imediatos à sua eleição o pontificado à Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
Qual é o significado da publicação de um anúncio que preveria o fim da Grande Guerra, uma das grandes linhas mestras da Mensagem de Fátima e que a Nossa Senhora terá comunicado aos pastorinhos estar para breve? Mesmo que essa "declaração" divina estivesse errada pois a guerra só terminou um ano depois, tal não evitou que nos cinco meses seguintes muitos peregrinos se deslocassem de imediato para Fátima nos dias 13, pois disse Lúcia que a Senhora deixara claro que regressaria consecutivamente até 13 de outubro, nem que surgissem comerciantes a vender no local postais com imagens dos jovens portugueses na Guerra.
Uma autoria indesejável
Os responsáveis pela colocação destes anúncios foram os centros de espiritismo de Lisboa e do Porto, uma atividade muito em voga à época. Centros onde se reuniam pessoas de várias classes para receber mensagens do além. Diga-se que a inicial C. do anúncio publicado no DN deverá pertencer a Carlos Calderon, um cantor muito famoso nessa altura, entre outras coisas fundador da Sociedade Portuguesa de Autores, e que fazia parte de uma das casas espíritas mais importante da capital. "António", que enviara o postal para o JN, também era figura muito conhecida no Porto.
Ora, ambos forram encarregados de deixar registado nos principais jornais da época o que os "espíritos" lhes tinham comunicado em várias sessões por todo o país, como era também o caso de um grupo muito importante que se reunia em Portimão. A razão era simples, evitar que se duvidasse da comunicação do além após os acontecimentos para o dia 13 de maio terem tido lugar.
É o que se pode ler da "Acta" do centro de Lisboa, cujas decisões foram entregues ao referido espírita Carlos Calderon para que desse conhecimento público do que aconteceram nessas várias sessões. Uma "Acta" onde se escreve que "no dia 7 de Fevereiro de 1917 estando nós reunidos para trabalhos psíquicos e estudos ocultos, a determinada altura dos trabalhos, um dos assistentes pediu papel e lápis e automaticamente escreveu da direita para a esquerda uma comunicação (...). Nessa comunicação afirma-se que a data do 13 de Maio será de grande alegria para os bons espíritas de todo o mundo." A decisão que levou à publicação do anúncio deve-se, segundo a "Acta", ao seguinte: "Discutiu-se a comunicação recebida e resolveu-se: "- Que a data de 13 de Maio ficasse exarada num jornal , para que no futuro não pudessem haver dúvidas sobre a veracidade do facto sucedido."
Coincidência para o Santuário
Assim sendo, foi escolhida a edição do DN de 10/03/1917 para imprimir o registo da comunicação;e dada ordem para que "se adquirissem na redação do jornal 35 exemplares", e que se "seguisse com a máxima atenção o desenvolvimento deste assunto, coligindo todos os dados, artigos, etc. que possam conduzir-nos à verdade".
Visto este anúncio à distância de cem anos, num momento em que o Santuário de Fátima comemora a sua longevidade, questionaram-se os responsáveis sobre qual o entendimento da referida previsão na edição do jornal. Considera o diretor do Serviço de Estudos e Difusão, Marco Daniel Duarte, que o enunciado que no dia 10 de março de 1917 aparece na p. 4 "foi associada por alguns investigadores ao acontecimento das aparições de Fátima, provavelmente pela coincidência de uma numeração que antecede esse enunciado e que coincide com uma possível leitura da data em que, segundo o testemunho das três crianças Francisco, Jacinta e Lúcia, acontece a aparição da Virgem Maria em Fátima (135917)." No entanto, para o responsável, "toda a formulação leva a concluir que se trata de uma linguagem típica da cultura espírita, tema que se encontra muito pouco estudado pela historiografia em Portugal e que, por isso, não tem sido contextualizada de uma forma que permita conclusões além das que se firmam na coincidência da hipotética data."
Destaca ainda o Santuário que "para a história das mentalidades, seria importante perceber este tipo de frases, mais ou menos comuns nos jornais dos inícios do século XX, no contexto do surgimento destas correntes de pensamento que ao longo do século XIX e inícios do XX também ganharam adeptos em Portugal", mas não deixa de alertar para o facto de que "na frase não se refere o topónimo Fátima, nem sequer há referência a um qualquer cenário de mariofania. Em linguagem de pendor enigmático, fala-se do fim do martírio e do terminar de uma guerra que pode ser ou não conotada com o grande conflito que se vivia à escala mundial (a expressão é "a guerra que nos fazem terminará")".
Apesar do distanciamento do Santuário sobre o significado do anúncio, pergunta-se a Marco Daniel Duarte se a "previsão" credibiliza ou não os acontecimentos no entender da Igreja. Para o diretor, o discurso oficial da Igreja acerca das aparições de Fátima ignora este caso: "Pode dizer-se que esta tem sido uma temática que não se vê considerada, porquanto a mundividência preconizada pela teologia cristã não é compatível com o discurso do pensamento espírita. A falta de elementos que relacionem o enunciado publicado no DN a Fátima levou a que oficialmente não se tenha dado importância a esta mensagem redigida no modo imperativo. Ela tem sido, sobretudo, evocada por investigações que pretendem explicar as aparições a partir do conceito de paranormalidade e da explicação ovniológica, linha de investigação que, no universo dos estudos sobre Fátima, constitui uma percentagem muito reduzida."
Historiador e a construção
E o que dizem os historiadores sobre este anúncio? O investigador Luís Filipe Torgal, autor do ensaio O sol bailou ao meio-dia - A criação de Fátima, e estudioso da I República, faz notar que quando se consultam os jornais de 1916 a 1918 "eles estão inundados de questões relacionadas com a Guerra" e que nessa altura "surgem dezenas de notícias de aparições que ocorrem um pouco por todo o país e cuja mensagem está associada à Guerra. Aliás, 1917 é um ano especial porque em janeiro parte o Corpo Expedicionário Português para a Flandres".
Não deixa de sublinhar que "a Guerra é a essência da Mensagem de Fátima, tudo o resto é uma construção posterior, como é o caso da mensagem anti-comunista, que só se sabe nos anos 30". O historiador não encontra uma explicação para o anúncio: "Vejo-o, registo-o e integro-o como mais uma entre as diversas notícias sobre a Guerra, mas mais do que isso não. É difícil retirar daí uma interpretação e creio que ninguém o conseguirá." Em conclusão, afirma: "É uma coincidência e o mundo está cheia delas."
(Publicado originalmente a 10 de março de 2017)

Jair vai ver Dilma nos tribunais

Dilma vai processar Bolsonaro

Atual presidente associou a antiga chefe de estado a um crime ocorrido na luta armada contra a ditaduras militar. Ela respondeu que ele vive "imerso no seu mundo de fake news".
Os dois últimos presidentes eleitos do Brasil estão em guerra aberta, a partir de agora nos tribunais.
Ao receber o prémio da câmara do comércio Brasil-Estados Unidos de personalidade do ano em Dallas, nos Texas, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou o discurso para homenagear Charles Chandler, um capitão do exército americano morto em 1968 em São Paulo.
Em seguida sugeriu que Dilma Rousseff, que participou da luta armada contra a ditadura brasileira estivera por trás desse atentado.
"Quem até há pouco ocupava o governo tinha as suas mãos manchadas de sangue da luta armada, matando inclusive um capitão, como eu. Eu rendo homenagem aqui ao capitão Charles Chandler, um herói americano. Talvez um pouco esquecido na história, mas que escreveu sua história passando pelo Brasil".
De acordo com os historiadores daquela época, Dilma Rousseff não participou em ações armadas e só começou a integrar o grupo Vanguarda Armada Revolucionária um ano depois da morte do capitão americano.
Por isso horas depois, a antiga presidente anunciou que vai processar o atual presidente. Em nota, disse que "o senhor Jair Bolsonaro imerso no seu mundo de fake news mostrou mais uma vez o seu despreparo para dirigir o país e representa-lo internacionalmente, impondo sua presença onde não é bem-vindo e nem sequer convidado".
A presidente eleita em 2010 e derrubada por impeachment em 2016 negou qualquer participação em atos que pudessem resultar na morte de alguém e acusou o presidente de homenagear heróis com as mãos manchadas de sangue, numa referência a Brilhante Ustra, o torturador a quem o então deputado Bolsonaro dedicou o voto pelo derrube de Dilma.
Dilma disse ainda que Bolsonaro a quer usar como biombo para esconder os escândalos do seu governo mas que será cobrado em tribunal pelas calúnias, mentiras e difamações.

Ciclofaixas da capital do Ceará

Prefeitura de Fortaleza inicia implantação de ciclofaixas, arborização e paraciclos na Avenida Oliveira Paiva

A Prefeitura de Fortaleza inicia a implantação de novas ciclofaixas na Avenida Oliveira Paiva, beneficiando os ciclistas que percorrem os bairros Cidade dos Funcionários, Parque Manibura, Sapiranga e adjacências. Neste projeto, todos os pontos de parada de ônibus foram requalificados e também serão plantadas mudas de árvores no canteiro central, além da manutenção e recuperação de calçadas e rampas para cadeirantes e a implantação de paraciclos ao longo da via.

Coordenados pela Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), por meio da Gestão Cicloviária do Plano de Ações Imediatas de Transporte e Trânsito de Fortaleza (PAITT), os trabalhos são executados em parceria com a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), Autarquia de Urbanismo e Paisagismo de Fortaleza (UrbFor), Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf) e a Secretaria Regional VI.

O projeto prevê a implantação de ciclofaixas unidirecionais junto ao canteiro central da Avenida Oliveira Paiva, no trecho entre a Rua Melo César e a Avenida Washington Soares, com extensão de 2,6 km de novo percurso exclusivo aos ciclistas na região. Dessa forma, as novas ciclofaixas vão se conectar à ciclofaixa da Avenida Desembargador Gonzaga, implantada em setembro de 2017, e à ciclovia da Avenida Washington Soares.

Pontos de ônibus, arborização, paraciclos e manutenção de calçadas
Todos os pontos de parada de ônibus da Avenida Oliveira Paiva foram requalificados, trocando os antigos abrigos de concreto por abrigos metálicos, com informativo de linhas do transporte público.

Como forma de sombrear o percurso das novas ciclofaixas, serão plantadas ao longo do canteiro central da via um total de 60 novas mudas de árvores, como mungubeiras, cedro, mogno e ipê amarelo, dentre outras espécies. Também serão implantados 20 paraciclos ao longo da Avenida Oliveira Paiva, que receberá, ainda, a manutenção e recuperação de algumas calçadas e rampas para cadeirantes.

Malha Cicloviária em Fortaleza
Hoje, Fortaleza conta com 257,5 km de infraestrutura cicloviária, sendo 105,9 km de ciclovias, 147,5 km de ciclofaixas, 4 km de ciclorrotas e 0,1 km de passeio compartilhado. Após a implantação das novas ciclofaixas, a cidade passará a ter 260,1 km de percurso exclusivo e seguro destinado aos ciclistas. Com o Programa de Expansão da Malha Cicloviária em amplo desenvolvimento, a Prefeitura de Fortaleza, somente no período da atual gestão, bateu um recorde histórico, ampliando em cerca de 277% a rede cicloviária na cidade, que, ao final de 2012, tinha apenas 68,2 km de rede cicloviária.

Dando um passo bem mais à frente, a Prefeitura de Fortaleza projeta, até o final de 2020, chegar a uma marca de 400 km de malha cicloviária disponível na cidade. Dessa forma, seguem em andamento estudos para a implantação de novas ciclofaixas em outros pontos, como por exemplo no bairro Henrique Jorge e adjacências, além da Avenida Borges de Melo.