Deu no Jornal O Estado



Caso Metrofor vai à Justiça

Governador Cid Gomes (PSB) criticou interrupção dos trabalhos e quer retorno imediato
Ivna Girão,
Especial para o Estado

Negar e negar. Essa foi a postura do Governo do Estado frente aos indícios de superfaturamento de R$ 65 milhões nas obras do Metrofor, paradas desde ontem. Em reunião com o ministro das Cidades, Márcio Fortes, o governador Cid Gomes (PSB) (foto) reafirmou que tudo não passa de suposições e que as obras precisam continuar. “Tudo ainda é indício. Estamos acionando a Justiça ainda hoje para exigir que os trabalhadores voltem e que o Consórcio retome as atividades. Não há porque parar, pois não falta dinheiro. A decisão da construtora de demitir os funcionários foi unilateral”, disse.

Acatando a recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) para retenção de 71,23% do pagamento, o metrô está parado por decisão da empresa. “Cobramos do Metrofor todas as explicações. Tentaremos levar esse ponto à pauta do TCU já na quarta-feira para vermos se precisaremos de um novo edital”, frisou o ministro, em meio a um furacão de disse-me-disse.

Afirmando que o metrô é uma obra do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), Márcio Fortes ponderou que o TCU tem até 60 dias para apurar a situação. “Há várias controvérsias de preço que devem ser investigadas. Esperamos que haja logo um consenso”, pontuou. Mesmo com os prejuízos que já somam R$ 20 milhões, o gerente geral do Consórcio Construtor, José Aglaeudo Tavares Leite, afirmou não ter sido informado sobre qualquer ação judicial. Com a demissão em massa, 426 trabalhadores estão à espera de uma decisão para voltar às obras.

Com a função de fiscalizar, o presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Elionaldo Magalhães, disse que, mesmo com a retenção, recursos não vão faltar, pois as obras do PAC têm dinheiro garantido. Relatando que os rumos do metrô tiveram alguns percalços, ele lamentou o impasse. “Do jeito que o Metrofor está, não dá mais para continuar. Temos que traçar novos rumos para a obra”, defendeu, reforçando a ideia de novo edital.

Em tom de precaução, a secretária de Controle Externo do TCU, Shirley Brito, frisou que a inspeção foi feita e supostas irregularidades foram encontradas. “Se for provado que não houve nada disso, o dinheiro será devolvido”, assegurou. Tentando evitar que o caso tome maiores proporções e gere desgastes. O Tribunal determinou, no dia 12 de dezembro de 2008, que o Metrofor retivesse, cautelarmente, R$ 65.438.496,62, valor referente à possível superfaturamento nas obras de implantação do Metrô de Fortaleza.

Cid não cansou de afirmar que “a população pode esperar que o metrô vai realmente ficar pronto” e repetiu inúmeras vezes que a entrega do equipamento é um desejo pessoal. “O ministro veio com a vontade de concluir as obras. Vamos pressionar para que o TCU agilize a apuração”, frisou.

Em meio a planos para a Copa 2014, o governador declarou que os trabalhos devem seguir os cronogramas do PAC. As obras do metrô de Fortaleza deveriam ter acabado em 2001, mas já foram emperradas por três vezes. Lembrando que há um ano esteve em Fortaleza para resolver as mesmas pendências de possíveis superfaturamentos do Consórcio, Márcio Fortes lembrou que, em agosto de 2008, não foi necessária a paralisação das obras. “Temos duas preocupações: uma é com a paralisação e outra é com a possibilidade de um novo edital”, admitiu o ministro, sendo completado por Cid: “não é que houve irregularidades. Há, sim, alguns indícios que cabem ao TCU apurar. Vamos esperar a decisão”.

Disse-me-disse. Muita gente ‘meteu o bedelho’ no assunto ontem. “Essa questão não é tão simples para ser colocada no ventilador e o importante é que seja uma verificação muito bem feita para que não prejudique ninguém”, disse Luiz Eduardo, presidente do Metrofor entre os anos de 1999 e 2001.

Entrando na onda, o deputado Heitor Férrer (PDT) solicitou a realização de uma audiência pública para discutir detalhadamente a execução das obras do Metrofor. Ele criticou o atraso das construções e solicitou a presença das autoridades ligadas ao assunto durante a discussão. Segundo o parlamentar, os empresários estão praticando irregularidades por meio do superfaturamento das obras para se beneficiarem. “Eles entram no que é público para enriquecer”, protestou.

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