Deu no Jornal O Povo

Operação Luxo - Sonegação chegava a 95%, diz Polícia Federal


“Na nota fiscal falsa, um relógio importado por 4 mil euros (R$ 10.935) aparecia como se tivesse sido adquirido por cerca de 100 dólares (R$ 192,92). Com notas como essa, empresas cearenses teriam enganado a alfândega brasileira, que acabava cobrando impostos de documentos falsificados. O exemplo foi dado pelo delegado da Polícia Federal (PF), Cláudio Joventino, para explicar como funcionava o esquema de compra subfaturada de produtos importados, um dos crimes investigados pela Operação Luxo, deflagrada na última terça-feira, 30.

Quatro empresários cearenses e um carioca foram presos. No Ceará, pelo menos três empresas estariam no esquema, que também envolve fraudes em licitações: a Indústria Naval do Ceará (Inace), a Empresa de Navegação Marimar e a Nossa Casa (loja de artigos de d ecoração). Os detalhes da investigação foram divulgados com exclusividade na edição de ontem do O POVO. Segundo o delegado da PF, essas empresas importavam produtos de diferentes paí fiscais verdadeiras. No lugar delas, eram apresentadas à alfândega brasileira documentos falsos, emitidos por uma firma laranja, com sede em Miami, nos Estados Unidos.

“É como se os produtos tivessem sido comprados lá (na firma dos EUA), mas na verdade a empresa só emitiu a nota falsa”, explica Joventino. A suspeita é de que a firma americana teria sido aberta por pessoas ligadas ao grupo Inace. A Nossa Casa e a Marimar também teriam participado do esquema porque “conhecem, se relacionam” com a Indústria Naval do Ceará, de acordo com o delegado.

Ainda conforme o delegado, as notas falsas eram emitidas com valor inferior a 5% do custo real do produto. O esquema envolvia a compra de artigos de luxo e de equipamentos e produtos navais. Durante as investigações, a PF também encontrou mercadorias que teriam chegado ao Brasil sem nenhum registro de venda. Nesse caso, diz Joventino, os produtos eram contrabandeados em malas ou contêineres, de forma camuflada.

A Polícia Federal ainda não sabe o valor exato movimentado no esquema, informando apenas que é na casa dos milhões. “Agora que analisamos 20% do estoque (com os produtos apreendidos)”, informa o superintendente regional da PF em exercício, Marlon Jefferson. Os cinco presos na Operação Luxo continuam detidos na sede da PF. Apenas dois deles - os empresários Gil Bezerra e empresária Elisa Maria Gradvohl (Inace) - foram presos preventivamente (sem prazo de soltura). O motivo, segun do o delegado Joventino, é a existência de “provas contundentes” contra eles. Os demais tiveram ordem de prisão temporária, de cinco dias.”

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