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Mentira tem pernas curtas!

Os desvios psíquicos, embora tenham variadas características particulares, semelhantes aos ramos de uma árvore, dependem sempre de raízes profundas. Na psicologia comum, no entanto, tal ramificação é tida como defeito específico que deve ser enfrentada separadamente como se cada galho fosse independente dos outros.

Nesse contexto, destaca-se a mentira. Existem mentiras consideradas normais e mentiras patológicas. A primeira está relacionada à fantasia, à criatividade exagerada e à tentativa de maximizar o poder de convencimento.
Em crianças, a mentira tem um sentido de invenção, não tendo por objetivo qualquer ganho de ordem pessoal. Mas a mentira patológica, ao revés, é astuciosa, dolosa, e, muitas vezes, repleta de engenhosidade a ponto de se converter em “verdade temporária”. Usam de tal expediente, com maior frequência, certos líderes políticos. Não raro, utilizam a estratégia de “maquiar” ou camuflar para obter vantagens pessoais.

A mentira é um fenômeno voltado para o mal, mas, com o tempo, passa a integrar o imaginário social, tornando-se “indispensável”, “decente” e “normal”.
A pessoa mentirosa, porém, é desprezada pelos demais, pois serve mais às aparências que à realidade. Ademais, suas maquinações não têm grande durabilidade e terminam, sem retorno, por destruir a fonte de onde emanam. Além de destruir a si mesmo, causam inumeráveis danos a outras pessoas.

A rigor, o mentiroso é um fracassado e a mentira é utilizada para mascarar essa realidade. No entanto, uma vez descoberta a mentira e o mentiroso, logo se destrói toda a farsa.
De acordo com o psiquiatra norte-americano Bruce Baldwin, o homem usa o expediente da mentira por oito motivos básicos: por sentir-se culpado, por temer conflitos, para ser alvo de piedade, por necessitar de elogios, por temer desaprovação, por se sentir inseguro em seu papel, por querer subir rapidamente na posição social e por ter medo de manter suas convicções pessoais.

Seja como for, é reprovável mentir. Diz o dito popular que “a mentira tem pernas curtas”, mais cedo ou mais tarde será descoberta e as consequências serão desastrosas. Efetivamente, a mentira tem um período de vida muito curto, e pessoas a quem prejudicam podem exercer a vingança, de tal modo que os acertos de contas são inevitáveis.
A verdade quase sempre deixa sequelas e, quando dita, pode doer. Contudo, é preferível a verdade à mentira. Pessoas verdadeiras, autênticas, íntegras, são sempre lembradas com gratidão; pessoas mentirosas e desleais, ao contrário, quase sempre são esquecidas ou são lembradas com desprezo e insignificância.

Edilson Santana - Promotor de Justiça

Escreve às terças feiras no Jornal O Estado

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