
TEGUCIGALPA - O presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya está na Embaixada brasileira em Tegucigalpa, capital do país, confirmou na tarde desta segunda-feira a reportagem do GLOBO. Zelaya, em entrevista à CNN em espanhol, agradeceu a ajuda presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que disse ter autorizado a Embaixada a receber o líder centro-americano. O líder também dirigiu agradecimentos aos governos dos EUA e da Venezuela pelos esforços para o seu retorno ao país. Ele disse que sua volta era parte de uma estratégia internacional, da qual não podia fornecer detalhes:
- Que isso sirva de exemplo para que aprendam a respeitar a soberania popular.
Em Nova York, Amorim afirmou que o governo do Brasil espera que a volta de Zelaya a Tegucigalpa represente um novo estágio nas negociações com o governo interino do país. Amorim confirmou que Zelaya se refugiou na embaixada brasileira em Tegucigalpa com sua esposa. O chanceler disse ter conversado diretamente com Zelaya por telefone e deu "as boas-vindas ao território brasileiro".
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, chegará a Tegucigalpa na terça-feira, segundo Zelaya, para dar início a um diálogo de reconciliação com o regime interino do país.
Em declarações à rede Telesur, Zelaya disse ter retornado a Honduras "a pedido do povo":
- Estou na minha terra, com meu povo.
Ele revelou que ingressou em Honduras após viajar durante mais de 15 horas na companhia de outros quatro homens.
O líder deposto conclamou a população hondurenha a se reunir em frente à embaixada e afirmou que nas próximas horas vai iniciar as gestões para reassumir a presidência, após quase 90 dias do golpe que o tirou do poder.
Ele disse que vai tentar se comunicar com o governo golpista, e que está em busca de diálogo para que Honduras volte à democracia.
- Regressei com o objetivo de chegar a uma solução pacífica. O golpe de Estado nunca é a resposta(...) Não vamos resolver nada com rifle ou bala. Quero diálogo. - disse o presidente constitucional do país.
" Retornei a pedido do povo "
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De acordo com a Rádio Globo de Honduras, o presidente de fato hondurenho, Roberto Micheletti, teria sido capturado pelas Forças Armadas durante a madrugada e retirado do país. Contudo, em declarações a jornalistas, Micheletti negou a versão, disse que Zelaya está "em um hotel da Nicarágua" e qualificou o episódio como uma manifestação de "terrorismo midiático".
A Frente Nacional de Resistência contra o Golpe de Estado mobilizou seus membros para acompanhar o presidente destituído. Zelaya foi retirado à força do país em 28 de junho passado e destituído de seu posto.
Micheletti foi designado pelo Congresso para assumir as funções do presidente e, desde então, o país vive uma crise interna, que tem gerado conflitos entre simpatizantes contra e pró-Zelaya. A comunidade internacional e organismos multilaterais já repudiaram o golpe por diversas ocasiões.
Chávez diz a Zelaya por telefone que ele realizou 'ato heróico'
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, conversou por telefone com Manuel Zelaya. Durante um evento educacional transmitido ao vivo pela televisão estatal da Venezuela, Chávez atendeu de surpresa a uma chamada e disse que estava conversando com Zelaya. O presidente venezuelano animou seu aliado a continuar a batalha para retornar à presidência antes das eleições previstas para o fim de novembro e disse que Zelaya realizou um ato heróico.
- Oi! Sim, é o Hugo, um abraço. Tudo bem, Zelaya? - disse o líder venezuelano. Mas não foi possível escutar Zelaya do outro lado da linha.
- Todos somos soldados seus Mel (Zelaya), e agora devemos fazer o que é devido neste momento. Parabéns, você realizou um ato heróico que ficará na história de Honduras e da América Latina, pela dignidade de seu povo - acrescentou Chávez ao se despedir de Zelaya por telefone.
Chávez garantiu que participará nesta semana da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, em meio à crescente tensão de seu governo com os EUA por diferenças sobre o golpe de Honduras, um acordo de cooperação militar com a Colômbia e o combate ao narcotráfico.
Chávez foi Um dos primeiros líderes a confirmar a presença de Zelaya em território hondurenho.
- Agora veremos o que farão os golpistas - complementou Chávez.
" Pedimos respeito à vida de Zelaya, da primeira-dama e do povo "
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O venezuelano disse que seu colega viajou por terra durante dois dias até que conseguisse entrar em Honduras, o que ocorreu nesta segunda-feira. Chávez também chamou a atenção para os riscos que Zelaya e seus familiares poderão correr a partir deste momento.
- Pedimos respeito à vida de Zelaya, da primeira-dama e do povo - afirmou.
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