Da coluna de papel do Jornal O Estado



Uma feirinha
Existe em Fortaleza o hábito da feirinha, onde aposentados, desempregados, porra-loucas, ou simples ganhadores de dinheiro sentam a banca e resolvem vender o fruto de seus trabalhos. Senhoras idosas, ou não, habilidosas, vendem sapatinhos de crianças, babadores bordados, panos-de-prato em ponto de cruz e etc. e tal. Ripongas fazem artesanato ao vivo pra ganhar uma ponta e ir tocando. Aposentados compram e vendem bolsas, sapatos e outras confecções artesanais como chapéus-de-couro, sandálias, por aí. E tem mais, muito mais numa feirinha. As andanças da gente, e a profissão, nos ensinam a ver aquilo que nem todos veem e se veem não enxergam a profundidade das coisas. A feirinha, por exemplo, de cujo exercício vive a manhã-tarde deste domingo que passou levou-me à reflexão. Ah, então aqui também temos feirinha, fiquei a me indagar no meio de uma praça bucólica de Cascais, a beira mar portuguesa, nos arrebaldes de Lisboa. Lá estavam as mesmas pessoas das feirinhas de Fortaleza, Belo Horizonte, Sobral, Curitiba ou Santa Maria do Belém do Grão Pará. Todas, desde as senhoras habilidosas aos aposentados. Sem tirar nem por. E fui conversar com eles e ouvir deles que há séculos se faz feirinha aqui o que nos transporta à ideia de que os portugueses também levaram pra nós o hábito multi-centenário que há pouco conhecemos. Engraçado, mais engraçado em falar disso é que os produtos são quase os mesmos, assim como iguais são as transferências de ações e de outros pensares brasileiros.

A frase:
“Como tudo, as palavras têm os seus quês, os seus comos e os seus porquês”.
José Saramago na página 55 de Caim, dando-lhes, às palavras a importância,ou não,que tenham.

A feirinha (Nota da foto)
Numa praça de Cascais, a origem das feirinhas do Brasil. A gente viu. Eu estava lá.

Cena portuguesa

Português, segurança, distribui senhas no Banco do Brasil, agência Marquês de Pombal.Ninguém pra ser atendido. Cliente vai ao caixa que manda voltar ao vigia pra tirar senha. -Senha pro caixa ou pro atendimento ao lado, pergunta imperial.

• Hora portuguesa. Mudou a hora no domingo.Começou o horário de inverno. Os dias serão mais longos. No sábado a televisou ensinou: Amanhã, as duas horas da manhã,atrase seu relógio para uma hora. Começa o horário de inverno.

• Desculpas de Saramago. Lá pras tantas do novo livro dele, Caim, Saramago solta um gratuito filho da p... com um texto bíblico. Pediu desculpas dizendo que se excedeu, mas que a bíblia é uma peça de humor. -Um texto de mau humor, acrescentou.

• Nós na imprensa. Agora cê imagina, até a TV Al Jazira, aquela daquele país cheio de doidim virando bomba pra matar os outros, mostrou as cenas de violência da bandidagem do Rio, lembrando as Olimpíadas de 2014. A Al Jazira e o resto do mundo.

• Folha Universal. Chama-se Folha de Portugal o bem feito jornal da Igreja Universal. São 50 mil exemplares na edição nacional. Os crentes podem acessar WWW.folhadeportugal.pt e ver que nas tantas páginas Edir Macedo só aparece uma vezinha com sua,dele,mensagem.

• Complicador. O primeiro ministro José Sócrates, que tomou posse ontem no comando do Governo português sabe que vai ter problemas quando começar a cumprir o prometido em campanha: aulas de educação sexual nas escolas de primeiro grau.

• Jornalista doida. Alexandra Lucas Coelho, repórter do Público, jornal lisboeta se define assim; O jornalismo é uma besta porque não conta o que acontece, e é uma besta porque conta o que acontece.Nós, jornalistas, somos a besta de todos vós, e assinamos por baixo ou por cima.

Castração química
A medida já é adotada por países europeus e agora discutida na França. A questão foi levantada em Portugal pelo Movimento Mérito e Sociedade, mas ainda é malvista. Os políticos, sempre eles, acreditam no tratamento psicológico.

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