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Ceará ganha siderúrgica e perde usina de biodiesel

A Brasil Ecodiesel anunciou ontem a decisão de desativar as usinas de biodiesel nos municípios de Crateús, no Ceará, e Floriano, no Piauí. A empresa afirmou que vai aproveitar as instalações industriais dessas unidades para a ampliação ou realocação de sua capacidade produtiva.

Conforme a produtora, o fechamento das unidades deve-se à “dificuldade logística incontornável” na obtenção de matérias-primas, o que afetou a competitividade dessas unidades nos leilões organizados pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Entretanto, a perda da capacidade das unidades inoperantes, de acordo ainda com a Brasil Ecodiesel, não altera o planejamento da produção e vendas da companhia no curto e médio prazo. A companhia informou também que, na medida do possível, tentará realocar os funcionários para as unidades de Iraquara, na Bahia, Itaqui, no Maranhão, e Porto Nacional, no Tocantins.

Repercussão
A decisão da Brasil Ecodiesel obteve ampla repercussão nos segmentos empresarial e político do Ceará. Na avaliação do diretor técnico da Ematerce (Empresa de Assistência e Técnica e Extensão do Ceará), Walmir Severo Magalhães, a desativação das usinas é motivada por problemas internos da empresa e não por dificuldade de matéria-prima, como foi alegado. “A empresa há tempos não vinha arrematando os leilões da ANP, recentemente arrematou alguma coisa, mas insuficiente para suas pretensões”, destacou.

Sobre eventuais perdas para o Estado, o técnico informou que em um horizonte de cinco anos, o agricultor que fornecia matéria-prima para a Brasil Ecodiesel não terá problemas, em razão da usina de biodiesel da Petrobras, instalada em Quixadá, com a ampliação de sua capacidade de produção em 50%, absorver toda essa produção.
“Para o Ceará não deixa de ser uma situação lamentável, porque é importante a competitividade no setor. Mas como o Governo do Estado entrou apenas com os incentivos do programa de atração de empresas, não há motivo para desespero”, justificou.

Produção
Por sua vez, o presidente em exercício da Faec (Federação da Agricultura do Ceará), Flávio Saboya, lamentou a decisão da Brasil Ecodiesel, dizendo que foi partícipe do entusiasmo da implantação da indústria de biodiesel de Crateús, quando os médios agricultores filiados à entidade, apesar da produção de mamona ser uma atividade nova e desconhecida para a maioria, prontificaram-se a contribuir com o projeto. “Entretanto, logo depois, fomos informados que apenas ao agricultores familiares poderiam produzir para a empresa. Isso gerou nosso natural afastamento. Não digo que essa tenha sido a causa do fechamento da indústria, mas pode ter contribuído para tal”, ressaltou.

Por outro lado, o representante da Faec afirmou que como técnico, não pode deixar de reconhecer que as variedades de mamona hoje produzidas, precisam ser adaptadas à nossa realidade. “Só assim teremos condições de atender a demanda”, completou.

Do Jornal O Estado com Agencias

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