
O pedaço governista do PMDB e o PT vão às festas de final de ano tão ou mais distantes de um acordo eleitoral quanto estavam no início de 2009.
Empurraram-se para dentro do calendário de 2010 todas as pendências que conspiram contra a aliança. Repetindo: todas.
Para complicar, Lula fabricou uma encrenca nova ao sugerir que o PMDB deve apresentar a Dilma Rousseff uma lista tríplice de vices.
Encurtou-se o pavio dos negociadores do PMDB. Já há no grupo gente que condiciona o apoio a Dilma à performance da candidata.
Na percepção desse pedaço do PMDB, o petismo trata seu principal aliado a golpes de barriga.
Pior: dissemina-se no PMDB a sensação de que o PT almeja o principal –o apoio a Dilma— sem abrir mão do acessório –a cessão de espaço nos Estados.
Em Minas, arma-se um palanque petista –Fernando Pimentel ou Patrus Ananias— contra a candidatura do pemedebê Hélio Costa.
No Mato Grosso do Sul, Zeca do PT mastiga a paciência do governador pemedebê André Puccinelli, de olho na reeleição.
No Rio, o petê Lindberg Farias continua sambando numa passarela que Lula prometera que seria exclusiva do governador pemedebê Sérgio Cabral.
No Ceará, o pemedebê Eunício Oliveira é preterido na composição para o Senado. Dá-se preferência ao petê José Pimentel.
Na Bahia e no Pará, ficara entendido que PMDB e PT iriam às urnas de lados opostos. Mas ambos recepcionariam Dilma em seus palanques.
Porém, os pemedebês Geddel Vieira Lima e Jader Barbalho levam o pé atrás. Vêem o tempo passando sem que o acerto seja detalhado.
Um grão-pemedebê ouvido pelo repórter disse que, nesse jogo de empurra, só o PT tem a perder. Amarrou o seu destino ao de Dilma. Precisa de apoio e tempo de TV.
Quanto ao PMDB, aferrado às conveniências estaduais, dispõe de pelo menos quatro alternativas.
Pode levar as mãos ao andor de Dilma. Pode acomodar os pés no palanque tucano de José Serra.
Também pode encher de gás o balão da candidatura própria, retardando o acerto nacional para o segundo turno.
No limite, pode liberar os diretórios estaduais para escolher o caminho que bem entenderem.
O Congresso atravessa sua última semana antes do recesso. Os negociadores de 2010 só voltam a Brasília em fevereiro.
Os líderes do do PMDB vão aos respectivos Estados sem nada de concreto a exibir às suas bases. Imaginara-se que o tricô regional avançaria. Não avançou.
Idealizara-se a composição de um comitê suprapartidário para debater o programa de Dilma. A peça continua sob cuidados exclusivos do PT.
Até a posição de vice, que se imaginava assentada no colo de Michel Temer, subiu no telhado.
O PMDB chiou. “Exigiu” que Lula desfizesse em público o mal-estar da lista tríplice de vices. O presidente fingiu-se de morto.
Se o veneno não for contido, não são negligenciáveis as chances de o PMDB repetir as mandingas de campanhas anteriores.
O partido equilibra-se nas duas pontas da sucessão presidencial. E chega ao final da campanha com o pé de apoio na chapa vencedora.
Escrito por Josias de Souza às 02h49
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