Carlos Magno/via BBC
O escritor brasileiro Paulo Coelho declarou guerra cibernética ao ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.
Coelho está inconformado com o anúncio de que Blair será contratado como consultor dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio.
A notícia que abespinhou Paulo Coelho veio à luz no sábado (30), em Londres. Pingou dos lábios do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
Acompanhado do presidente do comitê Rio-2016, Carlos Nusman, e do ministro Orlando Silva (Esportes), Cabral visitou Blair.
À saída, informou que Blair vai assessorar o Rio na organização dos jogos. Consultoria remunerada com verbas privadas, ainda por coletar.
Pendurado no seu twitter –mais de 258 mil seguidores do mundo inteiro—, Paulo Coelho pôs-se a disparar micromensagens contra Blair.
Coisas assim: “Estamos pagando Tony Blair p/ assessor de Rio 2016? Um irresponsável que declarou uma guerra ilegal? O que é isso, governador?
Ou assim: “Governador Sérgio Cabral, assim como fiz campanha p/ Rio 2016, vou fazer o possível para derrubar esta decisão ABSURDA”.
Celebridade internacional, o mago brasileiro dos livros intercala textos em português e em língua inglesa. Uma de suas seguidoras estranhou.
O escritor explicou: “Estou tuitando essa vergonha em duas línguas. Também a comunidade internacional precisa saber”.
A outro seguidor, Paulo Coelho esclareceu que escreve também em inglês "porque a maioria aqui [no seu twitter] é estrangeiro. E quero que vejam o absurdo desta escolha".
Em tradução livre, uma das mensagens em inglês levadas ao ar por Paulo Coelho anota o seguinte:
“Tony Blair merece Haia [sede da corte internacional], não Rio. Governador Sérgio Cabral, por favor, não faça isso. Estive em Copenhague pelos atletas, não por assassinos”.
Noutro texto, escreveu: “Tony Blair consultor dos Jogos Olímpicos de 2016? Um homem responsável por uma guerra ilegal? Não em meu nome. Não no meu país”.
Um dia antes de receber Cabral e comitiva em sua casa, Blair prestara depoimento no inquérito que apura a partição da Grã-Bretanha na guerra do Iraque.
Ao tempo em que era primeiro-ministro, Blair associara-se a George Bush, então presidente dos EUA, na campanha armada contra o regime de Sadan Hussein.
Inquirido por seis horas, na última sexta (29), ele disse que não se arrepende do que fez. Mais: faria tudo de novo.
As declarações renderam a Blair protestos da população de Londres, de jornais britânicos e até de antigos membros de seu governo.
Foi sob essa atmosfera que Paulo Coelho iniciou sua cruzada na web contra a participação de Tony Blair na organização dos Jogos do Rio.
O escritor sente-se à vontade para protestar porque integrou a comitiva que foi a Copenhague no dia em que o Rio venceu a disputa para sediar a Olimpíada.
Sua reprovação tem um timbre panfletário: “Governador Sérgio Cabral, brasileiros não conseguem organizar Rio 2016? Precisamos chamar Tony Blair, CRIMINOSO DE GUERRA?”
Em inglês, Paulo Coelho diz que não vai sossegar: “Não vou interromper minha pressão sobre o governador do Rio até ver Tony Blair longe do Rio. E vou prevalecer.”
A presença do ministro dos Esportes na delegação que oficializou o convite a Blair indica que o governo federal concodar com a idéia de contratá-lo como consultor.
A despeito disso, Paulo Coelho não dirigiu, por ora, nenhuma crítica a Lula. Concentra suas baterias em Sérgio Cabral.
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Escrito por Josias de Souza
Nós brasileiros, estamos contigo Paulo Coelho. Tu, em nome dos brasileiros, tens moral para barrar a participação de Tony Blair na Rio-2016.
ResponderExcluirVá em frente, bravo brasileiro!