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História do Brasil


TANCREDO NEVES EM SEUS DIAS COMO
PRESIDENTE, POR RUBENS RICUPERO

Nestes 25 anos da Nova República, diplomata publica memórias da viagem ao exterior realizada às vésperas da posse. Obra é um dos principais documentos do delicado período da história brasileira. O lançamento, pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, acontece no dia 16, a partir das 19 horas, na Loja das Artes da Livraria Cultura, no Conjunto Nacional.

Diário de Bordo – A viagem presidencial de Tancredo Neves

Rubens Ricupero

Imprensa Oficial do Estado de São Paulo

456 págs.

R$ 80,00


A Nova República alvorecia naqueles meses de 1985. Eleito, mas ainda não empossado, Tancredo Neves programou um giro internacional, seu primeiro grande movimento como presidente eleito, a ser recebido por outros importantes chefes de nação, além do Papa. A viagem seria, ao mesmo tempo, sua consagração no cargo e o início de promissora jornada. O que não se podia prever é que aquele período – contradizendo sua longa e bem-sucedida carreira política –, fosse o período que a encerraria, de um só golpe, junto com a expectativa e as esperanças de toda uma nação.
Para acompanhá-lo nessa jornada ao Exterior escolheu o então chefe do Departamento das Américas do MRE – Ministério das Relações Exteriores, Rubens Ricupero, que anotou em uma agenda que ganhara às vésperas da viagem os principais acontecimentos, diálogos e impressões. Teria sido um registro da primeira viagem, mas hoje é um dos principais documentos sobre esse singular período da história brasileira. Finalmente publicado, “Diário de bordo: a viagem presidencial de Tancredo Neves” será lançado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo no próximo dia 16, terça-feira, a partir das 19 horas, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional – Av. Paulista, 2.073, em sua Loja das Artes.
“A viagem era não só a melhor preparação para o dr. Tancredo começar a treinar para o governo que logo exerceria, mas na prática o início desse próprio governo, pois os contatos, as conversas, as discussões com os chefes de governo estrangeiro constituíam já o esboço de compromissos e políticas a serem continuadas em breve”, explica Ricupero, na apresentação da obra.
No Brasil, como ele relata, o clima não era ainda dos mais tranquilos. “A transição ‘lenta, gradual e segura’ continuava a parecer não suficientemente lenta e segura aos duros do regime, aos que o presidente Geisel caracterizava como elementos ‘sinceros, porém radicais’. Os rumores de conspirações e resistências se multiplicavam, somando-se às dificuldades naturais de transições demasiado longas como as nossas: as pressões, intrigas e manobras dos aspirantes a cargos, a contra-informação maliciosa sobre as intenções e confidências do presidente eleito”, acrescenta, mais adiante, o embaixador.
Ser recebido no exterior pelo papa e governantes de países poderosos era, portanto, uma quase “sagração informal, uma espécie de reconhecimento e legitimação perante a comunidade das nações, o que deveria normalmente atuar como inibição para surpresas de última hora, fator não desprezível em situação de regime militar que já se prolongava por quase vinte e um anos”.
De posse de uma agenda de capa vermelha, Rubens Ricupero pôs-se então a escrever em hotéis, nos voos longos ou curtos, nas salas de espera de aeroportos. Às vezes, segundo seu relato, era “atropelado pelo itinerário” e, quando as etapas principiaram a suceder-se a intervalos cada vez mais curtos, via-se obrigado a atrasar a redação. Porém, não mais que de um ou poucos dias, para preservar o frescor das impressões.
E assim Ricupero registrou com detalhes o dia-a-dia da viagem. Houve encontros com o papa João Paulo II e Bettino Craxi, em Roma; com o presidente François Miterrand, em Biarritz; com o primeiro-ministro Mário Soares, em Lisboa; com o rei Juan Carlos e Felipe González, em Madri; com Ronald Reagan e George Bush, em Washington; com Raul Alfonsin, em Buenos Aires, apenas para citar os momentos mais importantes. Alguns foram felizes, outros exigiram diplomacia. A obra reúne, também, discursos e conferências de imprensa feitos na ocasião, encontros com os presidentes do BID e Banco Mundial, além de um capítulo de artigos importantes de Celso Lafer, Sergio Danese (diplomata que assessorava Ricupero), Andréa Neves da Cunha (em evocação afetuosa de seu avô) e José Serra, à época coordenador da COPAG – Coordenador do Plano de Ação do Governo Tancredo Neves.
Ao completarem-se 25 anos da Nova República, o projeto de publicar “Diário de Bordo”, postergado tantas vezes, se impôs. “Não poderia adiar mais a publicação da memória daqueles instantes breves e intensos que Celso Lafer, em inspirado artigo reproduzido ao final deste livro, chamou de o ‘momento presidencial de Tancredo”, justifica o autor. Foram os dias em que Tancredo Neves foi recebido e tratado como presidente, revelando um pouco do que teria sido seu desempenho, caso a doença e a morte não tivessem impedido que ele “se tornasse efetivamente um dos melhores presidentes que o Brasil teria tido”, completa Ricupero.
O AUTOR
Rubens Ricupero (São Paulo, 1937) é jurista e diplomata de carreira desde 1961. Exerceu, dentre outras funções, a de assessor internacional do presidente eleito Tancredo Neves (1984-1985), assessor especial de Jose Sarney (1985-1987), representante permanente do Brasil junto aos órgãos da ONU sediados em Genebra (1987-1991) e embaixador nos Estados Unidos (1991-1993). Foi ministro da Fazenda durante o período de implantação do Plano Real (1994). É atualmente diretor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Álvares Penteado e presidente do Instituto Fernand Braudel.

Penso eu - Estava nesta viagem. Fiz meus relatos para a Rádio Verdes Mares, a Televisão Verdes Mares e o Jornal DIário do Nordeste. Minhas matérias do Diário do Nordeste, infelizmente não foram aproveitadas como deveriam ser por questões editorias que não vale a pena citar nem revolver a competencia e o caráter das pessoas.

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