
Ciro Gomes diz que é preciso mudar a tradição da agricultura de subsistência e buscar alternativas, como industrializar a região
Os problemas do Nordeste só serão resolvidos a partir de um plano estratégico de médio e longo prazo, com metas definidas pelo Governo Federal, acredita o deputado e pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes. "Sem isso, vamos continuar enfrentando sempre os mesmos problemas, inclusive com a migração para outras regiões, onde as pessoas não encontrarão soluções adequadas para as suas vidas".
Além disso, destaca o deputado, a migração ainda vai criar outros problemas nas regiões escolhidas por esse contingente para se fixar, já que ele não se encontra preparado para enfrentar os desafios das grandes metrópoles, destino normalmente escolhido pelos imigrantes pobres do Nordeste.
Este plano, segundo ele, inclui obras de infraestrutura, qualificação do serviço público, ampliação do crédito e do investimento, e qualificação do trabalhador. "O problema do Nordeste é não ter gente qualificada para trabalhar uma geografia hostil. Não é só a falta de chuva, é também chão ruim", analisa o deputado.
Para Ciro Gomes, "é preciso mudar a tradição da agricultura de subsistência, que não funciona, e buscar alternativas, como industrializar, no primeiro momento, e depois planejar o pós-industrial". Ele acredita que o Turismo é uma saída já provada e aprovada, mas assinala que é necessário profissionalizar o setor, capacitando pessoas e equipamentos, melhorando a prestação de serviços, "porque turismo é uma competição global, temos que facilitar o acesso do turista estrangeiro".
O pré-candidato à Presidência, que já foi ministro da Fazenda e da Integração Nacional, aponta as contradições que afetam a economia da região. "O problema do Nordeste é que, com a chamada globalização, a fonte das mercadorias é o mundo, e o Nordeste nem é sede dos grandes estoques de matéria-prima do Brasil, nem é o maior mercado consumidor, mas quer consumir como o padrão nacional e não tem renda para isso. Essa é a grande contradição". É uma situação que também se desdobra em outras coisas, destaca. Por exemplo, o analfabetismo é quatro vezes maior na região, a infraestrutura é muito precária, a quantidade de mestres e doutores por habitante é menos da metade da média brasileira.
Ciro Gomes chama a atenção especialmente para a situação do semi-árido, onde estão ainda cerca de 30 milhões de pessoas, "com todos os indicadores trágicos e, se você deixar o mercado resolver, a resposta vai ser a migração, e aí ninguém aguenta mais, é preciso criar oportunidades", alerta. Ele aponta ferramentas para isso, como o biodiesel extraído da mamona, "mas, enquanto não adquirir escala e tiver produtividade, é inviável".
Ciro cita ainda os grandes benefícios para a região que advirão do Projeto de Integração de Bacias do Rio São Francisco que, num primeiro momento, vai eliminar a insegurança do abastecimento de água na área de influência do projeto, que atinge 12 milhões de pessoas. "E essa variável é essencial para a qualidade de vida, para manutenção das pessoas ali, mas é também essencial como decisão de investimento. Você não pode imaginar um investimento, e todos eles precisam de água, aonde ciclicamente tem racionamento, e a prioridade é o abastecimento humano", conclui.
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