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Saudades da infancia


Outro dia, conversando fiado com o grande Paulo Oliveira, falávamos de chegadinha. O lúdico bater de um triangulo, num movimento certo,repetitivo que não precisava ninguem gritando anunciar o que estava passando.
O triangulo por sí só bastava. A caixa redonda, de alumínio,(acho que era de flandre) o papel grosso, a massa fina, morena, quase queimada e nos enxíamos de orgulho pelo dinheiro gasto. Sempre foi muito barata a chegadinha. Pois bem; de saudade em saudade paramos um tempão falando de chegadinha. Era chegadinha pra lá, chegadinha pra cá, e a boca cheia dágua sem que aparecesse no bar onde bebericávamos um bom rouge, um seu Zé tocando o triangulo da chegadinha. Nos despedimos, eu pelo menos, com a memória sortida de chegadinha, comprada na 24 de Maio, na casa de morada dos Brito, do Crato, de quem éramos hóspedes quando vínhamos de Sobral, lá nos anos 50, eu e minha santa e saudosa mãezinha Maria, filha de Mãe Vovó Petronilha, A Racista. Eram duas casas. Na primeira, elas moravam logo no primeiro quarteirão, pertinho da estação João Felipe. Na segunda, ainda na 24 de maio, quase esquina de Duque de Caxias, num sobrado cheio de sonhos.
Aí, hoje, inda há pouco, como se alguém ouvisse aquele papo de botequim, chegou ao meu e.mail um anúncio, um recorte de tempo eletronico.
Estão fazendo chegadinha em Fortaleza.
Por chegadinha, chego. Só queria saber, de quem me mandou, se tem ainda o triangulo que me fazia comer chegadinha pelos ouvidos.
Muito obrigado por me fazer matar uma saudade tão bem guardada.
Vai chegadinha aí, moço, pergunto-lhe eu.

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