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Bilhete do Alvaro Augusto para o Wilson Ibiapina

Caro amigo Wilson.
Infeliz notícia. Nada traduz o sentir da gente. Fico imaginando o que ele mesmo, o Cláudio, diria dessa partida em derradeira viagem. Lembro-me então do seu irreprimível bom-humor, que o sofrimento apenas esfumaçou. Depois eu conto – talvez dissesse, com aquele jeito meio matreiro de fazer inveja a qualquer poeta. Ficaríamos talvez menos tristes. E assim realimentaríamos lembranças que nos confirmassem que da vida o sofrer sempre acaba e o bem feito persiste aqui e em qualquer lugar. Cláudio ainda é uma dessas pessoas cujo espírito continua entre nós, que dele nos apropriamos sem pedir licença. Tão rica foi e continua sendo a sua passagem no tempo que desfrutamos, que não há como se possa separá-la daquelas vivências que nos impregnam indelevelmente. E assim o temos presente de novo, transitando e respirando o ar comum das afinidades, das dúvidas, da criatividade e dos desafios. Com aqueles olhos azuis, portas paralelas abertas para o infinito. Podemos ainda conversar. E se algo mais espirituoso for dito, não haverá surpresa: foi ele; ou, quem sabe, foi o Augusto quem disse. Não é preciso minuto de silêncio. A gente pode ouvi-los a qualquer tempo. Basta prestar bem atenção, deixando ligados os sentidos e os corações.

Um grande abraço,

Alvaro


Alvaro Agusto é ex-procurador geral da república e wilson ibiapina é jornalista. E eu sou apaixonado pela cabeça dos dois.
Um escreveu ao outro diante da partida do cadeira voadora, Claudio Pereira para o outro lado da vida.

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