A controversa marcha em Fortaleza a favor da liberação do uso da maconha foi mote de um pronunciamento indignado do deputado Fernando Hugo (PSDB), que deplorou a iniciativa do “grupo de coitados” que reivindica a descriminalização da droga. “A canabis sativa é o primeiro passo para chegar às drogas mais pesadas”, argumentou o deputado, na sessão de ontem da Assembleia Legislativa.
A marcha seria realizada no último domingo, 16, a partir da Volta da Jurema. Atendendo ao pedido do Ministério Público do Estado, a desembargadora Sérgia Miranda, do Tribunal de Justiça do Ceará, proibiu a manifestação. Motivo apresentado: mesmo com a liberdade de expressão que a Constituição garante, a maconha permanece ilegal. Nesse entendimento, portanto, a marcha faria apologia ao crime.
Os organizadores do movimento nacional pela liberação da maconha tentarão de novo: eles marcaram para 1o de agosto outra tentativa de passeata na Capital, o que revoltou o deputado. “Proíbam terminantemente”, bradou, invocando Ministério Público, Tribunal de Justiça e o governador Cid Gomes (PSB). “Doutor Cid, não permita. Use a força policial, se for preciso. O senhor terá o apoio de milhões de cearenses”.
Bronca em FHC
Hugo não dispensou críticas a uma eminência de seu próprio partido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que passou a advogar a liberação do uso da maconha com o argumento de que a substância é pouco prejudicial, segundo estudos. Além disso, FHC pede mudanças na política de repressão ao uso das drogas, que, na avaliação dele, é contraproducente.
“O presidente Fernando Henrique – que para mim é um estadista – abrir a boca e defender uma coisa dessas... Ele não sabe o que é ter um familiar sofrendo com o vício”, lamentou. O tucano classificou a liberação da droga como “o prelúdio da morte social” e encerrou o discurso afirmando que “a marcha da maconha é uma marcha contra a sociedade”.
O apelo para que as autoridades proíbam a marcha foi endossado pelo deputado Neto Nunes (PMDB), que defendeu investimentos estaduais em clínicas de tratamento para viciados. “O Estado tem que ter casas de recuperação, pois muitos jovens querem se recuperar e não têm condições”. O deputado Marcos Cals (PSDB) expressou opinião semelhante, sugerindo subsídios estatais a projetos de prevenção e tratamento desenvolvidos por igrejas.
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