Fifa evita debate sobre tecnologia

Sob fortes críticas, entidade quer mais controle sobre imagens exibidas nos telões dos estádios

Carlos Eduardo Mansur

Foi um verdadeiro massacre. De um lado, a imprensa inglesa em peso, reforçada por mexicanos. De outro, acuado, o diretor de comunicação da Fifa, Nicolas Maingot, responsável pela entrevista coletiva diária sobre a organização da Copa do Mundo. Ontem, coube a ele ser o porta-voz da postura adotada pela entidade: diante dos escandalosos erros de arbitragem e do clamor pelo uso da tecnologia, a Fifa se calou. No domingo, tendo na plateia Joseph Blatter, presidente da Fifa, um gol legal do inglês Lampard não foi validado pelo árbitro. No mesmo dia, Tevez abriu o placar para a Argentina, contra o México, mesmo impedido.

— Vocês investem milhões em tecnologia, mas nem um centavo para ajudar o jogo — disse um jornalista inglês.

— Vocês não temem que a Fifa seja conhecida como uma entidade antiquada — disparou outro.

— A Fifa está passando por ridícula — emendou o mais ríspido dos ingleses.

(...) A entidade havia agendado para hoje o terceiro encontro entre árbitros e jornalistas durante o mundial. Ontem, foi anunciado que os juízes estão proibidos de comentar decisões deles e dos colegas.

Bombardeado, Maingot ouviu questionamentos, diante dos quais demonstrou claro mal-estar. Um deles lembrava a campanha pelo Jogo Limpo da Fifa.

— A campanha não começou ontem e não se refere à arbitragem — disse o porta-voz.

Joseph Blatter já se manifestou contra os recursos tecnológicos, mas a pressão cresce. Ontem, o secretário da Federação Internacional de Jogadores Profissionais, Tijs Tummers, defendeu a modernização.

— Nós podemos fazer, o mundo do futebol deseja, e isto está sendo postergado. É inaceitável — disse. — O árbitro do jogo da Argentina teve uma longa conversa com o assistente, que estava em contato com o quarto árbitro. Certamente souberam que o gol havia sido irregular.

Blatter argumenta que a tecnologia quebraria o ritmo do jogo. No entanto, Paul Hawkins, criador da tecnologia implantada no tênis e no críquete, garante que o método informaria, em fração de segundo, se a bola cruzou a linha. O tenista Roger Federer afirmou que seria até mais útil no futebol:

— Uma direita na linha não muda o resultado de uma partida, mas um gol muda completamente o estado mental de uma equipe, de uma estratégia.

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