OPINIÃO

Dunga versus Globo
Renato Abreu Jornalista

Começo este artigo pontuando o seguinte: não fecho com Dunga e nem concordo com sua filosofia como técnico da Seleção. Ele conspira contra o futebol-arte porque abraçou a tese (sem base na realidade do futebol) de que time que joga bonito não vence. Dunga não esquece os ataques feitos à Seleção do Tetra, da qual foi capitão, e sempre faz referência, por motivos óbvios, aos fracassos da seleção de Telê, em 1982 e 1986.

Dito isto, quero tornar público minha concordância com o treinador em sua recente disputa com a Rede Globo. É sabido que a Globo faz do futebol e a seleção brasileira um grande negócio seu, e a parceria estratégica que mantém com a CBF sempre rendeu a emissora privilégios descabidos, agora questionados e vetados por Dunga.

A recente briga da Globo com o treinador tem interesse menor. A emissora – como sempre – pretendia alavancar sua audiência na disputada noite de domingo – com entrevistas ao vivo com jogadores no Fantástico. O acerto, segundo informou a imprensa, foi feito com o Ricardo Teixeira, não com Dunga.
Por trás do incidente entre Dunga e o jornalista Alex Escobar, da Rede Globo, durante a entrevista coletiva no Soccer City, logo depois da vitória do Brasil sobre a Costa do Marfim, esconde-se uma história que revela o alcance do poder do técnico da seleção brasileira.

Horas depois do incidente, durante o “Fantástico”, Tadeu Schmidt falou: “O técnico Dunga não apresenta nas entrevistas comportamento compatível de alguém tão vitorioso no esporte. Com freqüência, usa frases grosseiras e irônicas”.
O jornalista da Globo não mencionou, no entanto, o motivo do atrito, ou seja, a recusa do técnico em aceitar um acordo celebrado entre o presidente da CBF e a Globo. Uma coisa é certa: Dunga já está com os dias contados na Seleção, ganhe ou perca a Copa do Mundo.

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