Opinião - Editorial do Jornal O Estado

Custo fatal do despreparo
A cena chocou a todos: Francisco das Chagas de Oliveira Sousa, 37 anos de idade, técnico em manutenção de refrigeradores e morador de Maracanaú, abraçado ao corpo do filho, o estudante Bruce Cristian de Sousa Oliveira, 14 anos, estendido em pleno asfalto, no cruzamento de duas das mais movimentadas vias da cidade, vítima de um crime cometido por um policial do programa Ronda do Quarteirão, a suposta polícia comunitária e cidadã do Ceará. O comandante do Programa Ronda do Quarteirão, coronel Werisleik Matias, anunciou a abertura de um procedimento administrativo para apurar o caso, o qual terá um prazo de 45 dias para apresentar uma conclusão sobre o crime. O policial homicida aguardará o término do inquérito recolhido ao Batalhão Comunitário.

Atônita com tamanha barbaridade, urge da sociedade, em clamor cada vez mais límpido e forte, o coro uníssono dos insatisfeitos com a atual política de Segurança Pública e que exige mudanças estruturais, e não apenas promessas político-eleitoreiras nem muito menos mudanças de cunho superficial. Para muito além de equipá-los com viaturas modernas, providas das mais avanças parafernálias eletrônicas, é premente a necessidade de fornecer aos policiais uma formação mais compatível com os anseios dos cidadãos, qual seja, uma Polícia preparada para lidar com as situações do nosso já violento cotidiano.

Ao lado do corpo do menino, a caixa de ferramentas do pai, com os instrumentos de trabalho espalhados pelo asfalto e besuntados de sangue. Entre a chave de fenda, o martelo e os parafusos, via-se, esparramado ao chão, o fracasso de um projeto de segurança pública que se apresenta mortal à sociedade que o financia.

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