DIFICULDADES
Por Carlos Chagas
Esta semana, em Porto Alegre, Dilma Rousseff declarou não ter compromisso com a totalidade das propostas do PT. Depois da trapalhada da apresentação e retirada do programa dos companheiros junto à Justiça Eleitoral, a candidata deixou claro que sua campanha, como provavelmente o seu governo, se for eleita, constituem uma federação de idéias e propósitos situados acima e além da visão de um só partido.
É aqui que embola o meio campo. Aliás, fenômeno que tem marcado os sete anos e meio do presidente Lula. Ele conseguiu mostrar-se maior do que o PT. O partido é um dos pilares de sua sustentação, mas não o único. Seu governo tornou-se eclético, formando um espectro que foi de Henrique Meirelles a Mangabeira Unger, de Marina Silva a Antônio Palocci.
Conseguirá a criatura repetir a estratégia do criador? Ou estarão as partes prontas para contestar o todo? Afinal, o Lula é o Lula. Dilma vem conseguindo unir as diversas correntes dispostas a apoiá-la na campanha, até pela perspectiva de vitória eleitoral, mas sabe das dificuldades de projetar para o próximo mandato a experiência e o sucesso conquistados pelo atual presidente. As forças organizadas ao redor da candidata já se assanham com vistas à disputa pelas benesses do futuro. Tome-se o PMDB, que para ficar com ela impôs Michel Temer como seu vice. Na hora da composição do ministério, vale repetir, se ela for eleita, o maior partido nacional exigirá vastas fatias de poder. Aceitará o PT continuar no papel de filho mais ou menos enjeitado que representa no período Lula? Ou dará o grito de “basta!” diante de alguém com menos representatividade do que o primeiro-companheiro? Essa poderá ser apenas a primeira fissura num hipotético governo de continuidade. Em especial se o PT continuar exercendo papel secundário no novo Congresso.
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