Por Bruno Pontes
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“Qualquer liderança tucana que não apoiar a candidatura de José Serra à Presidência da República estará sujeita a processo de expulsão por traição e infidelidade partidária”. Foi o aviso dado ontem à tarde pelo presidente estadual do PSDB, Marco Penaforte.
A ameaça veio no dia seguinte à reunião promovida pelo governador Cid Gomes (PSB) com 136 prefeitos, deputados e lideranças partidárias do Estado para planejar a campanha em prol da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff. A assembleia comandada por Cid atraiu inclusive 18 prefeitos do PSDB e um dos deputados estaduais da legenda: Júlio César, que desfilava sorridente com um adesivo de Dilma na camisa.
Esses tucanos foram bem acolhidos por Cid. “Eles são muito bem-vindos e terão minha solidariedade, gratidão e parceria para o futuro”, garantiu o governador.
Após a confirmação do segundo turno, o deputado Marcos Cals, ex-candidato do PSDB ao governo, cobrou o empenho de todos os tucanos do Estado na campanha de Serra. A resolução de comprometimento partidário incluiria, segundo Cals, a expulsão dos filiados que não se engajarem pelo presidenciável.
“NA SOMBRA DO PODER”
A presença de Júlio César na reunião comandada por Cid causou mal-estar ontem na Assembleia. O deputado Luiz Pontes (PSDB) começou um discurso de lamento pelo atual modelo político-eleitoral, mas logo o pronunciamento ganharia contornos de reprimenda entre correligionários.
Pontes explicou que desistira de disputar a eleição deste ano por “frustração” com o modelo político vigente, o qual, segundo ele, privilegia os arranjos de ocasião em detrimento de programas e partidos. “É inadmissível que um País como o nosso tenha um modelo tão arcaico, onde os valores morais e éticos desaparecem em favor da força do dinheiro”.
O parlamentar disse ter visto candidatos decidindo por qual partido concorreriam com base unicamente na esperança de vitória. Ele lamentou que, pelo quociente eleitoral, um candidato possa se eleger com 26 mil ou 60 mil votos, a depender do partido ou coligação a que pertençam. “Isto é um escárnio à democracia. Não me candidatei pela falta de entusiasmo”.
Foi ao denunciar o “oportunismo” eleitoral que Pontes mirou integrantes de sua própria bancada. Sem dar nomes, o tucano afirmou que muitos de seus correligionários “preferiram ficar na sombra do poder”, aliando-se ao bloco governista. “A disputa deste ano não foi entre oposição e situação. Foi entre os deputados do PSDB e entre os deputados do PSB. Eles estavam lutando entre si para ocupar um lugar aqui na Assembléia”.
Júlio César entendeu o recado e pediu a palavra. Disse que, enquanto o Congresso não agir pela reforma política, o que se tem “é uma verdadeira guerra de sobrevivência”. Sobre Pontes, afirmou: “A não candidatura de Vossa Excelência desmotivou uma bancada inteira pelo prestígio, força e cargos que ocupou”. E explicou: “Eu, pessoalmente, fiquei com o Governo Cid com o aval do PSDB do Ceará”.
“POR MIM, ERA TCHAU”
Ao jornal O Estado, Luiz Pontes reforçou o discurso de comprometimento partidário dos tucanos no segundo turno. “É hora de limpar do partido”, avaliou. Apesar de não saber se Júlio César sofrerá alguma punição do PSDB, Pontes não titubeou ao declarar que, por ele, o futuro do seu correligionário que anda com adesivo da Dilma na camisa já estaria selado: “Melhor só do que mal acompanhado. Por mim, era ‘tchau’”.
Penso eu - Se aquele negócio que diz que governo é governo, ainda funcionar, não fica ninguem na tucanagem. Vira tudo cidista para ospróximos quatro anos.
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