Brasileiro vota e faz festa em Nova York


Embaixador Osmar Chohfi, recebe brasileiros no Metropolitan Pavilion.

NY(EUA) Macário Batista
Enviado Especial

Faltava uma coisinha de nada quando o engraçado encarregado da portaria do Metropolitan Pavilion, na 125 West, 18 Sts., entre a 7ª e a 6ª avenidas, começou uma contagem regressiva... Cinco, quatro, três, dois, um, e abriu o portão para que entrassem as primeiras pessoas de uma longa fila que se formava desde às sete horas da manhã na calçada, sob um frio de 8 graus.

Para brasileiro, tudo é motivo de festa, então, a alegria das conversas paralelas (e pouco se falava em eleição, candidatos e quetais) apenas mudou de lugar. O Consulado Brasileiro em NY fez uma organização impecável. Postou orientadores ao longo do Pavilion, de forma a que ninguém tivesse que procurar aonde iria votar.

Quem votou no primeiro turno procure a mesma sessão, que está no mesmo lugar, diziam, independente da cartilha que foi distribuída com direitos e deveres dos eleitores, indicações diversas e até quem não podia votar ou ainda justificar a ausência, para o caso de brasileiros de passagem por aqui, meio atordoados com o processo de justificativa de não ter votado.

Eram brasileiros de todas as idades, vindos de três estados: NY, New Jersey e Pensilvânia. O embaixador Osmar Chohfi, cônsul geral do Brasil em Nova Yorque, foi o juiz eleitoral do pleito e para O Estado justificou as ausências do primeiro turno: “Tem gente que viaja até quatro horas para vir cumprir seu compromisso eleitoral. Há grandes distâncias e isso desestimula. Quem vota aqui, porém, tem vindo”.

Bem no começo da manhã, o embaixador dizia acreditar que a abstenção de hoje seria menor que a do primeiro turno. “Quem não veio no primeiro turno, por certo, virá,” disse ele, achando que a tranquilidade da manhã se acentuaria em maior presença de eleitores no período da tarde. “Afinal, somos brasileiros”, disse rindo, como quem lembra que deixamos tudo para a última hora.

Foi uma organização impecável. Em 54 sessões os eleitores votaram em 53 urnas. Mais de trezentas pessoas trabalharam, incluindo mesários e funcionários do Consulado, numa festa que começou, como disse anteriormente, na calçada. E tinha de tudo: vendedor de quinquilharia, distribuidor de panfleto com solução de negócios, advogados e camelôs com pulseirinhas verde-amarelas com a bandeira do Brasil, pro pessoal se sentir mais brasileiro.
Os 21.076 brasileiros inscritos para votar, porém, eram padres, bispos, padeiros, biscateiros, manicures, gente simples, do povo, incluindo aí jornalistas que moram e transferiram para cá os seus títulos. Celebridade quase nenhuma, a não ser um ou outro jornalista mais conhecido por causa da televisão.

A irreverência
Os anônimos foram o destaque da festa brasileira. Tinha de tudo na hora de votar. Marinheira, bruxa, gata, bispo e padre fotografando com a mesa receptora de votos, gaúchos à caráter e mais uma gama de gente fantasiada, literalmente fantasiada para uma votação que virou festa à fantasia, irreverência bastante brasileira em Manhattan, que, no dizer de um diplomata, brasileiro faz festa com tudo e desmoraliza a cara amarrada do americano.
Lembre que ontem, nos Estados Unidos, foi o Dia das Bruxas, uma comemoração que teve início na sexta-feira e varou noites e madrugadas novaiorquinas.

Ontem, por volta de cinco horas da manhã, quando deixei o apartamento do hotel para meus primeiros informes para O Estado, encontrei pelo menos uns vinte brasileiros chegando da festa, fantasiados para a noite das Bruxas com as vestes que iam de saiotes escoceses para homens e máscaras que escondiam rostos de meninas em algazarra juvenil.

Conversas
Durante todo o dia, foi uma farra só de informação. Padre Antônio da Silva e o bispo Dom Edgar Moreira da Cunha, ambos de New Jersey, são nordestinos que votam em NY. Moram há décadas, mas não perderam o vínculo com o Brasil. O bispo, baiano de Nova Fátima, perto de Feira de Santana, segredou: “Adoro isso aqui. É ótimo estar entre tantos brasileiros. Padre Antônio veio de Pau dos Ferros, do Rio Grande do Norte, e também já é cidadão americano”.

Ivanildo Leite da Costa tem dupla cidadania e diz que é uma pessoa feliz por poder votar duas vezes: nas eleições do Brasil e nas eleições dos Estados Unidos, o que fará na terça-feira, amanhã, para a escolha de governadores e congressistas americanos, o que pode dar uma grande derrota ao presidente Obama.

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