PF e Receita desmontam Caixa 2 de R$ 50 milhões


Por Elvira Sena
Da Redação do Jornal O Estado

Nove mandados de prisão temporária e 32 de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal, além da descoberta de um esquema de “caixa dois”, envolvendo cerca de R$ 50 milhões. É o resultado da Operação Podium, feita pela Polícia Federal (PF) e pela Receita Federal (SRF). Ontem à tarde, os superintendentes da PF, Adail Rocha, e da SRF, Moacir Mondardo Júnior, apresentaram os resultados do trabalho, que investiga empresas cearenses, paulistas e cariocas.

A Operação Podium é resultado de dois anos de investigações, que constataram que a Federação Cearense de Automobilismo teria sido usada como depositária de recursos da ordem de R$ 35 milhões, provenientes de caixas de empresas do Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo, ao longo dos anos 2005 a 2008, sob o falso pretexto de patrocínio ao ex-presidente da entidade, a qual era utilizada apenas como trampolim dos recursos. Os valores retornavam em benefício das empresas, para pagamentos de propinas a agentes públicos ou evasão de dívidas, de acordo com a Polícia Federal.

Os mandados foram cumpridos ontem pela manhã, contando com um efetivo de 160 homens da PF, além de 65 fiscais da Receita, nos estados do Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná , em sedes de empresas e da entidade recreativa. O superintendente da PF não divulgou os nomes das empresas envolvidas, nem das nove pessoas que tiveram o mandado de prisão temporária expedido, argumentando que o processo corria sob segredo de justiça.

Mas PF e SRF adiantaram que os nove presos podem responder por formação de quadrilha, contra a ordem tributária e também contra o sistema financeiro, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

“CAIXA DOIS”
A maior das empresas no esquema era cearense, do ramo de construções. O “caixa dois” também envolvia empresas de São Paulo e do Rio de Janeiro. “Como patrocínio, ia para essas entidades cerca de R$ 50 milhões. Só que não havia patrocínio. O dinheiro voltava para as entidades, num esquema de “caixa dois”, explicou o superintendente da PF, Adail Rocha.O “caixa dois” é uma prática, em que o dinheiro volta, em espécie e fica sem controle, usado em atividades ilícitas.

“O que nos chamou a atenção foi o fato de que, pelo menos, 14 ou 15 milhões do dinheiro, foram para o exterior”, revelou o superintendente da SRF. “A Federação Paulista de Automobilismo, nesse mesmo período, por exemplo, movimentou R$ 10 milhões e a Federação Cearense, R$ 50 milhões”, colocou.

O advogado Hélio Leitão, que representa um dos acusados pelo esquema, disse que já pediu soltura de seu cliente, o atual presidente da Federação Cearense de Automobilismo, Haroldo Sipião Borges. Ele contou que, ontem pela manhã, foram realizadas buscas na casa do cliente e na sede da federação. “Já requeri a revogação da prisão temporária”, reforçou.

As investigações prosseguem, por conta das suspeitas de que o esquema continuou nos anos 2009 e 2010, com uma empresa de Araraquara, em São Paulo. O processo está na 11ª Vara Federal do Ceará, na qual o juiz Ricardo Ribeiro autorizou quebra de sigilo telefônico e bancário de envolvidos.

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