Promotora se faz de doida pra melhor passar


PF prende promotora por simular problemas mentais
Foram em cana, nesta quarta (20), a promotora Deborah Guerner e o marido dela, Jorge Guerner. Prendeu-os a Polícia Federal.

A dupla está envolvida nos malfeitos desvendados pela Operação Caixa de Pandora, origem da exposição do mensalão do DEM de Brasília.

Desceram ao cárcere, porém, por outra razão. Descobriu-se que a promotora recebeu treinamento médico para simular problemas mentais.

De resto, alegou-se que o casal viajou à Itália sem comunicar à Justiça. O casal foi abordado ao retornar da viagem.

A PF interceptou o carro dos Guerner no caminho entre o aeroporto e a residência, no Lago Sul, bairro chique da Capital.

Ao receber voz de prisão, a promotora pediu para deixar as malas em casa. Foi atendida. Na sequência, foi levada ao “PF’s Inn”.

Está detida na mesma sala especial em que ficou preso o ex-governador José Roberto Arruda.

O marido foi levado ao presídio da Papuda. Diplomado, teria direito a cela especial.

Como não havia nenhuma à disposição, ele também foi levado para a hospedaria da PF.

Autor do pedido de prisão, o procurador da República Ronaldo Albo, que acompanha o caso, formalizou uma nova denúncia.

Na peça, acusa a promotora, o marido e o psiquiatra Luis Altenfelder Silva filho de formação de quadrilha, fraude processual e falsidade ideológica.

O médico esteve na casa da promotora. Sua presença foi filmada pelo sistema de câmeras instalado no imóvel.

Apreendida pela PF, a fita de vídeo escora a denúncia. O psiquiartra aparece nas imagens em situação inusitada.

De acordo com os investigadores, as cenas mostram que Deborah Guerner foi treinada para simular transtornos mentais.

Deu-se às vésperas de um exame no Instituto Médico Legal de Brasília. No vídeo, o doutor Altenfelder orienta a “paciente” sobre as respostas que deveria dar.

Na simulação, o marido da promotora fez o papel de médico. Altenfelder respondia como se fosse Deborah. Ela assistia aos ensinamentos.

Ao final da encenação, Altenfelder diz a Deborah: seguindo os ensinamentos recebidos, ela obteria no IML o diagnóstico de transtorno bipolar múltiplo.

Tomada por portadora de problemas mentais, a ré se livraria dos problemas judiciais que a assediam.

Detalhista, o psiquiatra chega mesmo a orientar a promotora sobre o modo como deveria se vestir, o batom que deveria usar.

A certa altura, o marido da promotora pergunta sobre o preço do treinamento. E Altenfelder: R$ 15 mil.

Jorge Guerner regateia. Oferece R$ 10 mil, em duas parcelas. O doutor Altenfender concorda.

O psiquiatra foi alcançado pela equipe da revista Época em São Paulo, onde mantém seu consultório.

Altenfelder confirmou que esteve na casa de Deborah, em Brasília. Disse que a promotora é sua paciente há três anos.

Assegurou que a promotora “sofre mesmo de transtorno bipolar múltiplo”. Um diagnóstico que o treinamento do vídeo desautoriza.

Declarando-se “perplexo”, Altenfelder alega em sua defesa: Não cometi nenhuma fraude. É tudo muito ruim para mim”.

Mais perplexa está a platéia. Se é a coisa toda é ruim para o doutor, será muito pior para sua “paciente”, caso se confirme a tentativa de burla à Justiça.

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