Buraqueira - Muitos prejuízos para os motoristas cearenses



Por Sara Oliveira
saraoliveira@oestadoce.com.br

Somente em abril, os gastos com o conserto do carro da marca Gol, ano 2007, já totalizam R$ 550. Quem desembolsou esta quantia foi o jornalista Daniel da Costa e a causa para o prejuízo são os inúmeros buracos na Capital. Percorrer as vias de Fortaleza é sinônimo de medo. A cada buraco, um susto; a cada chuva, apreensão e a cada ida à oficina, a descoberta dos inúmeros problemas causados pela precária situação de ruas e avenidas.

“Eu já separo parte do meu salário todo mês porque sei que vou ter prejuízo com pneus ou suspensão”, contou o jornalista. Ele mora no Conjunto Ceará, onde muitas vias ainda não são sequer asfaltadas. “A avenida G, por exemplo, que é toda de calçamento, está intrafegável. Todos os motoristas procuram ruas paralelas”, destacou. Sobre a operação Tapa Buraco, Daniel disse: “Eu vejo as placas, mas nunca os operários”.

A realidade enfrentada pelo jornalista é a mesma de tantos outros fortalezenses. A conversa sobre como desviar dos buracos, quais as vias mais esburacadas e os danos trazidos aos veículos estão presentes no trabalho, momentos de diversão ou em casa. Prova desta constância de problemas decorrentes da malha viária de Fortaleza fica ainda mais clara nas oficinas da cidade.

DIAGNÓSTICO AUTOMOTIVO
Suspensão quebrada, motor “batido” e pneus furados. De acordo com o mecânico Antônio Alberto Raulino, que há 49 anos trabalha com automóveis, essas são as principais reclamações dos motoristas. “Todos os dias chegam carros com problemas de suspensão e motor com cálcio hidráulico, que é quando o equipamento aspira água”, explicou. Com as chuvas, tal situação torna-se inevitável nas ruas. “Isso pode inutilizar o motor na hora do impacto entre o carro e o buraco coberto por água”, completou. Na oficina em que Antônio trabalha, no bairro Santa Teresinha, chegam, diariamente, de 10 a 20 veículos.

Os motoristas precisam ser cautelosos. Os buracos causam estragos silenciosos, que acabam sendo identificados quando se agravam ou passam pela revisão. “Estou com um carro aqui na oficina que o motorista achava que o barulho era da descarga solta, batendo no chão. Na realidade, as duas ‘buchas’ do eixo traseiro não funcionam mais”, exemplificou Antônio. O dono do veículo irá pagar, pelo menos, R$ 260 pela peça e mão de obra. “E ele tem sorte que a peça pode ser comprada de forma individual, se fosse a peça inteira, seria três vezes mais caro”, frisou.

ATENÇÃO
Para amenizar os males inevitáveis a qualquer veículo que enfrente o raly das vias fortalezenses, Antônio destacou a necessidade de atenção, calibragem e revisão. Os pneus devem ser calibrados, no mínimo, uma vez por mês. “Mas é preciso estar atento. Com os pneus vazios, o carro pode ser danificado com mais facilidade quando passa pelo buraco”, alertou. A revisão geral do veículo deve ser feita a cada 30 km percorridos. “O impacto com o buraco pode ainda causar vazamento de óleo ou ‘empeno’ da estrutura do carro”, justificou a necessidade da avaliação constante.

Sobre os pneus, Antônio ressalta a durabilidade do equipamento. “Pneus muito baratos, geralmente tem menos lona, o que significa menos proteção. Tem de estar atento ao custo/benefício na hora de gastar dinheiro com seu carro, principalmente na realidade de Fortaleza”, ponderou. “Não tem jeito. O negócio é dirigir devagar e com atenção. Se chover, não arrisque, pare imediatamente. Assim, o prejuízo poderá ser menor”, concluiu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário