Contato

Reportagem especial

Vim ao Cariri. Estou no Juazeiro do Meu Padim. Vou ao Cratinho de Açucar. Não é boa a posição do Bispo Panico em relação ao que maldou do Padre Murilo de Sá Barreto, o sucessor do Padre Cicero. O povo está contra ele. Parte da Igreja tambem. Se rezar a missa do dia 20, é capaz de levar vaia. Anda dizendo que está doente. Ólhe só a reportagem que fiz ontem:

==================================================================
Pe. Murilo - A história desmente a Diocese do Crato
No dia 20 de abril deste ano, dom Fernando Panico, bispo da Diocese de Crato, ao final da missa celebrada em memória da morte do padre Cícero Romão Batista, pediu vivas ao monsenhor Murilo de Sá Barreto, um padre que durante 48 anos, cuidou da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, importante centro de romaria do Nordeste e que cuida da história e dos bens deixados por meu Padim, na terra.

Dia seguinte, dia 21 deste mesmo abril, estourou uma bomba em Juazeiro do Norte. O bispo, o mesmo que pediu viva a Padre Murilo, provocou um mal-estar enorme na diocese, quando anunciou que a venda de um terreno da paróquia, feita pelo padre Murilo, havia sido um erro, que o padre estaria “bilé” por ocasião da negociação. Isso foi em 1995, quando o monsenhor estava em pleno gozo de suas faculdades, até morrer há cinco anos.

A diocese, através do bispo e do ecônomo, foram à Justiça requerer a posse do tal terreno, antes uma invasão que o padre à época, sabendo de sua pouca importância e quase nenhum valor, vendeu por R$2 milhões de reais. A diocese alegou que o terreno valeria R$18 milhões e por isso queria tudo de volta. A cidade de Juazeiro do Norte abriu guerra contra o bispo. Em princípio, com certa cautela, depois, escancaradamente o bispo é xingado em cada esquina, em cada rádio e nos jornais e blogues que tratam do assunto.

Quando estourou a bomba, o jornalista Jota Alcides, publicou extenso documento, sob o título: Bispo do Crato agride memória do padre Murilo. Foi o estopim curto para o galão de combustível à beira do caminho e da história de Juazeiro do Norte. Alcides chegou a sugerir que a morte do Padre Murilo, teria sido antecipada face às agressões que o bispo teria feito ao vigário. Tirou todos os seus poderes, tirou sua paróquia, em resumo, deixou Padre Murilo, 48 anos de zelo e cuidados, olhando para o tempo.

Jota Alcides disse textualmente: Padre Murilo morreu traumatizado pelo bispo. Morto e sem poder defender-se, Padre Murilo, se necessário terá toda uma cidade em sua defesa. Primeiro a documentação passada em cartório, prova que ele tinha plenos poderes para realizar a transação; depois, o proprietário, Francisco Pereira, possui notas fiscais da negociação que ocorreu em duas etapas. A primeira gleba foi adquirida em 1995. A segunda em 1998, envolvendo dois prédios e uma parte em dinheiro.

Nada a declarar
Depois de marcar uma coletiva com a imprensa par explicar as razões de sua postura, dom Fernando Panico, simplesmente não apareceu. Mandou dizer que estava doente e que os advogados da diocese falariam por ele. As afirmações deles e do chanceler do bispado são de que a procuração que o novo proprietário tem é de pouca ou nenhuma validade. A história toma por base que a diocese quer o terreno para promover obras sociais. Em parte dos lotes já vendidos, pois o terreno de 750 mil metros quadrados foi loteado, há dezenas de casas construídas.

Quando o assunto veio a público, a população de Juazeiro do Norte ficou revoltada. O padre Murilo é uma espécie de continuador da obra do padre Cicero e é até hoje, cinco anos passados de sua morte, ele é venerado pela comunidade e pelos romeiros que tanto o conheciam como o admiravam. Todas as autoridades partiram em defesa do ex-vigário. O povo então, nem se fala. “Não se bole com o santo”, afirmam por ruas, praças, calçadas e avenidas da cidade.

Em tom de deboche, seguidores dos ensinamentos do padre Cícero e da generosidade do vigário Murilo Sá Barreto, as pessoas apelidaram o bispo de dom “Dolinha”, porque gostaria tanto de dinheiro que seria capaz de tomar atitude como esta que acaba pondo em cheque a honorabilidade de um dos homens mais sérios de Juazeiro e da diocese em todos os tempos. Sua dedicação triplicou o que padre Cícero deixou em vida para a paróquia e no seu testamento não deixou nada para a diocese.

Documentos
Na verdade, segundo documento postado no livro “Padre Cicero, Entre os Rumores e a Verdade”, de Paulo Machado, uma volumosa coleta de documentos que mostram a vida do meu Padim, em cartório (O avô dele foi o testamenteiro do padre Cicero, em 1923).

Aos 90 anos, pressionado pela cúria diocesana e por autoridades da igreja católica, o padre santo postou um documento onde deixou sim, vários bens para a Diocese do Crato, mas nenhum deles em Juazeiro do Norte, que ele queria ver somente sob a guarda do vigário da Paróquia de Nossa Senhora das Dores.

Outra história que corre célere pela memória religiosa de Juazeiro do Norte, diz respeito à eterna perseguição da Diocese ao padre Cicero. – Ele passou a vida inteira defendendo-se dos ataques da diocese que chegou a o transformar numa vítima em vida, diz um atento seguidor da história do padre Cicero. Aliás, diz-se sempre que “... o padre Cícero era maldito, mas o dinheiro que ele gerava em Juazeiro era sagrado”. Ao que parece a coisa continua agora com o padre Murilo, mas com uma diferença: A perseguição ao padre Cicero foi em vida, ao padre Murilo foi depois de sua morte.

São tantos os documentos postos à disposição da reportagem do Jornal O Estado, que se faz necessário um estudo acurado desse material e uma palavra de dom Fernando Panico, que não foi encontrado para falar em sua defesa e na defesa dos seus interesses. Aliás, o ecônomo da Diocese fez uma auto entrevista, acusando juazeirenses e foi rebatido com firmeza por Paulo Machado, cartorário que, como o padre Murilo, teve seu nome e a história da família posta em dúvida pela autoridade diocesana.

Na sexta-feira próxima, 20, dia da missa em celebração à morte do padre Cicero, serão realizadas passeatas em desagravo a padre Murilo. Uma delas, a reportagem apurou que partirá na Prefeitura de Juazeiro, percorrerá as ruas da cidade, com o povo em silencio e velas acesas. O silencio é em razão de o padre Murilo estar morto e não poder se defender e as velas são uma simbologia para que a justiça, instância em que o caso chegou, seja iluminada pela memória do santo homem. O clima é tenso e o bispo não aparece, “podendo estar viajando”, comentam auxiliares da diocese.

Nenhum comentário:

Postar um comentário