Agricultura - Ceará duplica em cinco anos uso de agrotóxicos

A agricultura orgânica tem como objetivo a produção de alimentos sadios, cultivados sem o uso de produtos químicos, tóxicos. Eles proveem de sistemas agrícolas baseados em processos naturais, que não agridem a natureza e mantêm a vida do solo intacta. As técnicas usadas para se obter o produto orgânico incluem emprego de compostagem, da adubação verde, o manejo orgânico do solo e da diversidade de culturas, que garantem a mais alta qualidade biológica dos alimentos. O produto orgânico é completamente diferente do produto da agricultura convencional, que emprega doses maciças de inseticidas, fungicidas, herbicidas e adubos químicos altamente solúveis.

Este foi o tema discutido ontem, no encontro semanal do Agropacto (Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense), realizado no auditório do Sebrae-CE, onde foram apontados os desafios e os benefícios da produção agropecuária orgânica no Ceará. A abertura da reunião foi feita pelo presidente da Faec (Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará), e coordenador do Agropacto, Flávio Saboya.

A primeira palestra foi ministrada pelo agrônomo, Hermínio Lima, que ressaltou as vantagens e desafios enfrentados pela agricultura orgânica no Brasil e no Ceará. Segundo ele, as vantagens de uma agricultura de base ecológica seriam: o fornecimento de alimentos livres de contaminantes químicos, segurança para os produtores rurais, proteção de mananciais, redução de custos na produção através de reciclagens, e utilização da mão de obra ociosa. Ele explicou que o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos.

RANKING
Maior do Nordeste e quarto do Brasil em quantidade de estabelecimentos que usam agrotóxico, o Ceará dobrou, em cinco anos, a venda de veneno e ampliou em 963,3% a venda de ingredientes ativos para os venenos. O dado faz parte de estudo coordenado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), consta de pesquisa de doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e foi extraído do Censo Agropecuário do IBGE. O problema é que embora isso reflita uma maior atividade agrícola, também representou aumento de casos de intoxicação aguda nas pessoas, em que o agrotóxico é o principal responsável.

Hoje, no estado, a área de orgânicos ocupa um espaço de mais de 20 mil/ha, distribuídos entre as grandes, pequenas e microempresas e agricultores familiares. Os produtos como o caju, castanha, mel de abelha, hortaliça, banana, flores, são os que destacam nesse meio. Somente 1,27% utiliza áreas de uso de agricultura orgânica no Estado. Segundo Hermínio, hoje, encontra produtos orgânicos em feiras semanais, supermercados e lojas especializadas. Ele também aponta os desafios enfrentados, citando a quebra de paradigmas, preconceitos, proteção ambiental, decisão política e na busca constante de uma assistência técnica, especializada, de quantidade e qualidade. Para Hermínio, os produtores têm que ter a consciência de certificarem a qualidade da água, e promoverem uma higienização para o cultivo dos seus produtos orgânicos, evitando, desta, forma qualquer tipo de contaminação.

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