Impasse impede compra de hospital pela Sesa

Por Sara Oliveira
saraoliveira@oestadoce.com.br

A recepção já está pronta, com sofás e balcão de atendimento. Seis salas cirúrgicas, nove leitos e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 198 leitos de internação poderiam estar suprindo a necessidade de atendimento em saúde da Capital. Mas o funcionamento deste hospital, o Boghos Boyadjian, na Aldeota, esbarra em pendências burocráticas. Assim, nenhum dos interessados em comprar o prédio, inclusive a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), podem fazê-lo.

Duas questões são prioritárias ao constatar que o local ainda está de portas fechadas. De acordo com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam), o alvará inicial de funcionamento do local tinha status familiar. A classificação pode ser modificada, tendo em vista que leitos e centros cirúrgicos não agregam características residenciais. Outro fato, porém, parece ser o grande causador do impasse entre legislação e saúde pública.

O hospital foi programado para possuir três entradas, pelas ruas Bárbara de Alencar e Rocha Lima e avenida Rui Barbosa. Esta última tornou-se o grande impasse que frustra tentativas de compra do lugar, que sempre esteve entre promessas municipais e estaduais para desafogar o Instituto Doutor José Fora (IJF) e Hospital Geral de Fortaleza (HGF). A lei de Uso e Ocupação do Solo de Fortaleza considera a via inapropriada para conter um hospital do porte do Boghos Boyadijan.

PROJETO DE LEI NÃO É DISCUTIDO
A Rui Barbosa precisaria ser considerada uma via coletora, ou seja, adequada para atividade residencial, com expansão de atividades de comércio e serviços. Um projeto de lei já tramita há um ano na Câmara Municipal de Fortaleza, expondo a necessidade de avaliação sobre a mudança categórica da avenida. Mesmo diante da necessidade popular de mais uma unidade de saúde na Capital, o projeto nunca esteve em pauta na casa legislativa.

“Eu não consigo entender por que não há sequer a discussão sobre o assunto. Outras ruas, como a Padre Valdevino e Tibúrcio Cavalcante, que são menos comerciais, já são consideradas coletoras”, questionou o proprietário do prédio, o mé dio Boghos Boyadjian. Segundo ele, a intenção ao construir a unidade hospitalar era mantê-la em âmbito familiar, mas problemas de saúde impediram que isto acontecesse.

O primeiro interessado em comprar o hospital foi a Sesa, mas a pendência em âmbito municipal impediu a concretização do negócio. O doutor Boghos Boyadjian disse que “mesmo que outro administrador efetue a compra do lugar, quem ganhará é a população”. O benefício social quanto ao oferecimento de serviços médicos é o que mais interessa em tempos de IJF e HGF superlotados.“Mesmo que o dono seja particular, o pagamento de contribuição e impostos vai direto para os cofres da Prefeitura, o que significa mais ganho para Fortaleza”, considerou o médico. O titular da Sesa, Arruda Bastos, confirmou o interesse em comprar a unidade hospitalar e afirmou esperar que proprietário e Prefeitura resolvam as questões de alvarás de funcionamento. “Assim que tais problemas forem solucionados, o Estado viabilizará a compra do ligar”, frisou.

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