Contato

Comentário geral

Não foi uma dúzia, ou mais ou menos, foram dezenas os que foram à Sereia de Ouro e assistiram ao discurso do crateuense Valmir Campelo, conhecido na terra dele como Antonio Valmir, um dos agraciados, a comentar com este blogueiro parte do texto do texto. - Não era hora nem lugar para a viagem de Campelo, disseram, num resumo às críticas. Havia presentes que poderiam ficar incomodados até com possíveis insinuações, o que não era proposital porque Valmir Campelo não sabia quem iria à festa a não ser próprios convidados. -Houve impertinencia, disse um. - Houve fragilidade de memória, disse outro. Foram, por fim, comentários que, poderiam nem existir se o sereiado - que falou em nomes de todos (?) não tivesse bulido no assunto. Leia...

"Antes de encerrar, permitam-me falar ligeiramente sobre um tema que incomoda tanto esta região - a desigualdade -, porquanto é matéria que tem muito a ver com a defesa do interesse coletivo, virtude que hoje está sendo homenageada com o "Troféu Sereia de Ouro".

Creio ser impossível desvincular tal problema da crise de valores sem precedentes que vivemos no País, marcada pelo abuso de funções públicas para fins particulares, com as exceções de praxe, configurando uma das mais graves e urgentes questões que a sociedade brasileira deverá enfrentar.

Como disse o professor José Pastore, "os corsários da atualidade, como os piratas da antiguidade, seguem a ´ética da aventura´. Usam a audácia para assaltar o povo, jogando os custos nas costas dos trabalhadores [e dos empresários sérios e honrados]. Haja impostos para sustentar suas aventuras!"

De fato, os aventureiros de hoje passam por cima do espírito de patriotismo da esmagadora maioria da população, tudo em nome da devastadora ideia de que os fins justificam os meios.

Com seu condenável modo de proceder, pisoteiam sem nenhum escrúpulo, não só as organizações que produzem honestamente, gerando empregos na economia, a exemplo do Grupo Edson Queiroz, como também os que lutam para sobreviver com decência e dignidade, os verdadeiros humilhados e ofendidos nessa história sórdida, a gente humilde da canção de Vinícius de Moraes e Chico Buarque, que faz com que o peito se aperte, dando inveja "feito um despeito de não ter como lutar". Essa gente "que vai em frente sem nem ter com quem contar". "É gente humilde que vontade de chorar".

A reflexão em torno do tema nos conduz à impressão de que o crime disseminado perde a importância e não estigmatiza os que o praticam, tornando sem referência a simbologia que coloca o estado de direito como condição da vida civilizada. A crença na impunidade fermenta o ímpeto transgressor.

A morosidade processual acentua a ganância daqueles que se consideram fora do alcance da lei, optando pela devassidão do vale tudo que corrói a esperança de um futuro baseado em valores positivos, como a dignidade, a grandeza de caráter, o amor à causa pública e o empenho em favor do progresso da Nação, sobre os quais se deve soerguer a organização social e humana dos povos que se desejam prósperos.

Alguém já disse que o homem, como todas as espécies, é um empilhamento de instintos. E se hoje aflora no Brasil a corrupção, e enfim a opinião pública e a imprensa a identificam e a combatem, talvez seja porque está começando a emergir o mais primitivo dos nossos instintos: o de sobrevivência.

Para o bem situar essa preocupação que deve ser de todos, relembro os dizeres de quase 100 anos atrás, da filósofa russo-americana Ayn Rand, judia fugitiva da revolução russa, que chegou aos Estados Unidos na metade da década de 20, mostrando visão e conhecimento de causa. Disse ela:

"Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada;

Quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores;

Quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você;

Quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício;

Então poderá afirmar, sem temor de errar, que a sua sociedade está condenada".

Nenhum comentário:

Postar um comentário