A imprensa brasileira e o câncer de Lula

Do Estadão:

Ao repercutir o câncer do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a revista britânica Economist publicou uma análise na qual compara o tratamento da imprensa dado à doença de Dilma e Lula com a do presidente venezuelano Hugo Chávez. O episódio, segundo a Economist, mostra o contraste entre os dois principais governos de esquerda da América Latina e diz ainda que seria difícil Lula fazer como Chávez, que tentou ocultar a doença, por conta da “persistente” imprensa brasileira.

O artigo lembra que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, tentou manter em sigilo seu diagnóstico de câncer no início deste ano. Ao comentar os casos no Brasil, tanto do câncer de Lula como de Dilma em 2009, a revista destaca que a divulgação foi imediata. Segundo a reportagem, o ex-presidente não conseguiria esconder a doença por conta da “imprensa persistente” do Brasil.

Para a Economist, a reação da imprensa ao câncer de Lula derruba a teoria de que Dilma estaria “guardando lugar” para Lula voltar em 2014. Dilma “teve um início confiante como presidente, derrubando ministros envolvidos em escândalos e colocando sua própria marca no governo”. A estratégia agradou a eleitores de classe média, que viam Lula como alguém conivente com a corrupção. Para a revista, Dilma “parece com uma presidente, mais do que alguém fingindo ser um de vez em quando”. “A doença de Lula poderia acabar com as dúvidas sobre se a Sra. Rousseff é senhora de si.”

De acordo com o artigo, Lula será tratado por um “time de primeira ordem” do Hospital Sírio Libanês. O texto afirma que, embora pareça meio rude falar de política em meio ao assunto, mas que é “exatamente o que acontece quando a principal figura política da década passada, que muitos esperam que possa fazer um retorno em algum momento, fica doente”.

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