Contato

Fotografia é história


Brasília, capital do Brasil, quarta-feira, 7 de dezembro de 2011. Palácio do Planalto, 10.27hs. Estação Rodoviária, 12.39hs.

Como foi A profissão de jornalista permite olhares díspares e sem muita firula sobre o mesmo tema. Na semana passada eu estava no segundo andar do Planalto cobrindo o lançamento do programa Crack, é possível vencer esse vício. Um belo, aliás, projeto que o governo elaborou para combater o uso de drogas. Na verdade, pensando bem, cerimônia perfeitamente dispensável. Durante quase duas horas ouviu-se discursos cheios de palavras e expressões bem pronunciadas pelas autoridades responsáveis pela execução do plano: "combinação de esforços... conjugação de convenções... técnicas especiais de combate ao crime... enfrentamento permanente... visão de autoridade... capacitação tecnológica... trabalho estratégico... integração de polícias... centro de monitoramento... adequação da legislação... aprimoramento da vigilância... resultados e conseqüências..." etc. Muito provavelmente, quando for executado, poderá ser eficiente. Pois bem, assim que terminou a festa, indo para o almoço, passei um quarto de hora depois pela rodoviária de Brasília, distante três quilômetros do Palácio. Colhi pelo menos vinte cenas idênticas a essa aí da foto. Eu disse pelo menos vinte. Todas assustadoras. Dezenas de jovens, meninas e meninos, maiores e menores de idade a consumir todo tipo de entorpecentes, pedras de crack, cigarros de maconha, cola tóxica e fileiras de cocaína. Isto ao ar livre, à luz do dia, sem a menor preocupação, ao alcance de qualquer olho. Impressionante! Igualmente impressionante é ter visto também um carro-patrulha da PM do Distrito Federal estacionada a poucos metros desse cenário com os policiais batendo papo. Possivelmente esperam que os traficantes entrem no camburão por livre e espontânea iniciativa.
Orlando Brito

Nenhum comentário:

Postar um comentário