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Reportagem especial


De olho em Sobral

A cidade atrai pessoas e torna a demanda por imóveis maior que a oferta


Ticiane Prado
Da Redação
Sobral é peculiar, mesmo com referências estéticas de outros países, como é o caso do monumento que reproduz o icônico Arco do Triunfo de Paris, a cidade desponta no mapa cearense. Quem é natural da região, ou adota para morar, desenvolve um apurado senso de lealdade, sem deixar de lado o bom humor. Por ser um local deveras quente e muitas vezes chamado de “Sunbral” (uma paródia que mistura a palavra inglesa “Sun” que significa sol com o nome da cidade) ou mesmo Solbral, a cidade continua a causar burburinho. Só que dessa vez pela forte demanda imobiliária. O desenvolvimento do lugar chama atenção dos investidores e especuladores. Construtoras e imobiliárias já se encaminham para a região e ganha mais quem chegar à frente.
VALORIZAÇÃO NO PREÇO 
DOS IMÓVEIS
O mercado imobiliário em Sobral tem registrado uma importante expansão. Há muita demanda e pouca oferta. As pessoas que procuram por moradia na cidade costumam achar os valores dos imóveis muito altos. Em contrapartida, os agentes do mercado informam que a cidade vive um período de transição, onde o “caro” pode ser analisado como um processo de valorização do setor.
“Está caro, é o que muita gente diz. Nós corretores até brincamos de que o japonês chegou em Sobral, só ouvimos “Takaro”. Mas não está caro, está valorizado. Em comparação com Fortaleza, estamos trabalhando com a metade do preço, 50% é o valor de um imóvel em Sobral se comparado com o da Capital.
Para a região é um valor alto, porque as pessoas não eram acostumados com isso. É uma coisa que Sobral não vivia. É um fenômeno de valorização”, explica o corretor Hamilton Cavalcante que agora reside e tem uma imobiliária no local.
O aluguel é considerado uma transação rentável. Uma quitinete é alugada, em média, por R$ 500 a R$ 600, fora condomínio. Existem imóveis no centro de Sobral alugados até por R$ 20 mil. E não são prédios, são casas.
Nós últimos anos Sobral teve uma grande quantidade de oferta de emprego. Isso faz com que as pessoas procurem a região em busca de moradia e ainda é somada pelo fato de ser uma cidade universitária, atraindo grande quantidade de estudantes em busca de residência. A demanda é maior que a oferta. E isso explica a elevação nos preços.
SOBRAL MOSTRA POTENCIAL
De algumas décadas pra cá, Sobral tem apresentado nova dinâmica, incremento de atividades secundárias a terciárias na sua economia. Com mais de 200 mil habitantes, a cidade se destaca como rede urbana cearense não só pela quantidade populacional, mas, sobretudo pelas atividades industriais e de serviços que a tornam uma “capital regional” para onde converge a população de cerca de 50 municípios do norte do Ceará.
A instalação de grandes indústrias como a Fábrica de Cimento Portland e a Grendene, tem influenciado na expansão do comércio e de serviços e redefinido o papel de Sobral que passou a atrair mão de obra qualificada, como técnicos, engenheiros, professores universitários, que somam a classe média e empresários já existentes no que provoca um aumento no poder de consumo da população e consequentemente interfere para o bem do comércio. Em 1998, a revista Veja a classificou como uma das 10 melhores cidades de interior brasileiro. Em 2000, a revista Exame a colocou como uma das 30 melhores cidades para viver no Brasil.

Um levantamento realizado pela revista inglesa FDI, do prestigiado grupo Financial Times, indicou Sobral como uma das 10 pequenas cidades das Américas com a melhor relação custo-benefício para investidores estrangeiros. Seu mais recente estudo, American Cities of the Future 2011/2012 (“Cidades Americanas do Futuro”, em português), explorou informações sobre as Américas Anglo-saxônica e Latina. E, na categoria Melhores Cidades em Relação Custo-Benefício, com população entre 100 mil habitantes e 250 mil, Sobral figura em sexto lugar.
Foram avaliados: Potencial Econômico, Recursos Humanos, Relação Custo-Benefício, Qualidade de Vida, Infraestrutura e Facilidade para Negócios. Cada uma dessas categorias tinha critérios específicos a serem analisados pela comissão julgadora.
Na categoria em que Sobral obteve a sexta colocação, por exemplo, os critérios analisados foram: Salário médio anual de um trabalhador não qualificado; Salário médio anual de um trabalhador semiqualificado; Salário médio anual de um trabalhador qualificado; Média anual de aluguel do escritório de uma localização privilegiada no Centro da cidade; Média da renda anual para uma fábrica/unidade industrial, em uma localização privilegiada; Preço médio de uma casa de três quartos; Custo da eletricidade; preço do quarto do hotel 3 estrelas/4 estrelas; Preço da gasolina; Salário mínimo; Custo de registro de propriedade; Custo para exportar; Custo para importar; Custo da criação de uma empresa; Impostos estaduais; e Impostos federais.
SOBRAL COMO FOCO DOS INVESTIDORES
Ainda de acordo com o corretor Hamilton Cavalcante, todos os investidores passaram a olhar para a cidade. “Sobral esta tendo desenvolvimento no pólo metal, mecânico. Vão chegar indústrias que vão fabricar caminhões de caçamba mecânica, caminhões de bombeiros, micro-ônibus, tudo isso a partir desse ano. A cidade começou a ser focada pelos investidores, construtoras estão se encaminhando para a região. E a população já aguarda ansiosamente pelo primeiro Business Center: Dr. João Evangelista Business Center que foi todo comercializado num período recorde. O Projeto desenvolvido desde 2009 é uma torre comercial com salas comerciais e lojas. Serão 200 salas e 171 lojas.
SOLUÇÃO
Existe uma demanda reprimida de imóveis comerciais e residenciais. As pessoas precisam dividir apartamentos por conta da escassez de moradia. “Chega a morar quatro pessoas num mesmo apartamento. Isso tanto o trabalhador como o estudante”, confirmou Hamilton. E ainda acrescenta “Se for construído casas financiadas pela Caixa tudo seria vendido rapidamente. Estamos fazendo trabalho de pesquisa com os terrenos para isso”, revela o corretor.
Outra solução é: Verticalizar a cidade. “Nós estamos trabalhando nesse sentido, a cidade não tinha cultura de verticalização. Tudo é plano. Estamos com a prefeitura vendo áreas que podem ser verticalizadas”, contou o corretor. Há projeto de prédios com 14 andares, a maior altura permitida em Sobral. A ideia é que na Copa do Mundo a cidade esteja verticalizada.

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